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As Religiões em Categorias

Essa postagem servirá para alimentar a curiosidade e possibilitar reflexões mais profundas acerca do universo das religiões. Não aprofundarei o assunto de momento, mas acho interessante que todos os leitores criem uma espécie de mapa das religiões, sabendo onde encaixar cada segmento religioso e, dessa forma, facilitar a interpretação de seus fundamentos e razões de ser. Boa leitura!

Para essa postagem farei uso do livro "Religiões, Crenças e Crendices", de Urbano Zilles, EdiPUCRS, 2012, que resume extremamente bem o pensamento religioso da humanidade e o aplica especialmente no contexto religioso brasileiro de nossos dias. Segundo esse livro, podemos dividir a natureza da fé em onze categorias gerais, sendo elas:
a - Agnosticismo: tal natureza de fé considera impossível que a mente humana e os demais recursos do mundo natural compreendam a existência ou não de uma realidade espiritual. Tudo o que não pode ser compreendido racionalmente é considerado incerto, incógnito.
b - Politeísmo: em oposição ao monoteísmo, o politeísmo aponta para a existência de diversas divindades. Geralmente há uma hierarquia no panteão divino.
c - Monoteísmo: aponta para a existência de um único Deus, transcendente e pessoal. Não existe nenhuma outra divindade possível nesse sistema.
d - Dualismo: crê na coexistência de duas forças antagônicas, uma do bem e outra do mal. O universo é regido por esses dois princípios.
e - Panenteísmo: afirma que tudo está em Deus. Deus e o mundo não são idênticos, mas o mundo é um modo de existir de Deus, uma forma de Deus se manifestar.
f - Panteísmo: afirma que Deus é "um e tudo". Identifica, total ou parcialmente, Deus com a natureza ou esta com Deus. Está presente também em muitas filosofias.
g - Henoteísmo: nesse sistema se cultua apenas um Deus, mas não se exclui a possibilidade de outras divindades existirem.
h - Teísmo: fala de um Deus transcendente ao mundo, mas que age nele através da humanidade. Opõe-se ao ateísmo, ao panteísmo e ao deísmo.
i - Deísmo: aceita a existência de Deus, mas rejeita toda a espécie de revelação divina. Tal divindade é frequentemente destituída de qualidades intelectuais e morais, sendo incapaz de conservar o mundo e revelar-se ao homem.
j - Ateísmo: dispensa qualquer forma de crença em Deus. Interpreta o mundo sem recorrer à existência de Deus ou negando abertamente que Ele exista. Frequentemente procura diminuir Deus com o objetivo de evidenciar a impossibilidade de encontrá-Lo ou reforçar o senso de liberdade humana.
k - Animismo: adora espíritos que supostamente habitam em árvores, montanhas, poços, fontes sagradas, animais ou pedras esculpidas de modo especial. Considera todos os seres da natureza dotados de vida ou espírito e afirma que todos possuem uma finalidade para a sua existência.

Essas são as definições gerais das naturezas de fé. Através de uma análise científica e filosófica acurada, geralmente o indivíduo fica num impasse entre o ateísmo e o teísmo (monoteísta) - e é principalmente entre essas duas correntes que os mais extensos debates sobre a religião ocorrem. Como cristão conhecedor das Escrituras, me entristeço ao ver muitos supostos cristãos agindo como henoteístas, panteístas, animistas ou politeístas - nenhuma dessas correntes, frequentemente presentes em heresias e seitas, possui o menor respaldo bíblico. Certo, analisadas as formas de fé mais genéricas, podemos afunilar para as categorias das religiões do mundo, que são seis:
1 - Religiões Primitivas (não tratarei dessas, que se resumem no animismo, totemismo, etc).
2 - Religiões Sapienciais.
3 - Religiões Proféticas.
4 - Religiões Espiritualistas.
5 - Místicas Filosóficas.
6 - Superstições.

2 - Religiões Sapienciais:
Resume todo o tipo de religião que se baseia na sabedoria humana e na experiência de vida. Geralmente as religiões dessa categoria mostram ao homem um caminho a seguir - o homem desenvolve uma jornada em busca do Paraíso. Quase sempre se enaltece a meditação, as ascese, a contemplação e o autoconhecimento. Dentro dessa categoria não raramente ocorre uma confusão sobre o que é filosofia e o que é religião. Segue a lista das religiões desse tipo:
a - Hinduísmo (Séc. XV a.C.)
b - Budismo (Séc. VI a.C.)
c - Jainismo (Séc. VI a.C.)
d - Taoismo (Séc. VI a.C.)
e - Confucionismo (Séc. VI a.C.)
f - Xintoísmo (pré-história)
g - Igreja Messiânica Mundial (Séc. XX)
h - Perfect Liberty (Séc. XX)
i - Arte Mahikari (Séc. XX)
j - Hare Krishna (Séc. XX)
k - Moonismo (Séc. XX)
l - Meditação Transcedental (Séc. XX)
m - Ananda Marga (Séc. XX)

3 - Religiões Proféticas:
São as religiões que têm como origem um profeta, alguém que comunicou a revelação recebida de Deus. É interessante notar que todas as religiões proféticas do mundo, em maior ou menor grau, consideram a sua origem (ao menos alguns de seus fundamentos mais primitivos), na pessoa de Abraão - levando em conta todas as crenças que brotaram das religiões maiores que, por sua vez, encontram no Patriarca a semente da sua fé. Das religiões proféticas, praticamente todas brotaram de três crenças principais: o judaísmo, mais antigo monoteísmo da história, o cristianismo, como uma continuação bastante precisa da revelação veterotestamentária, e o islamismo, o movimento mais tardio dos três, que reinterpretou tanto o Velho, quanto o Novo Testamento, para compactuar com sua proposta. Segue a lista das Religiões Proféticas:
a - Judaísmo
b - Samaritanos
c - Islamismo
d - Babismo e Bahai
e - Cristianismo
f - Igreja Católica
g - Igrejas Cristãs Orientais Antigas
h - Igrejas Ortodoxas
i - Igreja Valdense
j - Igreja Luterana
k - Igreja Reformada ou Calvinista
l - Igreja Vétero-Católica
m - Igreja Católica Apostólica Brasileira
n - Menonitas
o - Igreja Batista
p - Igreja Metodista
q - Adventista
r - Pentecostal
s - Congregacionista 
t - Quaker
u - Exército da Salvação
v - Irmãos Cristãos
x - Ciência Cristã
z - Igreja do Evangelho Quadrangular
a,2 - Congregação Cristã do Brasil
b,2 - Assembléia de Deus
c,2 - Igreja Pentecostal o Brasil para Cristo
d,2 - Legião da Boa Vontade
e,2 - Igreja Deus é Amor
f,2 - Igreja Universal do Reino de Deus
g,2 - Meninos de Deus
h,2 - Santo Daime
i,2 - Templo Manjedoura do Nazareno
j,2 - Testemunhas de Jeová
k,2 - Mórmons
l,2 - Satanismo

4 - Religiões Espiritualistas:
São todas aquelas que têm como fonte a revelação dos espíritos. Temos duas mais gritantes no Brasil:
a - Espiritismo Kardecista
b - Religiões Afro-Brasileiras

5 - Místicas Filosóficas:
Resume todo o tipo de opção de vida que assume caráter religioso, uma forma de crença. Segue a lista:
a - Gnosticismo
b - Ordem Rosa-Cruz
c - Teosofia
d - Antroposofia
e - Cabala
f - Nova Era
g - Seicho-No-Ie
h - Maçonaria
i - Cientologia

6 - Superstições:
Podem ser entendidas como o falso culto prestado a Deus ou o excesso de religião. Apresenta-se sob variadas formas:
a - Superstição
b - Magia
c - Quiromancia
d - Tarô e Cartomancia
e - Astrologia e Horóscopo

Minha análise (aproveite para fazer a sua):
Todos sabemos que o Mundo Ocidental é, tradicionalmente, tomado por Religiões Proféticas, especialmente o judaísmo e o cristianismo, em suas mais variadas formas. Praticamente todos os ocidentais se consideram cristãos, mas temos visto um crescente sincretismo, com a adoção massiva de conceitos de Religiões Sapienciais e Espiritualistas, como forma de suprir as necessidades emocionais e espirituais pertinentes ao nosso tempo e que as religiões tradicionais não estão sendo capazes de sanar. Quando a instituição Profética se torna fria, distante da realidade de seus fiéis, aquela antiga mensagem revelada ao profeta acaba se mostrando antiquada, confusa e insuficiente, abrindo brechas para uma busca individualista por crescimento espiritual. Note que, enfraquecendo-se a palavra do profeta e criado o ambiente de anseio por respostas e paz, o indivíduo quase que certamente irá procurar solucionar suas mazelas com as próprias mãos, ou seja, por vias puramente humanas, com base naquilo que o homem consegue controlar ou experimentar: é nisso que as religiões sapienciais e espiritualistas tomam força, uma vez que pregam um caminho que o homem pode percorrer com base em qualidades que ele possui ou em forças que ele pode invocar e discernir com os sentidos. Note que muitas igrejas supostamente cristãs têm se espalhado com características assim, pregando que o fiel, ao se enveredar no seu estilo de vida, irá encontrar riquezas, paz e salvação. Nisso também cresce o ateísmo.

As Religiões Sapienciais propõe um caminho pelo qual o fiel deve seguir para achar o Divino. As Religiões Proféticas se baseiam nas mensagem do profeta, tradicionalmente consideradas advindas da mente do próprio Deus. As Religiões Espiritualistas possuem sua base de autoridade nas palavras dos espíritos. As Místicas Filosóficas sacralizam costumes e pensamentos humanos. As Superstições podem ser consideradas como remanescentes das Religiões Primitivas, com poder emanando de objetos, astros e diversas outras criaturas. As Religiões Sapienciais, Espiritualistas, Filosóficas e as Superstições consideram o homem capaz de atingir a Plenitude por conta própria, obedecendo às regras do jogo e manipulando os recursos materiais e espirituais do universo. Em essência, todas elas se combinam: é do homem que parte o poder ou, se não o poder, pelo menos a iniciativa - são todas, sem exceção, bastante humanistas: é o homem o centro da fé, é ele que percorre o caminho e manipula o universo para conquistar, por mérito, a Glória. Essas religiões se combinam tanto, nos fundamentos, que quase todos os seus adeptos costumam afirmar: "todos os caminhos levam a Deus", que "basta fazer o bem". Ou seja: quase nenhuma delas faz uso de um discurso exclusivista, do tipo: "fora desse sistema não há salvação". É esse tipo de pensamento otimista que o homem gosta de ouvir - é muito fácil seguir qualquer crença desse tipo. Alguns poderiam citar o hinduísmo como exceção, mas tal religião é tão descentralizada que muitos acham melhor considerá-la no plural: "os hinduísmos". São quase quatrocentas milhões de divindades e uma absurda quantidade de pensamentos doutrinários - muitos, inclusive, antagônicos entre si, em teoria incapazes de coexistir. Mas coexistem nesse emaranhado de deuses particulares, crenças e mitologia.

De todas as categorias a única realmente diferente é a das Religiões Proféticas. É o único sistema verdadeiramente teocêntrico: o homem é absolutamente incapaz de atingir a divindade por seu próprio esforço e entendimento, sendo Deus quem precisa se revelar e aproximar-se do ser humano. Uma peculiaridade já citada é que basicamente todas as Religiões Proféticas partem da mesma raiz histórica: Abraão. Não existe nenhuma concordância histórica entre as religiões das demais categorias, resultantes exclusivamente da experiência humana moldada pelo contexto histórico, cultural e geográfico. Sendo Abraão a raiz histórica das Religiões Proféticas, podemos entender que a Torá é o livro mais fundamental desse segmento religioso e que o judaísmo foi a primeira experiência profética da história humana de que temos conhecimento. Já na Torá presenciamos o mais característico aspecto das Religiões Proféticas: Deus precisou se revelar porque o Seu padrão moral é tão perfeito que o homem jamais conseguiria absorvê-lo em sua experiência entre si e com o mundo natural. Uma rápida leitura da Lei já é suficiente para mostrar a profundidade da moral Divina, absolutamente inatingível para o homem comum - o que, por si só, justifica a necessidade de Deus se revelar. O homem jamais conseguiria atingir Deus com base em si mesmo. Isso afasta tremendamente as Religiões Proféticas de todas as demais formas de religião.

Dos três pilares religiosos mais comuns das Religiões Proféticas (Judaísmo, Cristianismo e Islamismo), dos quais brotaram quase todas as formas de religiosidade profética que hoje temos, o mais singular, sem dúvida, é o cristianismo. O cristianismo tem como fundador uma figura histórica que conserva em si mesma a excelência moral, sapiencial e espiritual, sendo vastamente considerada o maior revolucionário (*1), líder, educador e psicólogo de todos os tempos. São cerca de 24 mil manuscritos antigos do Novo Testamento relatando a Sua existência (alguns desses documentos datam de vinte a trinta anos depois de Sua Ressurreição), mais de 86 mil citações antigas dos Pais da Igreja sobre o Novo Testamento e uma porção de citações sobre Sua pessoa da parte de historiadores e líderes antigos (*2). Os cristãos, sem alterar o texto veterotestamentário, conseguiram encontrar todas as evidências possíveis para ver em Cristo o ápice da história humana: a Lei mostrou que o homem comum é absolutamente incapaz de suprir o padrão moral de Deus, mas não apresentou uma solução clara para esse problema, de modo que havia uma expectativa messiânica de libertação física e espiritual, como bem relata Isaías 53. Cristo era necessário para cumprir a Lei, sem Ele não faria sentido Deus revelar o Seu padrão moral: seria irônico mostrar ao homem o quão errado e condenado ele está se não fosse para apontar uma solução - provocaria uma angústia gratuita, uma vez que, sem nenhuma salvação, seria melhor nem tomar consciência da insuficiência humana. No mais, foram identificadas cerca de 300 profecias messiânicas veterotestamentárias que se cumpriram em Cristo (*3), o que cria uma sequência perfeita, enquanto surpreendente, entre o Velho e o Novo Testamento e entre o judaísmo e o cristianismo.

Digamos que, se houvesse um caminho para o homem percorrer para chegar até Deus, Jesus cobriu, sendo Ele moralmente perfeito e, portanto, compatível com o Pai, igualmente perfeito. Com status divino, o Deus Encarnado veio ao encontro do homem, não apenas em revelação moral e verbal, mas em carne e osso. Na verdade, Deus preparou o homem com uma revelação escriturística e, então, fez-se presente através de uma figura histórica - poucos entenderiam a necessidade da vinda de Cristo se não tivesse sido criada uma expectativa antes dela (*4). A experiência e a teologia cristãs posteriormente evidenciaram outra singularidade do cristianismo: enquanto as demais formas de religião apontam para o poder que, partindo do imperfeito homem, possibilitava a sua ascensão até a Perfeita Divindade, o cristianismo prega que, tendo Cristo feito o homem aceitável para Deus, o Espírito Santo pode habitá-lo e, assim, o próprio Deus está no homem, não mais em prédios, livros, músicas, magos ou rituais (*5) - aí é Deus no homem que mantém o homem perto de Deus. Nesse caso, o homem chega até Deus sem ao menos ter saído do lugar - é o Eterno que, por pura Graça, toma o homem para si sem que ele tenha mérito algum, até porque o homem, imperfeito, nunca poderia obter qualquer espécie de mérito diante de Deus, Perfeito. Faço questão, ainda, de afirmar que o cristianismo é a única religião do mundo que tem como origem histórica eventos inquestionáveis, não palavras e vislumbres imaginativos, mas a morte, a ressurreição e a ascensão da pessoa histórica chamada Jesus (*6).

Alguns séculos depois do cristianismo surge o islamismo, atualmente a segunda maior religião do mundo (sabemos que o cristianismo é a primeira). O islamismo se considera uma continuação da Torá, do Antigo Testamento, embora não possua muitas afinidades com as Escrituras veterotestamentárias e seja bem menos compatível com o Antigo Testamento do que o Novo Testamento cristão, com quem em parte rivaliza e em parte compactua. Várias reinterpretações islâmicas da história veterotestamentária comprovaram-se arqueologicamente insustentáveis (*7) e a posição do fiel perante Deus, Alá, é praticamente idêntica ao que o Antigo Testamento já considerava: ele continua refém de uma série de leis. Na verdade, a salvação do muçulmano ainda é baseada no mérito, ou seja, apesar da revelação divina, é o homem que, cumprindo as prescrições da divindade e pertencendo à comunidade religiosa garante o seu lugar no Paraíso. Nesse sentido, o islamismo não satisfaz adequadamente as expectativas geradas pelos escritos judaicos.

Como conclusão, verificamos que, das Religiões Profetas, a única realmente pura e plena é o cristianismo: havendo necessidade de revelação divina em todas, o judaísmo evidencia a incapacidade humana de atingir o Divino e o islamismo enaltece tal capacidade, enquanto o cristianismo conclui o judaísmo e se opõe ao islamismo, afirmando que, além de ser necessário que Deus se revele ao homem, é necessário que o Altíssimo se aproxime do ser humano, pois, se o homem é incapaz de perceber o Eterno adequadamente (carecendo da Sua revelação), também é incapaz de chegar até Ele por conta própria.

Natanael Pedro Castoldi

Referências:

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