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Os Textos Bíblicos de João

Algumas das maiores polêmicas do Novo Testamento residem na real autoria dos livros tradicionalmente atribuídos ao apóstolo João - muitos consideram que o João que escreveu o Evangelho que carrega o seu nome foi o mesmo que escreveu as três epístolas (1, 2 e 3 João) e Apocalipse, enquanto outros atribuem uma parte da obra para o Apóstolo João e outra parte para um tal de João, Ancião de Éfeso. Diante disso, nos cabe refletir sobre a autoria das cinco obras citadas, analisando também as possíveis datas de redação para esse documentos.

1 - A redação do Evangelho de João:
Como já tratei desse tópico noutra postagem, não me parece necessário produzir um texto novo. Você pode ler a reflexão completa na seguinte postagem: Os Evangelhos - Autoria, Data e Confiabilidade. Mesmo assim, acho pertinente ressaltar alguns pontos do texto (as fontes estão no link acima):

Autoria:
A leitura do evangelho nos dá algumas evidências de quem foi o seu autor: ele era um judeu acostumado a pensar em aramaico, mesmo tendo escrito em grego - há muitas palavras hebraicas ou aramaicas inseridas nele, indicações da expectativa messiânica do povo judeu (1:19-28), conhecimento sobre a relação entre os judeus e os samaritanos (4:9) e a posição exclusivista do judaísmo (4:20), além de ele demonstrar familiaridade com as festividades judaicas; era um judeu palestino - há descrições muito precisas de Jerusalém e dos arredores (9:7; 11:18; 18:1), e familiaridade com as cidades da Galiléia (1:44; 2:1) e com o território de Samaria (4:5, 6 e 21);  o autor foi testemunha ocular dos eventos descritos - 1:14 e 19:35; ele observou detalhes, colorindo a narrativa como apenas uma testemunha muito observadora poderia fazer - Jesus sentando no parapeito do poço (4:6), o número e o tamanho das talhas nas bodas de Caná (2:6), o peso e o valor do perfume que Maria derrubou sobre os pés de Jesus (12:3-5) e os pormenores do julgamento de Cristo (caps 18-19). Certamente o autor de João andava com Jesus desde o começo do Seu ministério, uma vez que começa sua narrativa em momentos anteriores a todo o relato dos sinóticos; é muito provável que tenha pertencido ao grupo de discípulos que menciona; conforme o último capítulo, deve ser identificado como "o discípulo a quem Jesus amava", íntimo colaborador de Pedro e que estivera muito perto de Jesus na Última Ceia (13:23), no julgamento (18:15-16) e na cruz (19:26-27) - evidentemente um companheiro muito íntimo de Jesus. Como Tiago morreu muito cedo (At 12:2) e Pedro, Tomé e Filipe são sempre mencionados na terceira pessoa, nenhum deles poderia ser o autor desse livro - mesmo que o autor não tenha deixado seu nome explícito, sabia que seus primeiros leitores teriam certeza de quem ele era e João, filho de Zebedeu, é a melhor alternativa.

João era filho de um pescador chamado Zebedeu e de Salomé, provavelmente irmã de Maria, mãe de Jesus (Mc 1:19-20, 15:40; Mt 27:56; Jo 19:25). Ao crescer, João foi sócio de seu irmão, de André e de Pedro na pesca. Possivelmente foi discípulo de João Batista, nesse caso sendo o companheiro de André em João 1:40 e, portanto, acompanhou Jesus desde a sua primeira viagem pela Galiléia e, posteriormente, deixou da pesca para ir com ele em definitivo (Jo 2:2; Mt 4:21-22). São muitíssimos os eventos que João partilhou com Jesus: esteve com Ele em Jerusalém desde o início do ministério na Judéia; talvez a entrevista com Nicodemos tenha se dado em sua casa; posteriormente participou da Missão dos Doze (Mt 10:1-2); Jesus chamou João e André de "filhos do trovão" (Mc 3:17), indicando seu caráter explosivo, que fica explícito quando João repreende o homem que expulsava demônios, mas não seguia com eles (Lc 9:49) ou quando deseja que caia fogo do céu por sobre as aldeias samaritanas que não receberam Jesus (Lc 9:52-54) - tais comportamentos foram trabalhados por Cristo. Na Última Ceia, sentou em lugar de destaque (Jo 13:23); no julgamento, obteve acesso ao tribunal no sumo sacerdote, pois era seu conhecido (18:15-16); existe a possibilidade de que ele tenha sido representante em Jerusalém de sociedades de pesca de seu pai e, assim, se relacionado com todas as casas notáveis da cidade; é evidente que presenciou o julgamento e morte de Jesus e assumiu a responsabilidade por Sua mãe (19:26-27); João, ainda, andou com Pedro nos dias do funeral de Cristo e foi, junto com ele, um dos primeiros a ver o Túmulo vazio (20:8).

O epílogo desse evangelho sugere que o autor viveu por muito tempo depois do começo da Era Cristã, caso contrário não seria necessária qualquer explicação sobre a sua longa existência. Com base na sua biografia, vemos que João era veemente, que dedicou-se inteiramente a Cristo, tendo sua personalidade rude substituída pelo amor de Jesus, mas, mesmo assim, em toda a sua obra ainda exprime o ímpeto de sua natureza, quando, por exemplo, fala das censuras de Jesus aos incrédulos (8:44) ou chamando-lhes de "filhos do Diabo" (1 Jo 3:10).

Data:
Discutiu-se a data desse evangelho de 40 até 140 d.C., não podendo ser mais tardio que o Diatessaron, de Taciano, escrito em meados do Século II. O fragmento de Rylands, que preserva uma parte do evangelho de João (18:31-33, 37 e 38), deixa evidente que esse documento já estava em uso, no mínimo, na primeira metade do Século II - sabendo que tal papiro fora encontrado no Egito e data de 135 d.C., entendemos que algumas décadas devem ter sido necessárias entre a redação original, a sua cópia e a sua circulação até um ponto tão distante quanto o Egito, encaixando o evangelho como advindo de 89-90 d.C. Alguns, também, sugerem que tenha sido escrito antes da destruição do Templo em 70 d.C., isso com base no texto de João 5:2. As descobertas de Qumran confirmaram a autenticidade do contexto e do padrão de raciocínio judaicos observados no livro. A data mais clara para a redação de João fica entre 85 e 90 d.C.

O Apóstolo João e o Ancião de Éfeso:
Papias, citado por Eusébio, é a nossa fonte mais antiga sobre a autoria desse livro. Eusébio, ao interpretar Papias, alude a João, um dos discípulos do Senhor, e também a um ancião chamado João, discípulo de Jesus, concluindo que se tratavam de duas pessoas diferentes. Não podemos analisar o texto de Papias, apenas de Eusébio, mas é provável que ele tenha entendido errado as informações do antigo cristão: não há nenhuma razão para crer que um apóstolo não pudesse ser chamado de ancião - Papias parece ter se referido a João duas vezes, uma como presbítero e outra como discípulo, como fizera com outras figuras. A confusão se dá com a sugestão de que fora o "João ancião" o autor do evangelho, porém podemos entender que o "João ancião" é o mesmo que o "João discípulo" com base noutros testemunhos antigos, que corrigem qualquer falha de interpretação do texto de Papias: Teófilo de Antioquia (180 d.C.), Clemente de Alexandria (190 d.C.), Irineu (200 d.C.), Orígenes (220 d.C.), Hipólito (225 d.C.), Tertuliano (200 d.C.) e o fragmento muratoriano (170 d.C.) atribuem o evangelho ao discípulo João. Nem mesmo Porfírio e Juliano, o Apóstata, inimigos da fé, questionaram a autoria joanina - se fosse possível questionar a autoria de João, eles certamente o fariam, já que era oportuno abalar as estruturas de um documento que fala da divindade de Cristo de modo tão explícito.

2 - A redação das Epístolas de João:
Autoria e data:
Primeiramente, consideremos que as três Epístolas de João deixam evidente que foram escritas pelo mesmo autor, ainda que sejam todas elas obras anônimas, cujo escritor identifica-se, em 2 e 3 João, simplesmente como "O Ancião". Ocorre que a Igreja Primitiva constantemente atribuía essas obras ao exercício da pena do Apóstolo João - tal igreja nunca sugeriu nenhuma outra pessoa, uma vez que as evidências com as quais aqueles cristãos se deparavam, além da memória e da tradição, deixavam a questão bastante clara:
- O autor afirmou ser uma testemunha ocular de Jesus (1 João 1:1-3).

- 1 João exibe similaridades com o Evangelho de João, em termos de teologia, vocabulário e sintaxe.
- Os líderes da Igreja Primitiva, Papias, Policarpo, Irineu e Clemente de Alexandria, todos apontaram o Apóstolo João como o autor.

"O Ancião", identificado em 2 e 3 João, é tido pela tradição como sendo o próprio Apóstolo - além da tradição, existe uma similaridade óbvia em tema, vocabulário e linguagem entre as três cartas e o Evangelho - o estilo das duas cartas mais curtas é similar ao de 1 João e ao do Evangelho de João.

1 João:
- Algumas das similaridades entre 1 João e o Evangelho de João, estão em: 1 Jo 1:1 e Jo 1:1; 1 Jo 1:4 e Jo 16:24; 1 Jo 2:7 e Jo 13:34-35; 1 Jo 4:6 e Jo 8:47; 1 Jo 5:12 e Jo 3:36.

- O autor de 1 João aparenta ter idade avançada, em concordância com o Apóstolo João no período em que escreveu o Evangelho, conforme é demonstrado pela expressão "filhinhos", de 2:1 e 3:7.
- Sugere-se que tal carta tenha sido escrita por volta do final do Século I, até porque dá a entender que tem como um dos objetivos enfrentar uma espécie de "proto-gnosticismo", ou seja: situa-se num contexto próximo ao surgimento e expandir da heresia dos gnósticos. Vide 1 João 1:14:2. Se essa obra tivesse sido escrita depois, como uma refutação clara ao gnosticismo, certamente carregaria uma argumentação mais densa, conforme se observa nos tratados antignósticos no Século II (como o "Contra Heresias", de Irineu), coisa que não o faz. Com base nisso, concluímos que João escreveu num período no qual alguns cristãos e pagãos começaram a se posicionar contra a encarnação de Cristo, sem, contanto, chegarem a ameaçar a sobrevivência da Igreja, como ocorreu mais tarde.

"Ao determinar a data em que o texto foi escrito, devem-se considerar diversos fatores. Primeiro, o tom do livro e, especialmente, a postura do autor quanto aos leitores sugerem que se trata de um idoso falando a uma geração posterior. Segundo, Irineu assinala que João morou em Éfeso e escreveu Às igrejas da Ásia. As cartas de João Às igrejas da Ásia em Apocalipse (Ap 2 e 3) reforçam o comentário de Irineu. A conclusão natural é que 1 João se dirige aos mesmos cristãos. Terceiro, Paulo visitou Éfeso várias vezes entre 53 e 56 d.C., usando a cidade como centro de seus empreendimentos evangelísticos. Timóteo esteve em Éfeso com Paulo por volta de 63 d.C. e ainda estava lá quando Paulo lhe escreveu por volta de 67 d.C. Não há indicativos de que Timóteo e João tenham estado ao mesmo tempo em Éfeso; portanto, João deve ter visitado Éfeso depois que Timóteo partiu. Isso fixaria a data da redação de 1 João depois de 67 d.C., mas antes de 98 d.C. Parece razoável presumir uma data por volta de 90 d.C."

2 João:
- Algumas similaridades entre 2 João e 1 João e o Evangelho de João: Jo 14:23 e 1 Jo 5:3.
"(...) assim como em 1 João, os vestígios da igreja do primeiro século sinalizam que a missiva foi escrita pelo apóstolo [João]. Outro indício identificando o João desta carta como o apostolo é a semelhança dos termos e do teor entre 1 João e 2 João. O autor pode ter usado o título 'ancião' como um apelido carinhoso para si próprio, já que a sua autoridade como apóstolo não sofreria questionamentos em uma data tão avançada.
Esta epístola deve ter sido escrita pouco depois de 1 João, porque presume que os leitores entenderão o que 'anticristo' significa no versículo 7. É impossível determinar uma data exata, pois a informação é insuficiente tanto da própria carta como dos pais da Igreja. Seria possível uma data entre 80 d.C. e 100 d.C. Escritores da igreja do primeiro século afirmam que João foi morar em Éfeso depois da queda de Jerusalém, em 70 d.C., e, provavelmente, esta epístola foi redigida ali."

3 João:
- A carta, como um todo, é muito semelhante a 2 João.
"Assim como em 1 e 2 João, em geral se aceita que o autor dessa epístola seja o apóstolo João. As semelhanças entre as cartas e as tradições da igreja do primeiro século indicam fortemente que a autoria é de João. (...) há consenso de que o apóstolo teria redigido essa epístola.

Não há informações indicativas de data na epístola. As circunstâncias são bem diferentes das citadas nas duas primeiras cartas de João, tornando difícil dizer se foi escrita antes ou depois de 1 ou 2 João. Provavelmente, a carta foi remetida de Éfeso, onde a tradição da igreja do primeiro século diz que o apóstolo fixou ministério depois da queda de Jerusalém em 70 d.C."

3 - A redação de Apocalipse:
Autoria:
O autor tradicional de Apocalipse é o apóstolo João, que também escreveu o Evangelho e as três cartas que levam o seu nome. Existem boas razões para essa alegação:

- O autor refere-se a si mesmo como João (1:1, 4, 9; 22:8).
- O autor tinha relacionamentos pessoais com as sete igrejas da Ásia Menor (1:4, 11; caps 2-3), como era o caso do apóstolo.
- As circunstâncias na época da escrita (1:9) são as mesmas de João, o apóstolo.
- A grande quantidade de imagens do Antigo Testamento no livro sugere um autor judeu, como o apóstolo João.
- Mesmo que o autor não afirme categoricamente ser o "apóstolo João", é improvável que qualquer outro líder cristão do primeiro século tivesse a autoridade ou "fosse associado de maneira suficientemente íntima às igrejas da Ásia Menor para ter referido a si mesmo simplesmente como João".
- O Apocalipse tem muitos temas e ideias teológicas em comum com o Evangelho e as epístolas de João (somente Apocalipse e o Evangelho de João referem-se a Jesus como verbo de Deus e Cordeiro - Jo 1:1; Ap 19:13; Jo 1:29; Ap 5:6). "O tema do 'testemunho' também é particularmente proeminente nos cinco livros." Outras questões, como a ideia de Cristo como "o Pastor" (Jo 10:11 e Ap 7:17) e os contrastes entre "verdade e falsidade" e "luz e trevas" são comuns ao Evangelho de João e ao Apocalipse.
- É esperado que existam palavras diferenciadas em um livro que pertence a outro tipo de literatura, diferente dos outros textos de João. Apocalipse é o único representante neotestamentário de sua natureza literária.
- A Igreja Primitiva atribuiu, quase com unanimidade, esse livro ao Apóstolo João. Justino Mártir, Irineu, Tertuliano e Clemente de Alexandria são exemplos dos que apoiaram essa autoria.
- O autor de Apocalipse implicitamente se apresenta como uma autoridade. Em Apocalipse 10:10, ele come simbolicamente um rolo (como faz Ezequiel em Ez 3:1) e, em Apocalipse 22:18-19, ele atribui ao seu livro uma autoridade semelhante à de Deuteronômio 4:2.

Data:
Embora alguns sustentem que Apocalipse foi escrito em 68 e 69 d.C., a maioria supõe uma data próxima do final do Primeiro Século. Irineu afirma que João, o Apóstolo, escreveu esse livro no final do reinado de Domiciano (81-96 d.C.) - muitos creem que as perseguições aos cristãos promovidas por Domiciano estavam por trás de Apocalipse. Eusébio (265-340 d.C.) relata que João saiu de Patmos, onde ele afirma que escreveu Apocalipse (1:9), na época do imperador Nerva (96-98 d.C.).

"Confiáveis fontes históricas datando do segundo século d.C. situam o apóstolo João em Éfeso e ministrando por toda a província da Ásia por volta de 70-100 d.C. Aparentemente, as epístolas de 1, 2 e 3 João foram escritas pelo apóstolo aos cristãos naquela região por volta de 80-100 d.C. Durante a segunda parte desse período, o imperador Domiciano intensificou a perseguição aos cristãos. João estava exilado na ilha de Patmos por causa do seu testemunho como servo do Senhor. Ele foi libertado após 18 meses pelo imperador Nerva (96-98 d.C.), retornando para Éfeso, afim de reassumir sua liderança lá."

Os que sugerem a redação de Apocalipse no final dos anos 60 do Primeiro Século, estabelecem as seguintes argumentações: quando o texto fala das perseguições (2:9, 10 e 13) e da descrição da Besta, segundo alguns uma referência ao imperador Nero, há indicações de que o mesmo ainda estava vivo no período da redação; o texto de 11:1-2, parece sugerir que o Templo de Jerusalém ainda estava de pé e, uma vez que o Templo foi destruído em 70 d.C. e Nero morreu por volta de 68 d.C., é creditável que Apocalipse fora escrito no final dos anos 60 d.C.

Considerações sobre a longevidade de João:
A idade atingida por João depende da idade que ele tinha quando começou a seguir Jesus. Alguns estudiosos do Novo Testamento conseguem vê-lo como um adolescente, ou até mesmo uma criança de 12 anos - para mim, ele dificilmente teria menos de 14-15 anos, idade mais comum para o varão judeu estar estudando "aos pés de um rabino". A maioria dos estudiosos, porém, coloca João como um jovem-adulto, que, portanto, morreu por volta dos 101 anos. Mas existe bastante espaço para especulação. No mais, seria possível que ele tivesse passado de um século de vida? Ora, sendo que ele existiu e testemunhou sobre o contato com o Filho de Deus, podemos crer no cuidado do Criador com a vida do apóstolo. É interessante a resposta de Jesus ao questionamento de Pedro em João 21:20-23, apontando para o controle de Deus sobre a vida de João, que verdadeiramente não morreu martirizado, mesmo que tenham tentado matá-lo algumas vezes.  Mas existem algumas razões "menos bíblicas" para confiar na longevidade de João:
Sobre a estimativa de vida no Império Romano, Le Roux escreve:

"Quer se estabeleça uma média de idade a partir dos epitáfios ou que se calcule um resultado através da hipótese da expectativa de vida correspondente a um dado momento em que 50% + 1 de uma geração tenha cessado de viver, os cálculos propostos de 22 a trinta anos de duração de vida não são confiáveis. A 'tabela de sobrevivência' de Ulpiano nos autoriza a tentar uma outra abordagem. A expectativa de vida deve ser modificada gradativamente de acordo com a faixa etária atingida pelos indivíduos, o que significa que, por ocasião do nascimento, podia-se esperar que um homem não excedesse 20,4 anos e uma mulher 22,5, mas à medida que se iam sendo atingidas as dezenas, as perspectivas de modificavam sensivelmente. Aos trinta anos, um homem podia esperar ter ainda 23,9 anos pela frente e uma mulher 26,1. Quanto mais se avançada em idade, tanto mais as chances de envelhecer cresciam, 6% por faixa etária até atingir os sessenta anos. Deixando de lado a mortalidade infantil, sem dúvida extremamente elevada, nota-se que entre os quarenta e os cinquenta anos havia uma passagem difícil de franquear. Finalmente, apesar de uma reversão das tendências de sobrevivência entre homens e mulheres, desfavorável a estas no início, por causa das mortes no berço, voltando-se em seu favor ao longo das décadas da vida, esta inversão não chega a ser espetacular: entre os indivíduos que chegavam aos cinquenta anos, a expectativa de sobrevivência era a de que três mulheres chegassem aos noventa anos em comparação com cada homem."

Para o judeu havia, porém, um incentivo maior para a longevidade: o mandamento de "honrar teu pai e tua mãe como forma de prolongar a vida" exigia dos jovens o cuidado dos mais velhos, que acabavam vivendo mais - o homem não precisava ter filhos, pois a moral judaico-cristã exigia o acompanhamento de todos os idosos. Mesmo que João tenha sido exilado, enquanto líder em Éfeso certamente foi muito bem amparado pelos irmãos cristãos.
Fontes: Bíblia de Estudo Defesa da Fé, CPAD, 2010, introduções às epístolas de João e ao livro de Apocalipse; Bíblia de Estudo Arqueológica, Vida, 2013, introduções às epístolas de João e ao livro de Apocalipse e artigo da página 2060; O Novo Comentário Bíblico Novo Testamento, Earl D. Radmacher, Ronald B. Allen e H. Wayne House, Central Gospel, 2013, citações tiradas das introduções às epístolas de João e ao livro de Apocalipse; O Novo Testamento, Sua Origem e Análise, Merril C. Tenney, Shedd Publicações, 2008, introduções às epístolas de João; Talmidim, Ed René Kivitz,Mundo Cristão, 2012, contracapa e pg 7; Loucos por Jesus, Lúcio Barreto Jr., Central Gospel, 2012, pg 30; Império Romano, Patrick Le Roux, L&PMPOCKET Encyclopaedia, 763, 2009, pgs 70-71.

Natanael Pedro Castoldi
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