Um dos pontos largamente criticados quanto aos relatos do Antigo Testamento está na historicidade dos eventos ligados ao tempo que Israel passou no Egito, sua escravidão, as 10 Praga e o Êxodo para Canaã. Esses relatos, que ocupam grossa parte do Antigo Testamento, possuem alguma evidência? É o que veremos.
Fonte: Pessach – Parte I,
- Evidências da escravidão dos hebreus no Egito:
Do artigo "Espantosas Letras", nO Mirante:
1. Rabino Akiva Aaronson, the Foundation of Judaism, páginas 36-39 (adaptado) – Uma recapitulação histórica: a venda de Iossef, o início da escravidão do Egito, o assassinato de bebês judeus, a designação de Moshe para libertar os judeus, a recusa de faraó a resgatá-los e as dez Pragas consequentes da sua recusa, a saída dos judeus do Egito e o cruzamento do Mar vermelho após um período de 210 anos de escravidão.
Iaacov (Jacó) e os seus doze filhos estavam vivendo na Terra de Israel. O penúltimo irmão, Iossef (José), foi vendido pelos seus irmãos como um escravo egípcio. Após Iossef interpretar corretamente os sonhos de faraó e organizar reservas de comida para os sete anos de fome, ele foi nomeado vice-rei do Império Egípcio.
Uma vez que a fome afetou toda a área, Iaacov e a sua família foram forçados a viajar para o Egito para encontrar comida e se assentarem lá. Com isto, o período do exílio no Egito começou. Um novo faraó subiu ao poder e, vendo a família crescente de Iaacov como uma ameaça, ele os escravizou, submeteu-os a trabalhos forçados e ordenou o afogamento de todos os primogênitos judeus no rio Nilo.
Nesta época, Moshe (Moisés) nasceu. A sua mãe fez uma cesta de palha para ele e o colocou no rio Nilo. Ele foi resgatado pela filha de faraó e foi criado no palácio do faraó. Após ele ter sido forçado a escapar do Egito por ter defendido os seus irmãos escravizados, D’us apareceu para ele em uma profecia e o ordenou a voltar ao Egito para libertar o povo judeu da escravidão. Faraó recusou o pedido da libertação dos judeus e, no lugar disto, intensificou a escravidão dos judeus.
Através de Moshe, D’us executou as Dez Pragas no Egito, que revelaram a Sua existência e controle sobre toda a Criação. A última praga foi a morte dos primogênitos egípcios. Os judeus, que agora totalizavam 2,5 milhões de pessoas saíram para a liberdade na manhã do dia 15 de Nissan no ano 2.448 – a 3.300 anos atrás – após 210 anos de escravidão. D’us milagrosamente abriu o Mar Vermelho para os judeus, salvando-os da perseguição dos egípcios, que se afogaram. Seis semanas depois, os judeus chegaram no Monte Sinai, onde D’us deu os Dez Mandamentos, e Moshe recebeu a Torá Escrita e Oral.
Fontes seculares:
2. Rabino Lawrence Keleman, Permission to receive, páginas 98-100 – o próprio fato que o povo judeu tenha registrado a sua história desagradável de escravidão e opressão é uma outra evidência que estes fatos realmente aconteceram.
O historiador J. W. Jack expressa os sentimentos de muitos estudiosos na sua afirmação que “é muito improvável que qualquer povo coloque em primeiro plano nos seus registros históricos uma experiência de sofrimentos e escravidão em um país estrangeiro, a menos que esta tenha sido uma parte verdadeira e essencial da sua vida nacional.” Realmente, colocando de lado a questão do nascimento do povo judeu por um momento, é difícil citar qualquer povo que tenha estimado uma escravidão fictícia, considerando-a como parte da sua mitologia religiosa ou política. (Os faraós nem sequer registraram acontecimentos verdadeiros que refletiam mal na sua destreza militar ou na sua imagem internacional.)
3. Ib., páginas 101-105 – os historiadores e os arqueólogos seculares oferecem evidência arqueológica externa que confirma a escravidão egípcia e as Dez Pragas.
Dr. Kenneth Kitchen é o tradutor do Pergaminho do Louvre, um rolo egípcio que remonta o período da escravidão israelita… O Pergaminho de Louvre relata que “grupos de trabalhadores eram levados pelos capatazes nomeados pelo seu próprio povo,” assim como os escravos hebreus apresentavam-se diretamente diante dos supervisores hebreus que, por sua vez, tinham chefes egípcios (Shemot 5:14).
O Pergaminho indica que cada trabalhador tinha que produzir uma cota de tijolos por dia (2.000), uma ideia expressa em Shemot 5:6-19. Finalmente, o Pergaminho afirma que os escravos podiam solicitar uma folga para observar as festas religiosas, o que torna o pedido de Moshe em Shemot 5:3 plausível…
O historiador William Allbright apresenta o seguinte resumo da evidência da escravidão: “Nós devemos nos conformar com a convicção que não há mais lugar para a postura ainda dominante de crítica excessiva em relação as tradições históricas antigas de Israel.” Jonh Bright concorda: “A tradição da escravidão israelita no Egito é incontestável…”
Dr. Ronald Redford, professor de estudos do Oriente Médio da Universidade de Toronto, nos conta sobre um “fragmento de um diário preservado … [que] registra os eventos que levaram a queda do Aváris,” a capital do Egito próxima a bíblica Goshen [veja Shemot 8:18]. O autor do diário reclamou Calendário Judaico 4 que “a escuridão cobriu os céus do oeste… e durante vários dias, nenhuma luz brilhou.” Redford confessa que “a semelhança impressionante entre esta tormenta catastrófica e algumas das pragas tradicionais [ou seja, a praga da escuridão] parece ser mais do que uma simples casualidade.”
- Evidências para as 10 Pragas do Egito:
No acervo egípcio do Museu de Leiden, Holanda, há um antigo papiro egípcio que foi traduzido para o Inglês pelo egiptólogo Alan Gardiner e recebeu o título de Admonitions of an Egyptian Sage (Repreensões a Um Sábio Egípcio). O papiro descreve um estado de desolação e destruição e, na opinião de Gardiner, isto é um relato da destruição que ocorreu no Império Egípcio Antigo. Seguem abaixo resumos de alguns exemplos:
4. Ioshua Etzion, the Lost tanach – descobrimentos arqueológicos apresentam uma confirmação externa das Dez Pragas.
Admonitions of an Egyptian Sage (Repreensões a Um Sábio Egípcio), aproximadamente 1.300 antes da Era Comum, Museu de Leiden, Holanda.
- Papiro: Pragas por toda a terra, sangue em todo o lugar… (p. 2, linhas 5-6).
- Torá: Moshe levantou o bastão… e toda a água que estava no rio se transformou em sangue (Shemot 7:20).
- Papiro: O rio é sangue, os homens estão sedentos de água… (p. 2, linha 10).
- Torá: E o Egito não podia beber a água do rio (ib.7:21).
- Papiro: Todos os animais choram nos seus corações, o gado muge (p. 5, linha 5).
- Torá: A mão de Deus está no teu gado que está no campo… uma epidemia severa (ib. 9:3).
- Papiro: Realmente, tudo o que se via ontem está em ruínas; a terra ficou como após a colheita de linho (p. 5, linha 12).
- Torá: Estenda a tua mão sobre a Terra do Egito para a multidão de gafanhotos… Não restou vegetação nas árvores ou na grama do campo em toda a terra do Egito (ib. 10:12-15).
- Papiro: As prisões foram destruídas [e os escravos foram libertados]; havia um grande protesto no Egito… (p. 12, linha 12).
- Torá: Foi à meia-noite que Deus golpeou todo primogênito… e havia um grande protesto no Egito… [Faraó] disse: “Levantem-se, saiam em meio do meu povo!” (ib. 12:29-31)."
Outra descoberta acerca da estadia de Israel no Egito está nos achados moedas egípcias com o símbolo e o nome de José, que é incomum a cultura egípcia. Essas moedas datam do período em que se concebe ter vivido o governante bíblico José. Além do retrato de José, há uma moeda que remete ao sonho do faraó, contendo 7 vacas magras e 7 vacas gordas. O interessante é que não é qualquer José do Egito que apareceria em uma moeda, apenas um José realmente importante - e não creio que tenham habitado muitos "josés" governantes na terra do Egito. Fonte: TB - Turma da Bléia, "Encontradas moedas egípcias com a efígie de José", MEMRI / A Supremacia das Escrituras / Genizah Virtual / Gospel Prime / overbo. Tradução: Pr. Wellington Mariano.
- Outras evidências (tempo no Egito, período do Êxodo e Faraó):
Fonte: Arqueologia Bíblica, As Pragas do Egito, 30/10/2006, Michelson Borges
Antecedentes:
- Os filhos de Abraão foram ao Egito para esperar Canaã depravar-se o suficiente para recair-lhe severo juízo. Gênesis 15:12-16.
- José, filho de Jacó, tornou-se governador e, nos tempos de fome, garantiu mantimentos e terras para a sua família na planície de Gósen.
- Por séculos Israel cresceu, porém uma nova dinastia, que desconhecia os hebreus, começou a reinar. Êxodo 1:6-8.
Sobre a nova dinastia e a escravidão:
- Sugere-se que se deu com os hicsos, semitas vindos do mar, ou com o Novo Reino, depois dos hicsos (1546-1085 a.C.).
- Os hicsos, estrangeiros e semitas, teriam sido tolerantes com os hebreus e, nesse período, Israel cresceu no Egito, sendo rejeitado com o retorno dos faraós nativos, no início do Novo Reino.
- O faraó que expulsou os hicsos do Egito foi Amósis I (1570-1546 a.C.), sugere-se que ele foi o “novo faraó” – 1:8. Há, ainda, quem sugira Amenotepe I (1546-1525) ou Tutmés I (1525-1512).
- A escravidão começou entre 1570 e 1512 a.C. e foi até por volta de 1445 a.C., com o faraó Tutmés III (1490-1445 a.C.).
Sobre o Êxodo:
- O Êxodo se deu com o faraó Amenotep II (1445-1425 a.C.).
- Datações bíblicas (1 Reis 6:1) sugerem que o Êxodo se deu entre 1446 a.C. e 1290 a.C.
- Era hora de voltar para Canaã - Êxodo 2:25, 3:1-2 e 7-8.
Israel no Egito:
- Uma escultura sobe uma tumba de 1900 a.C., em Beni Hasan, mostra a entrada de um grupo de semitas no Egito.
- Faraós costumavam permitir a entrada de pessoas do Sinai e da Palestina em suas terras durante períodos de fome. De 1350 a.C. há um exemplo disso: “não sabendo como viver, veio implorando um lar nos domínios de Faraó [...] conforme o costume dos pais de vossos pais (de Faraó) desde o princípio...”
- Israelitas com nomes egípcios, como Moisés, Assir, Pasur, Merari, Hofni, Finéias e Putiel. Assim como alguns títulos egípcios utilizados em Israel: “copeiro-chefe” e “padeiro-chefe”, por exemplo.
Fontes: Manual Bíblico Unger, Merril Frederick Unger, VidaNova, 2006, pg 27 e 69; A Bíblia de Estudo Anotada Expandida, Charles C. Ryrie, MundoCristão, pgs 58 e 63.
Natanael Pedro Castoldi
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Obrigado pelo trabalho...
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