Um dos tópicos de interesse para se entender a autoridade das Escrituras está no modo como elas foram escritas - um assunto desconhecido pela maioria. Segue um breve estudo sobre a confecção do Novo Testamento - tire as suas próprias conclusões.
As fontes básicas do Novo Testamento são:
testemunho ocular –do autor e entrevistados-, tradição oral, alguns documentos
guardando dizeres e ações de Cristo (como as fontes “Q”, “M” e “L”) e alguns
dos próprios livros do Novo Testamento.
Sobre
a tradição oral: antes da redação do Novo Testamento, os cristãos transmitiam
com exatidão os fatos acerca de Cristo, buscando preservar o melhor possível da
Verdade recebida. Mediante as heresias e o envelhecimento dos Apóstolos,
tornou-se necessário registrar por escrito o que Jesus disse e fez. No livro Jesus,
Christiane Rancé, L&PM Pocket, 2012, pg 24, temos uma breve colocação sobre a transmissão oral:
“era conveniente fixar as informações pertencentes a uma tradição oral
transmitida com rigor”.
- Fonte
“Q”: uma das bases do texto de Mateus e Lucas, esclarecendo sobre as
semelhanças entre os dois evangelhos naquilo que não aparece no de Marcos.
Parece um documento registrando os ditos de Jesus, coisa que Marcos, voltado
mais ao que Jesus fez, não possuía em abundância. Deveria ser um original
aramaico –língua comum da Palestina-, mas da parte dos cristãos helenistas
–influenciados pela cultura grega. Fonte: Merece Confiança o Novo Testamento?,
F. F. Bruce, Vida Nova, 2010, cap. 4, pgs 50 e 53.
- Fonte
“M”: documento que explicaria aquilo que o texto de Mateus tem de diferente de
Marcos e Lucas, sendo uma coletânea de ditos de Jesus preservada pela
conservadora comunidade judaico-cristã de Jerusalém. Fonte: Merece Confiança o Novo
Testamento?, F. F. Bruce, Vida Nova, 2010, cap. 4, pg 53.
- Fonte
“L”: documento que esclarece sobre aquilo que Luca tem de diferente de Mateus e
Marcos. Tais fontes são parábolas e narrativas próprias, tiradas de suas
andanças pelo Mediterrâneo. Fonte: Merece Confiança o Novo Testamento?, F. F.
Bruce, Vida Nova, 2010, cap. 4, pg 55.
- Evangelho
de Marcos: considerado o Evangelho mais antigo, foi escrito por João Marcos por
volta de 50-60 d.C. O relato bíblico e da tradição nos informa que Marcos era
amigo íntimo do Apóstolo Pedro e acompanhou Paulo e Barnabé em sua Primeira
Viagem Missionária. Marcos, segundo o que se lê em História Eclesiástica
(III.39), de Eusébio, ao referir-se aos estudos de Papias, nos informa que o
texto em questão brotou essencialmente da redação daquilo que o Apóstolo Pedro
dizia e conforme Marcos considerava necessário durante suas viagens com o
Grande Discípulo, o que tem constatação bíblica, com narrativas em primeira
pessoa e detalhes oculares que só Pedro poderia transmitir. Ao que parece,
Marcos tentou incluir-se na história em Marcos 14:51, sendo o jovem que escapou
na noite da captura de Cristo, de modo que ele, andando com o Messias, podia
também basear-se em suas próprias lembranças – Marcos teve contato com todos os
apóstolos, incluindo os evangelistas João e Mateus, além de, muito
provavelmente, o outro evangelista, Lucas. Marcos fora escrito para o público
romano. Fonte: Merece Confiança o Novo Testamento?, F. F. Bruce, Vida Nova, 2010, cap. 4, pgs
45-54.
- Mateus
e Lucas com base em Marcos: ao que parece, por Marcos ter escrito seu evangelho
antes, Mateus e Lucas tomaram como fonte, além da “Q” e “M”, o evangelho em
questão: a essência de 606 dos 661 versículos de Marcos reaparece em Mateus e
380 em Lucas. Dos 1068 versículos de Mateus, aproximadamente 500 possuem o mesmo
conteúdo de Marcos; dos 1149 de Lucas, cerca de 380 reforçam o que lemos em
Marcos. Há somente 31 versículos de Marcos que não aparecem em Mateus e Lucas.
Há 250 versículos de material em comum entre Mateus e Lucas, porém inexistente
em Marcos; 300 versículos exclusivos de Mateus e 520 exclusivos de Lucas. Fonte:
Merece Confiança o Novo Testamento?, F. F. Bruce, Vida Nova, 2010, cap. 4, pgs 41 e 42.
- Evangelho
de Mateus: discípulo de Cristo, escreveu entre 50 e 60 d.C. Baseou-se em suas
memórias, no contato com os demais apóstolos, no Evangelho de Marcos, na
tradição oral e nas fontes “Q” e “M”. O público alvo é judaico. Fonte: Merece
Confiança o Novo Testamento?, F. F. Bruce, Vida Nova, 2010, cap. 4, pg 50-54.
- Evangelho
de Lucas: segundo a tradição, Lucas era de Antioquia, centro a primeira igreja
gentílica, o que pode tê-lo influenciado, seu evangelho foi escrito por volta
de 60 d.C.. Como Pedro visitou tal igreja, Lucas pode tê-lo conhecido. Lucas
também conheceu o apóstolo Paulo, com quem passou duas semanas em Jerusalém por
volta de 35 d.C. (Gálatas 1:18), de modo que Lucas usufruiu a sabedoria paulina
e Paulo pôde ter acesso a seus estudos sobre Cristo. Também sabemos que Lucas
se encontrou com Tiago, irmão de Jesus, pelo menos uma vez. Lucas, Paulo e
Marcos se encontraram por volta de 60 d.C. em Roma (Colossenses 4:10, 14;
Filemom 24). Parece, ainda, que Lucas tomou uso do Evangelho de Mateus. Lucas
escreveu no mesmo volume também o livro de Atos, ambos destinados do público
grego. Fonte: Merece Confiança o Novo Testamento?, F. F. Bruce, Vida Nova, 2010, cap. 4, pg
55-57.
- Evangelho
de João: escrito pelo Apóstolo João, por volta de 85-90 d.C.. João é
considerado o “discípulo a quem Jesus amava” e, portanto, tinha um
relacionamento emocionalmente estreito com o Messias, de quem escreveu com base
em seu próprio testemunho. Dorothy Sayers afirma: “é João o único a
apresentar-se como um relato direto de uma testemunha ocular. E para quem quer
que esteja acostumado com o tratamento construtivo de documentos, a evidência
interna confirma esse pressuposto”. A. T. Olmstead, falecido professor de
história oriental antiga da Universidade de Chicago afirmou que o capítulo 11
exibe “toda a minúcia circunstancial da testemunha ocular convicta”, além de
ter dito que a narrativa do capítulo 20 é “narrada incontestavelmente por uma
testemunha ocular – plena de vida e destituída de qualquer detalhe a que possa
o cético usar para fazer uma objeção justificável”. Vale, ainda, lembrar que,
depois da morte de Cristo, João ficou responsável pelos cuidados de Maria, mãe
de Jesus, de quem, de certo, ouviu relatos. Seu alvo era o público tanto grego,
quanto judeu. Fonte: Merece Confiança o Novo Testamento?, F. F. Bruce, Vida Nova, 2010, cap. 4,
pg 61-79.
- Sobre
as demais cartas do Novo Testamento: Tiago escreveu provavelmente o documento
mais antigo, 45-50 d.C., mostrando que, antes da redação dos Evangelhos, o
testemunho oral sobre Cristo, além de uma série de documentos escritos a seu
respeito, já circulavam. Paulo é o autor da maior parte do Novo Testamento,
tendo como carta mais antiga possivelmente a para os Gálatas, 49 ou 55 d.C. Os
cristãos primitivos, com base em sua própria experiência com Cristo, o que
viram Ele fazer e ouviram dizer, os relatos orais, pregações e documentos que
circulavam, além do contato direto com os Apóstolos, aceitaram desde cedo as
cartas que hoje formam o Novo Testamento, confirmando sua autoria embasados nas
afirmações dos próprios autores que, por sua vez, tinham autoridade apostólica
–convívio com Cristo- e se baseavam em testemunho ocular, memórias, relato oral,
documentos dos dias de Jesus e pouco posteriores e, por fim, em si mesmos. Fonte:
A Bíblia de Estudo Anotada Expandida, Charles C. Ryrie, Mundo Cristão, 2007.
Natanael Pedro Castoldi
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Obrigado pelo trabalho...
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