Com
a aproximação do Natal, as contestações acerca dos eventos relacionados ao
nascimento de Cristo se multiplicam. Dentre os ataques que são desferidos
contra a fé cristã por esses dias, o mais alardeado centra-se nas objeções ao
nascimento virginal do Messias, cabendo-nos, com isso, tentar dar cabo dessa grande polêmica, favorecendo pelo conhecimento aqueles que tentam perpetuá-la e os que se perturbam com ela.
O
tema é complexo, portanto o texto que segue não pôde ser claro em todos os pontos.
O artigo resulta de uma pesquisa em diversas fontes, deixando expostas algumas
das contradições presentes entre os teóricos, pois o autor que vos fala não
está em posição de inferir sem bases - cabe, então, ao leitor a capacidade de
lidar com as lacunas e de perceber o quadro geral do trabalho. Objetivei com
esse esforço, o oferecimento da resposta mais completa possível dentro das
minhas limitações.
Os textos fundamentais:
A tradução utilizada é a Almeida Corrigida e Revisada Fiel
Dos
quatro Evangelhos, Mateus e Lucas dão evidência ao nascimento virginal,
conforme segue:
"Eis
que a virgem conceberá, e dará à luz um filho, E chamá-lo-ão pelo nome de
EMANUEL, Que traduzido é: Deus conosco." Mateus 1:23
"E disse Maria ao anjo: Como se fará isto, visto
que não conheço homem algum? E, respondendo o anjo,
disse-lhe: Descerá sobre ti o Espírito Santo, e a virtude do Altíssimo te
cobrirá com a sua sombra; por isso também o Santo, que de ti há de nascer, será
chamado Filho de Deus." Lucas 1:34-35
O texto veterotestamentário fundamental para essa
perspectiva neotestamentária se encontra em Isaías 7:14, explícita base do
texto de Mateus:
"Portanto o mesmo Senhor vos dará um sinal: Eis
que a virgem conceberá, e dará à luz um filho, e chamará o seu nome
Emanuel."
Alguns estranham a parca sustentação do nascimento
virginal no Novo Testamento, já que só aparece em Mateus e Lucas, ausentando-se
de Marcos e João e dos escritos de Paulo. Isso, contudo, não deve ser visto
como um problema. É necessário, primeiramente, avaliar as intenções dos
autores: Mateus (entre décadas de 50 e 60 d.C.) estava escrevendo para um
público hebreu1, familiarizado com o profeta Isaías,
tornando a indicação do cumprimento profético de Isaías 7:14 especialmente
poderosa para esse público, que esperava algum sinal especial na concepção e no
nascimento do Messias que pudesse servir de evidência para a sua messianidade. Ainda
que a concepção virginal não fosse uma expectativa evidente, grandes heróis do povo
hebreu vieram ao mundo de maneiras miraculosas, como Isaque (Gn 18:1-15; Gn
21:1-3), Jacó e Esaú (Gn 25:21), José e Benjamim (Gn 29:31 a 30:24), Sansão (Jz
13:2-24), Samuel (1 Sm 1) e João Batista (Lc 1:5-25)2.
Lucas, por sua vez, realizou densa pesquisa
histórica, como ele mesmo declara (Lc 1:1-4), tendo redigido os documentos a
ele atribuídos até a primeira metade da década de 60 do Primeiro Século, já que
Atos dos Apóstolos, continuidade do Evangelho de Lucas, termina com Paulo na
prisão, esperando seu julgamento3. Lucas conheceu o apóstolo Paulo em 35
d.C., com quem, juntamente com Pedro, passou duas semanas, como fica claro em
Gálatas 1:18 - ele foi companheiro de viagem do apóstolo Paulo (At 16:10-16,
20:6-28; Cl 4:14; Fm 24; 2 Tm 4:11). O fato de o evangelista ter conhecido
Pedro também se justifica por suas raízes em Antioquia, centro da primeira
igreja gentílica, que foi visitada pelo discípulo do Mestre (Gálatas 2:11). O
famoso historiador também conheceu Tiago, irmão de Jesus, o que indica a
possibilidade de ele ter tido contato outros membros da Sagrada Família,
inclusive porque viveu dois anos na Palestina ou nas circunvizinhanças4.
Erwin E. Lutzer sugere que Lucas tenha entrado em contato com Maria, mãe de
Jesus, com quem obteve informações de primeira-mão sobre a concepção e o
nascimento de Cristo5 - essa possibilidade é real, uma vez que Maria estava sob os
cuidados do apóstolo João (Jo 19:26), parte do círculo dos Doze, com quem Lucas
teve contato, e o autor desenvolve textos da perspectiva de Maria.
O Evangelho de Marcos, comumente tido como
mais antigo que Mateus, Lucas e João, datado por volta dos anos 50 e 60 d.C.6,
é mais sucinto do que os demais: seu público era romano, um povo que não estava
familiarizado com os discursos judaicos e nem com a tradição profética dos hebreus
- a ação caracterizava Roma, e a sua conquista do Mediterrâneo foi realizada,
fundamentalmente, pela marcha das legiões. Não havia interesse entre os romanos
por longos discursos semíticos - até porque a literatura semita não era
valorizada em Roma7 -, fazendo do apelo à
ação, com ênfase na Ressurreição, um recurso evangelístico eficaz. Disso se
compreende a razão que levou Marcos a não abordar o nascimento virginal,
inclusive porque, se o romano não estava familiarizado com a profecia
veterotestamentária, poderia associar o nascimento virginal às tradições
mitológico-pagãs, que sugerem a relação sexual entre deuses e mulheres,
gerando, com isso, semideuses - como foi com Zeus e Diana, de quem nasceu
Perseu8.
A ausência em Marcos, portanto, desqualifica a alegação de que o nascimento
virginal foi copiado de mitos pagãos para dar sustentação ao cristianismo: se o
fosse, o público romano deveria ser o primeiro a receber tal
"informação". Apesar de Lucas ter em vista um público grego, também
gentílico, seu leitor primeiro era Teófilo, reconhecido como homem de posto
elevado, erudito interessado nas evidências da nova fé e, portanto, capacitado,
pelo contato com Lucas, a discernir adequadamente a questão do nascimento de
Cristo.
Cabe ressaltar, ainda, que Marcos conhecia todos os
Doze, pois acompanhou-os durante o ministério de Jesus, tendo sido testemunha
ocular. Ele teve contato com Mateus e João, e, sugere-se, também conheceu
Lucas. Além disso, João Marcos foi companheiro de Barnabé e do apóstolo Pedro,
tendo confeccionado o seu evangelho essencialmente com base naquilo que ouvira
das pregações petrinas9. Isso indica que João Marcos e Lucas
compartilharam dos mesmos círculos e que os seus registros não apontam para
contradições, mas para seleções de interesse - João Marcos, assim como os
apóstolos Paulo e João, deveria conhecer os pormenores do nascimento virginal.
Inclusive, está evidente que Mateus e Lucas tinham ciência da existência do
Evangelho de Marcos, tendo-o utilizado como uma das fontes da redação dos seus
evangelhos - a essência de 606 dos 661 versículos de Marcos aparece em Mateus e
380 em Lucas; dos 1068 versículos de Mateus, aproximadamente 500 possuem o
mesmo conteúdo de Marcos; dos 1149 versículos de Lucas, cerca de 380 reforçam a
leitura de Marcos; só 31 versículos de Marcos não são aludidos em Mateus e em
Lucas. Mateus e Lucas, por sua vez, têm 250 versículos de material comum que
não aparece em Marcos, mas há 300 versículos que só aparecem em Mateus e 520
exclusivos de Lucas, sugerindo o uso de mais fontes10.
Há, portanto, um arcabouço comum de conhecimentos, juntamente com o uso de
fontes orais e escritas exclusivas entre os Evangelhos, o que reforça a
autenticidade do todo.
O Evangelho de João, o mais tardio, concluído nos
últimos anos do Século Primeiro11, tinha como
público original a própria Igreja, objetivando ser lido pelo corpo universal de
Cristo. Como um escrito um pouco mais tardio, João estava consciente de que
seus leitores cristãos já conheciam as minúcias da vida de Cristo e não
precisava repetir exaustivamente questões pertinentes à credibilidade histórica
e profética das ações do Mestre, enfocando, portanto, na teologia propriamente
dita, com ênfase na sustentação da divindade do Filho- nessa altura, a Igreja
carecia de maior solidez teológica, especialmente para confrontar as ideias
gnósticas, que começavam a despontar. Como presbítero de Éfeso12, pode-se sugerir que
João já tinha fornecido oralmente os conhecimentos fundamentais sobre a vida do Messias aos membros das igrejas da Ásia Menor, levando-o a não enfatizar alguns
desses pontos em seu evangelho. O mesmo acontece com o apóstolo Paulo que, com
exceção de Romanos, redige suas cartas para igrejas que já haviam sido visitadas
pessoalmente por ele, de modo que ele não precisava repetir em texto tudo o que
já lhes falara audivelmente. Contudo, Paulo não deixa de fazer algumas alusões
interessantes, como a de Gálatas 4:4 ("Deus enviou seu Filho, nascido de
mulher"), que aponta para o proto-evangelho de Gênesis 3:15, e a de Romanos
1:3-4 ("nasceu da descendência de Davi segundo a carne, declarado Filho de
Deus em poder, segundo o Espírito de santificação").
É digno de nota, ainda, que questões pertinentes à
concepção de Cristo não eram conhecimentos populares, mas, possivelmente,
memórias íntimas preservadas dentro do círculo familiar do Mestre - apesar
disso, relatos de difamações feitas com relação à paternidade de Jesus indicam
que os locais sabiam que ela não tinha sido normal13. Acrescenta-se a isso que não era necessário aos
discípulos o apontamento do nascimento virginal do Messias para o convencimento
de seu público leitor, uma vez que nem os rabinos esperavam que o Cristo
nascesse de uma virgem - o entendimento de Isaías 7:14 sugeria uma jovem
mulher que é virgem até a consumação do casamento, quando coabita com seu
marido14.
O desconhecimento público do nascimento virginal até,
possivelmente, a revelação escriturística de Mateus e Lucas, ajuda a entender
as razões de tal tema não ter sido abordado em Paulo e Marcos, já que não havia
uma elevada expectativa quanto à virgindade de Maria e nem quanto à confirmação
de "boatos", levado-nos ao assimilação de que, se esses relatos
foram apresentados, não tinham como motivação a necessidade de dar mais peso
argumentativo ao cristianismo ou de responder às expectativas de um determinado
público - o fundamento de sua exposição reside na sua historicidade. Não era
vantajoso aos cristãos a invenção de tal história, uma vez que a mesma gerou
uma série de embaraços a serem resolvidos com os próprios cristãos, com os
judeus e com os gentios.
Para sustentar essa posição, é importante verificar
que a ideia de um nascimento virginal quase não existe na Palestina judaica do
período ligeiramente próximo do Mestre - no judaísmo, não há paralelo ao
nascimento de Cristo. O próprio texto de Isaías 7:14, ao falar da virgem que
conceberá e dará à luz a um filho, não foi suficiente para formar um amplo
imaginário palestino acerca da concepção virginal: esperava-se uma moça jovem,
virgem até seu casamento - esse era o uso comum de "almah", a palavra
hebraica para "moça", traduzida para o grego "parthenos",
que significa "virgem". Nesse sentido, não havia urgência alguma
de se inventar o advento da concepção virginal do Messias. Contudo, para
Cousin, quando os rabinos que redigiram a Septuaginta no Séc. II a.C., usando
de "parthenos" para traduzir "almah" em Isaías 7:14,
deixaram em evidência que, ao menos uma parte dos judeus, especialmente os
gregos, viam a concepção virginal como um indicativo de messianidade - disso,
conclui-se que a ideia da concepção virginal, embora pouco provável no ambiente
judaico da Palestina, aparece, em algum nível, entre os judeus helênicos, que,
mesmo não a tendo por unanimidade, teriam uma facilidade maior de entender a
opção interpretativa de Mateus15. Fique claro, com isso,
que Mateus não estava isolado ao ter o nascimento de Jesus como cumprimento de
Isaías 7:14.
A natureza do relato:
Muitos alegam que a questão do nascimento virginal
fora tomada de mitos pagãos. Zeus relacionou-se com mulheres e, delas, teve Perseu
e Hércules. Diana engravidou de Zeus, por exemplo, por meio de uma chuva de
ouro. Havia rumores de que Platão era filho do deus Apolo e sugeria-se que
Alexandre, o Grande, tivera um nascimento extraordinário - o útero de sua mãe
fora lacrado e, mesmo assim, ela concebeu, ou, conforme outra lenda, Olímpia
engravidou após comer um romã16. Joseph Ratzinger aponta para as tentativas de
associar a concepção virginal de Cristo às alegações egípcias de que os faraós eram
gerados pelo divino e às percepções de Filo de Alexandria (falecido depois de
40 d.C.). Segundo o papa emérito, contudo, não há semelhanças entre a
perspectiva pagã e de Filo e a cristã: no caso dos faraós, há uma aproximação
física entre a divindade e a mãe, servindo como via para legitimar a soberania
política do governante, e a abordagem de Filo é essencialmente alegórica,
impossibilitando a consideração de que os dois casos sejam paralelos ao de
Cristo. Não há semideus no cristianismo: a distância entre a criatura e o
Criador segue infinita, não há um ente intermediário resultante de uma
associação entre Deus e a mulher. Jesus não é percebido como nada menos do que
totalmente Deus, enquanto é totalmente homem, conforme o Credo da Calcedônia,
451 d.C., deixa explícito.
Ratzinger também sustenta que os relatos de Mateus e
de Lucas não são resultantes do desenvolvimento de mitos, mas se assentam na
perspectiva inteiramente bíblica de Deus como Criador e Redentor, tendo sido
guardada na tradição familiar - como memória íntima do seio da Sagrada Família,
a concepção virginal conserva aquilo que realmente aconteceu. Para Bento XVI, a
cristologia desenvolveu-se dessa percepção primeira da concepção virginal. Só
depois da morte de Maria, sugere, é que esse mistério foi tornado público,
fazendo-se objeto de reflexão, instigando profundos estudos para a sua correta
compreensão.
Na continuidade de seu raciocínio, Raztinger fala de Virgílio,
romano que escreveu alguns versos em cerca de 40 a.C. falando de uma
linhagem que desceria do céu, de um menino que iniciaria uma nova era ("Iam
redit et virgo" - "Já retorna a virgem"), parecendo ir ao encontro de Isaías 7:14, mas as pressuposições do autor pagão são bem
diferentes: seu dizer se assenta na doutrina do ciclo das eras, no poder do
destino, numa perspectiva de que logo haveria uma grande mudança das eras - nos
tempos do Imperador Augusto, findando períodos de calamidades, eleva-se uma
esperança messiânica de paz, de uma nova ordem mundial. A figura da virgem, que
indica pureza, e do menino, o rebento divino, parecem propícias para ilustrar o
que se estava esperando. Para o papa emérito, no entanto, há uma divergência muito
grande entre esses alardes romanos e o texto bíblico: nem em Lucas e nem em
Mateus os versos da concepção virginal acenam para uma guinada cósmica ou para
o contato físico entre Deus e os homens - o relato, na verdade, é profundamente
humilde17.
O desinteresse de João Marcos na divulgação desse evento aos romanos, se ele o
conhecia, pode indicar, por conseguinte, que o autor não queria que ele fosse
associado precocemente às expectativas messiânicas pagãs, com as quais não se
relacionava.
Com relação às supostas similaridades entre os mitos
pagãos e a concepção virginal de Cristo, Lutzer acrescenta: os relatos sobre
Hércules, Perseu, Platão e Alexandre se fundam no politeísmo pagão, com suas
divindades luxuriosas, ciumentas e repletas de ódio, que interagiram
sexualmente com mulheres num contexto de fertilidade - esses deuses, ao manterem relações sexuais com humanas, o faziam também para obter prazeres. É loucura
sugerir que os evangelistas tomariam de empréstimo histórias dessa natureza para
sustentar a divindade e a perfeição de Cristo, indo em total desencontro com as
prescrições morais e teológicas do Antigo Testamento e firmemente assentadas no
imaginário dos judeus e dos cristãos - Jesus, para cumprir a Lei, não poderia
ser fruto do Pecado, e Deus, conforme evidenciado nas páginas
veterotestamentárias, diverge infinitamente do tipo de deus expressado pelo
politeísmo. De nada caberia aos interesses cristãos fazer o Mestre ser visto
como uma espécie de herói e semideus pagão. Quanto aos relatos sobre Platão e
Alexandre, a associação com a divindade foi cogitada depois de os indivíduos já
estarem famosos, enquanto, sobre Cristo, há profecias mais antigas18.
Acrescento aqui que nenhum herói da mitologia pagã é reconhecido como resultado
de um nascimento virginal - de qualquer modo, para o judeu do Primeiro Século
seria inconcebível construir uma história mitológica19.
"Mas há uma diferença enorme entre a atmosfera
das histórias pagãs e a de Lucas 1-2; e um paralelo que seja adequado à
história cristã pode ser alcançado apenas por certas reconstruções bastante
especulativas e complexas de fontes antigas. Paralelos não são necessariamente
fontes!"20
Há, ainda, alegações de que o relato da concepção
virginal fora cogitado para proteger Maria de uma condenação por adultério ou,
ainda, para fazer cumprir a profecia do Antigo Testamento. Todavia, Lucas era
um historiador experiente, e perceberia se o testemunho da parte de Maria fosse
mentiroso, assim como o perceberia José, se este também não tivesse recebido a
visita do anjo, e outras muitas pessoas de Nazaré, além de Isabel, prima de
Maria, e João Batista, filho de Isabel, se por Deus não tivessem sido visitados
- de qualquer maneira, não era largamente disseminada a espera do Messias por
vias virginais, como já foi dito. Os primeiros cristãos, especialmente os Doze,
muitos deles martirizados, dificilmente teriam pregado tão apaixonadamente a fé
cristã, e morrido por isso, conscientes de uma gritante mentira. Cabe, ainda,
ressaltar a simplicidade e moderação dos versículos que falam da concepção
virginal: não há chuva de ouro, não há floreios, não há a apresentação de
complexas interpretações teológicas, há apenas a breve indicação de que Maria
conceberia do Espírito Santo. Temos, com isso, relatos diretos do que
aconteceu, escritos para serem lidos e entendidos literalmente, sem
ambiguidades, sem mensagens secretas21.
Problemas textuais:
O problema fundamental quanto ao uso de Isaías 7:14
em Mateus 1:23 está na palavra "virgem": no hebraico de Isaías, "almah"
significa "jovem", mas no grego da Septuaginta essa palavra foi
traduzida por "parthenos", que significa "virgem". O texto
grego de Mateus usa, portanto, "parthenos", designando Maria como
virgem no advento da concepção, indicativo, segundo alguns, de um entendimento
errado do original de Isaías. Cabe-nos, com isso, dedicar o espaço que for
necessário para a resolução dessa questão.
No Dicionário Strong do Antigo Testamento,
"almah" significa, além de "jovem" - "moça",
"donzela" -, "virgem". Essa palavra geralmente é utilizada,
no AT, para moças que estão "em idade para casar" (Gn 24:43),
subentendendo sua virgindade - e foi assim que Mateus leu o versículo de Isaías
7. No Dicionário Strong do Novo Testamento, "parthenos" se aproxima
de "almah", indicando uma moça jovem, uma donzela, uma filha não
casada e, portanto, virgem22.
"Almah", conforme o hebraico de Isaías 7,
aparece também em Gênesis 24:43, Êxodo 2:8, Salmos 68:25, Provérbios 30:19 e Cântico
dos Cânticos 1:3 e 6:8, mirando, em todas essas passagens, uma moça solteira e
casta - são 9 usos no AT, tendo sido traduzida por "parthenos" em
dois lugares da Septuaginta, Gn 24:43 e Is 7:1423. De fato, "almah" era
usada no AT como indicativo de virgindade24 - é notável que "almah" se aplica apenas
antes de a moça consumar seu casamento, coabitando com seu marido25.
Do uso comum da palavra, dentre as possibilidades de significação, fica
evidente que Isaías 7 falava de uma virgem e que, portanto, Mateus não cometeu
um erro de interpretação, sendo "parthenos" uma palavra adequada para
traduzir "almah". Os tradutores responsáveis pela Septuaginta tiveram
"almah" por "parthenos" justamente porque "almah"
é propícia para falar de virgindade26 - não foi algo que eles tiraram do nada e não havia razão
alguma para, no contexto de 2 a.C., fazer a profecia de Isaías 7:14 significar
outra coisa.
Os judeus costumam levantar objeções quanto ao uso de
"almah" em Isaías 7, que subentende "virgem". Segundo eles,
a palavra que melhor combinaria com a proposta de Isaías seria
"b'atulah", indicativo de "mulher virgem", que aparece 51
vezes no Antigo Testamento hebraico (Gn 24:16; Lv 21:13; Dt 22:14, 23 e 28; Jz
11:37; 1 Rs 1:2) e é traduzida 44 vezes por "parthenos" na
Septuaginta. Contudo, "b'tulah" se aplica à mulher casada, não
solteira (Jl 1:8). Em oposição a isso, porém, W. E. Vine afirma que o termo
"b'tulah" tem significação pouco exata: não é possível saber se ele
indica uma mulher de fato virgem, uma mulher desposada ou uma mulher que já
perdeu a virgindade. Disso, Vine conclui que "almah" é a palavra mais
correta para falar de uma mulher que não está casada - tanto que, enquanto
Rebeca é chamada de "b'tulah" em Gênesis 24:43, é chamada de
"almah" em Gênesis 24:16. Disso entendemos a razão de Isaías não ter
feito uso de "b'tulah": era necessário ao contexto tratar de uma moça
que, além de virgem, fosse jovem, em idade para casar. A tradução da
Septuaginta sugere que os rabinos entendiam Isaías 7 como "virgem",
uma vez que era essa a significação de "almah" naquela época, e só
depois do advento do cristianismo é que tentaram procurar alternativas. Assim,
nos textos rabínicos gregos, "parthenos" passou a ser substituído por
"neanís", que significa "jovem". O uso cristão de
"parthenos" não foi inovação cristã, mas brotou do próprio
entendimento judaico27.
É interessante notar o uso de "parthenos"
no Novo Testamento como uma via de entendimento para Mateus 1:23 e Lucas 1:27:
Mt 25:1, 7 e 11; At 21:9; 1 Co 7:25, 28 e 33; 2 Co 11:2. Temos em
"parthenos", sem dúvida, a ideia de uma virgem, jovem, em idade para
estar casada, estando esposada ou não. Para McDowell, esta é uma evidência que
os redatores da Septuaginta esperavam o Messias de uma virgem28.
Para os que entendem que o Antigo Testamento não
fornece luz suficiente para o real significado de "virgem", cabe-nos
apontar para o estudo de Gerard Van Groningen, que cita cinco autoridades no
assunto, observando o uso da palavra ugarítica "galmatu", encontrada
em Rã Shamra. H. Wolf, uma dessas autoridades, alega que nos três lugares onde
"galmatu" ocorre, o equivalente exato de "almah" é usado
com referência a uma jovem que procura se casar, concluindo que, tanto em
ugarítico quanto em hebraico, "almah" significa "virgem"29.
A antiguidade da doutrina:
Há alegações de que o entendimento de Mateus 1:18 e
Lucas 1:26-38 sobre a virgindade de Maria não passa de um embuste cristão
tardio, visando reforçar os dogmas cristológicos. A análise cuidadosa dos
textos em questão, contudo, anula essa possibilidade: a teologia e a linguagem
dos capítulos neotestamentários que contém as passagens sobre a concepção
virginal se assemelham mais ao AT do que ao NT. Como já dito anteriormente, o
nascimento virginal não era uma prerrogativa popular de messianidade do
imaginário e das expectativas judaicas do período de Cristo - Isaías 7:14 não
era considerada uma passagem messiânica -, e o seu apontamento, portanto, não
tinha como razões primeiras a sustentação de uma cristologia já desenvolvida: para respaldar o
caráter messiânico de Jesus, ele foi entendido como o Messias do AT, o filho de
Davi. Além disso, nem Lucas e nem Mateus redigem alguma inferência a respeito
da divindade de Cristo com base no nascimento virginal, que apresentam como um
fato histórico e, no caso de Mateus, como o cumprimento de Isaías 7. É digno de
nota, ainda, que a questão da concepção virginal não fazia parte da pregação de
Jesus, não fazia parte dos discursos dos apóstolos e não fazia parte da mensagem
da Igreja Primitiva - não se tratava de um assunto controvertido, que merecesse
ser debatido naquele período. Essa realidade se altera no Século II d.C.,
período fértil de material trabalhando as nuances dessa temática.
O fato de ser uma ideia disseminada na Igreja já no
início Séc. II é notável, pois indica a antiguidade de sua aceitação nos
círculos mais amplos - Inácio, por exemplo, defende essa doutrina contra os
docéticos. O nascimento virginal só era negado pelos docéticos gnósticos e
pelos ebionitas.30
Nos relatos de Lucas e Mateus, devemos conceber a
intenção de se atestar a concepção virginal como vias de confirmação profética
e de descrição histórica dos eventos ligados ao nascimento de Cristo - apenas
posteriormente a cristologia incorporou a ideia, bastante lógica, por sinal, de
que um Salvador sem Pecado só poderia ser gerado de Deus, sem ter herdado a Maldição Adâmica. Cabe ressaltar que a comunidade cristã do Primeiro Século,
provavelmente em respeito à privacidade da família de Jesus, especialmente para
preservar Maria, tratava desse assunto com reservas31. Isso faz sentido quando se
percebe que a messianidade de Cristo poderia ser defendida sem se observar a
concepção virginal e que a sua exposição pública daria margem para acusações
sobre a ilegitimidade de Jesus - e tais acusações realmente foram desferidas.
Não havia necessidade de inventar esse milagre, pois existiam outros meios de
fundamentar a ideia da divindade do Messias - meios menos arriscados32.
O problema com "parthenos":
Há uma antiga acusação pagã contra o cristianismo que
afirma que Maria engravidou de um soldado romano chamado "Pantera" -
quem disse isso pela primeira vez foi Celso, no final do Século II d.C. A
literatura rabínica repetiu essa afirmação posteriormente. Mais recentemente, o
arqueólogo James Tabor citou a inscrição encontrada num túmulo de soldado
romano encontrado em 1859, na Alemanha, como evidência da declaração de Celso:
"Tuberius Julius Abdes Pantera, de Sidom, 62
anos de idade, soldado em serviço há 40 anos, da primeira coorte de arqueiros,
jaz aqui."
Tabor argumenta que "Abdes" é uma variação
de "ebed", que significa "servo" em hebraico. O arqueólogo
também percebe Sidom, razoavelmente perto da Galileia, como evidência de esse
Pantera ter sido um legionário romano atuante nas vizinhanças da cidade de
Maria. Fica em questão, porém, se esse soldado pôde ter tido contato com Maria
na data certa, entre 5 e 6 a.C. - ele precisaria ter a idade certa, estar no
lugar certo e no momento certo.
É evidente que a acusação de Celso foi digna de ser
trabalhada por cristãos dos primeiros séculos. Epifânio (315-403 d.C.) sugere
que Jacó Pantera fosse o pai de José, e temos Celso preservado por apologetas
como Orígenes, em meados do Século III d.C. Gente como Epifânio, porém, não
estava sustentando uma tradição vigente nos círculos cristãos, mas apenas
procurando meios de desqualificar a sugestão maldosa de Celso. Refutações do
Século IV d.C. em diante não oferecem nenhuma evidência de que o "Pantera"
de Celso tivesse existido antes de Celso o citar.
A melhor resposta às propostas de Celso e Tabor está
na própria palavra "parthenos": "Pantera", segundo Craig
Evans, seria uma alteração maldosa do grego "parthenos". Não seria
nada surpreendente que pagãos e judeus opositores do cristianismo daquele
período sugerissem e disseminassem esse tipo de calúnia33. F. F. Bruce
corrobora Craig Evans: "Ben Panthera" é indicativo, não de um soldado
romano chamado "Pantheras", mas da concepção virginal de Cristo,
sendo "pantera" uma corrupção do grego "parthenos"34.
O nascimento virginal contradiz outros textos bíblicos?
Os textos sobre a concepção virginal entram em
conflito com aqueles que falam de José como pai de Jesus (Jo 1:45 e 6:42; Lc
2:27, 33, 42, 43 e 48; Mt 13:55)? Perceba como Mateus e Lucas, que falam do
nascimento virginal, também falam da paternidade de José - e eles não tinham a
intenção de negar nenhuma das duas verdades. Aos que alegam acréscimos
posteriores ao texto original, fica a ausência de evidências: não há nada que
indique que os relatos da Natividade foram acrescentados aos autógrafos. Além
disso, no contexto judaico, a paternidade, além de biológica, podia ser legal:
se o pai aceitasse o filho, ele era legalmente tido como seu descendente,
herdeiro - assim, as indicações de José como pai de Jesus estão postas nos
termos da lei, não da genética. O fato de ter sido José quem deu o nome ao
menino Jesus (Mt 1:21) fundamenta a aceitação do Messias como filho, adotando-O
formalmente e, com isso, O tornando descendente de Davi. Ao que parece, o povo
de Nazaré reconheceu José como pai legítimo. Como Maria pertence a uma linhagem
levita, é possível que a sua genealogia também estivesse associada a de Davi35.
"A filiação era garantida pelo pai legal e, uma
vez que um homem se apresentava, servia para lembrar de quem a criança era
filha do ponto de vista legal." Christiane Rancé36
Notas sobre as
genealogias de Mateus e de Lucas:
A genealogia de Mateus aparece em Mt 1:1-17 e a de
Lucas está descrita em Lc 3:23-38. A primeira objetiva a herança legal dos
direitos reais ao Messias, enquanto a segunda O liga biologicamente às figuras
de destaque da história de Israel. De Abraão até Davi as duas genealogias se
combinam, desse ponto em diante, porém, Lucas segue a linhagem sacerdotal, pois
descreve a linhagem de Maria - Mateus, por sua vez, fala da linhagem real de
José. É interessante notar que as famílias real e sacerdotal se fundiram
diversas vezes por meio de casamentos - Arão uniu-se à realeza ao casar com
Eliseba (Êx 6:23), cujo irmão, Naassom, era de linhagem real (Mt 1:4);
Bate-Seba, esposa de Davi, também pertencia a uma família sacerdotal; José, por
fim, de família real, uniu-se a Maria, de família sacerdotal, descendente de
Arão (Lc 1:5 e 36). Disso podemos sugerir que Maria também poderia ter alguma
ligação com Davi37.
Outra observação importante sobre a genealogia de
Mateus, é que o termo "gerou", em grego "egennesen", indica
ancestralidade, e não paternidade real38.
A genealogia de Mateus, que enfatiza a linhagem de José, termina afirmando que José foi marido de Maria, "da qual nasceu Jesus". Nesse texto, fica em evidência o entendimento do autor de que Cristo tinha nascido apenas de Maria, não de José, o que ia de desencontro com as genealogias correntes: geralmente se ligava o filho ao pai, não à mãe - no caso de Jesus, porém, o pai não teve envolvimento na concepção, não podendo ser genitor biológico, apenas pai adotivo. Essa singularidade do texto de Mateus é evidência clara de sua consciência da concepção virginal39.
A genealogia de Mateus, que enfatiza a linhagem de José, termina afirmando que José foi marido de Maria, "da qual nasceu Jesus". Nesse texto, fica em evidência o entendimento do autor de que Cristo tinha nascido apenas de Maria, não de José, o que ia de desencontro com as genealogias correntes: geralmente se ligava o filho ao pai, não à mãe - no caso de Jesus, porém, o pai não teve envolvimento na concepção, não podendo ser genitor biológico, apenas pai adotivo. Essa singularidade do texto de Mateus é evidência clara de sua consciência da concepção virginal39.
A origem
incomum de Jesus:
É relevante perceber que João Marcos, no texto que
equivale a Mt 13:55 (Mc 6:3), retira qualquer referência a José, pondo a
maternidade de Maria em total evidência - "filho de Maria" -, o que é
um modo bastante incomum de falar da ascendência na cultura judaica, indicando,
segundo alguns, que Marcos tinha conhecimento da concepção virginal e, ainda,
que o público tinha noção de alguma anormalidade no que se referia às
origens de Jesus. Em Jo 8:41 os oponentes de Cristo deixam explícito esse
conhecimento, acusando-O de ilegítimo, o que foi feito até mesmo durante o Séc.
II. Evidentemente, tal ofensa não foi proposta pelos cristãos, assim como
dificilmente teria sido inventada pelos não-cristãos: ela precisava encontrar
raízes em fatos primeiros acerca dos eventos incomuns relacionados à
Natividade40.
José era noivo de Maria no advento da concepção de
Cristo. Naquele período, o noivado judaico tinha bases legais firmadas, só
podendo ser rompido mediante divórcio, e os noivos não mantinham relações
sexuais. Ao receber a visita do anjo, em Lucas, Maria deixa claro que é virgem (Lc
1:34). Apesar de estarem legalmente unidos, era possível, nessa etapa
pré-nupcial, que o noivo, José, revogasse o noivado com uma carta de rejeição,
se tivesse suspeitado de traição e adultério41.
José, homem justo, contudo, não o fez, confiando em Maria e na visão que também
tivera.
A profecia de Isaías 7:14:
É necessário, ainda, que analisemos com alguma atenção
os pormenores da profecia de Isaías, para entendermos corretamente o seu uso em
Mateus. Num primeiro momento, a promessa do "filho da jovem virgem"
se referia ao contexto imediato de Israel nos tempos do profeta Isaías, que
redigiu seu livro entre 740 e 680 a.C. Nesse período, a Síria e Efraim (o Reino
do Norte de Israel) se rebelaram contra o rei da Assíria e se colocaram a
forçar Judá a se aliar a eles, mesmo que isso custasse a retirada de Acaz do
trono. Por volta de 735 a.C., Acaz confrontou os exércitos de Rezim, rei da
Síria, e Peca, rei de Israel, que avançaram sobre Jerusalém para castigá-lo,
uma vez que ele negou as propostas de aliança contra o assírio Tiglate-Pileser
III. O contexto imediato da profecia de Isaías, portanto, é de temor e
ansiedade nas terras de Acaz.
A profecia foi proferida pelo profeta ao rei de Judá
como uma forma de incentivá-lo a crer antes em Deus do que na Assíria, uma vez
que o Criador já havia decretado o fim dos reinos que o atormentavam. 65 anos
depois, Esar-Hadom (681-668 a.C.) cumpriu cabalmente a profecia, tomando a
Síria e Israel e assentando estrangeiros em suas terras. Como sinal de Deus
para confirmar a mensagem profética, uma virgem (do harém de Acaz ou a mulher
com quem Isaías casou-se e teve um filho) iria conceber um filho que teria
entre 12 e 14 anos, idade suficiente para a realização de escolhas morais,
quando a Síria e Israel fossem inicialmente capturados pela Assíria, o que começou a acontecer em 732 a.C.42.
Há, contudo, algumas complicações nessa passagem.
Segundo a Bíblia de Estudo Defesa da Fé, nos comentários de Gary Smith, a ideia
da vinda desse "Emanuel", que significa "Deus Conosco", não
se aplica ao rei Acaz, pois seu bom filho Ezequias já era nascido na época da
profecia, e nem ao profeta Isaías, que já tinha filhos e, portanto, sua esposa
não era mais virgem. Com base nisso, muitos entendem que o texto faz referência
apenas ao futuro nascimento do Messias, o verdadeiro "Deus Conosco"43. Charles C. Ryrie,
por sua vez, fala de Isaías tendo um filho com sua segunda esposa - ele se
casou com uma profetiza (Is 8:3) depois dessa profecia, tendo com ela o filho
Maher-Shalal-Hash-Baz. A primeira esposa de Isaías, supõe-se, morreu depois de
ter Sear-Jasube, o filho que acompanhou o profeta diante do rei Acaz. No espaço
de doze anos após desferida a profecia, Damasco foi capturada pela Assíria (732
a.C.) e Israel caiu (722 a.C.)44.
Merril F. Unger observa, porém, que a profecia de
Isaías 7:14 evidencia um contexto muito mais abrangente do que o do mero
nascimento de uma criança, indicando a aplicação do sinal para além da casa de
Acaz, ligando-o a toda a casa de Davi - o uso de "vos", plural,
sugere isso45. F. Derek Kidner, no Comentário Bíblico Vida Nova, deixa
claro que, enquanto Acaz pretendia participar dos jogos políticos humanos, Deus
providenciaria Seu próprio sinal, mas para um público maior do que o círculo
próximo do presente rei, abarcando toda a dinastia davídica. Esse
"Emanuel", que é Deus gerando uma criança enquanto o rei busca um
exército, tem a sua identidade esclarecida posteriormente, em Isaías 9:6-7 e
11:1-5. O fato de a vinda de Cristo ter acontecido muito tarde para a profecia
ter aplicação completa no tempo de Acaz, não implica em erro profético, uma vez
que ela referia-se a toda a casa de Davi, isso num período na qual ela estava
ameaçada - considere que os tempos verbais hebraicos para "conceberá"
e "dará à luz" são indeterminados, não havendo distinção entre
presente e futuro, podendo, portanto, aplicar-se à casa de Davi de uma maneira atemporal, servindo para o
tempo de Isaías e para o tempo de Jesus, por meio de José. Apesar disso, é
possível que Isaías 7 tenha tido um cumprimento imediato: a cronologia da
concepção até a idade da consciência moral, 12-14 anos, carregava forte simbolismo, Emanuel pode ter sido o nome que alguma criança daquele tempo realmente recebera, ou, em termos hierárquicos, se enraizou na esperança associada ao nascimento de uma criança da casa real, ainda que Ezequias não
estivesse ligado a esse sinal46.
Diante desse quadro, percebemos que a profecia de
Isaías 7 possui duplo cumprimento: foi pensada para se consolidar de alguma
maneira já nos dias de Acaz, mas também para apontar para o Messias que estava
por vir, Aquele que restauraria a casa de Davi - a Aliança Davídica, descrita
em 2 Sm 7:8-16, afirma que a dinastia de Davi duraria para sempre, liderando um
Reino sem fim. Esse Messias seria, de fato, o "Deus Conosco", o Deus
Encarnado. A ligação da profecia de Isaías 7:14 com outras do mesmo livro,
reconhecidamente messiânicas, aponta com maior precisão para Jesus Cristo:
Isaías 9:1-6 está falando explicitamente que o menino será o próprio Deus, como
fica claro no versículo 5 - "Porque um menino nos nasceu, um filho nos foi
dado, ele recebeu o poder sobre os seus ombros, e lhe foi dado este nome:
Conselheiro-Maravilhoso, Deus-forte, Pai-para-sempre, Príncipe-da-paz" (Bíblia
de Jerusalém) -, e Isaías 11:1-9, historicamente entendido como
indicativo de que o Messias seria descendente de Jessé, pai de Davi. Considero
relevante atentar para a natureza messiânica de outras passagens de Isaías: o
capítulo 61, que Jesus começa a ler em Lucas 4:18-19, era entendido, no período
próximo do nascimento de Cristo, como messiânico, conforme o meu artigo do
Entre o Malho e a Bigorna, "Jesus Afirmou ser o Messias? Declarou ser Deus?", e o capítulo 53, referente ao Servo Sofredor e historicamente
ligado a Cristo, também era tido como uma profecia referente ao Messias, o
que consta em meu artigo do Entre o Malho e a Bigorna, "Isaías 53 Fala de Cristo?"
J. M. Frame ajuda a sustentar a perspectiva do duplo
cumprimento de Isaías 7:14: segundo ele, para Mateus a ideia de
"cumprimento profético" poderia assumir dimensões estéticas, indo
além do relacionamento claro entre "predição" e "evento
predito", conforme se evidencia no uso de Zc 9:9 em Mt 21:1-4 - nesse
sentido, o "cumprimento" chama a atenção do leitor à profecia de uma
maneira surpreendente ou estranha, possivelmente fora do que o próprio profeta
sabia acerca de sua predição. Acontece, então, de o nascimento virginal
espantosamente se acomodar como um segundo cumprimento ao que proferiu Isaías47. De todo modo, se juntarmos as
exigências de textos como Isaías 7:14, 6:1-9, 11:1-9, 61:1-3 e 53, não podemos
pensar em ninguém contemporâneo ao profeta - e só podemos olhar para o Filho de
Deus.
Perceba, leitor, como Mateus não teria dificuldades
de associar imediatamente o que ouvira sobre o nascimento virginal de Cristo ao
texto de Isaías 7:14. Essa passagem só não havia se tornado base para uma
expectativa messiânica numa perspectiva de nascimento virginal, pois tal ideia
quase não estava presente no judaísmo palestino e não era unânime entre os
judeus helênicos, mas não haveria nenhuma complicação, avaliando o contexto
geral do livro de Isaías, para um judeu instruído remeter-se ao versículo 14 do
capítulo 7 ao ouvir falar da concepção e do nascimento virginal do Mestre.
Evidentemente, nenhum judeu estaria disposto a se entregar a boatos infundados:
o que se dizia acerca dos milagrosos eventos associados ao nascimento de Cristo
só teria valor como sinal de messianidade se viesse como complemento a outros
eventos e ações messiânicas de conhecimento público, como a ligação com o rei
Davi, os reconhecidos milagres, a profunda sabedoria e autoridade, a exposição
de uma Nova Aliança, a Crucificação e, especialmente, a Ressurreição e a Ascensão
aos céus - esses eventos últimos estão registrados no mais antigo credo cristão
de que temos conhecimento, formulado entre os primeiros meses e anos após o
término do ministério de Jesus, conforme o meu artigo do Entre o Malho e a
Bigorna, "Quão Antigas Podem Ser as Tradições Cristãs?". Está claro
que ninguém acreditaria que uma pessoa irrelevante teria nascido
sobrenaturalmente - acreditaram no singular nascimento do Mestre porque Ele
levou uma vida extraordinária.
Conclusão:
Não há razões bíblicas para duvidar da concepção e do
nascimento virginal de Cristo. Não há erro de tradução ou de interpretação, não
há um embuste tardio da parte dos cristãos, não há razões para os cristãos
terem inventado a ideia de que Maria era virgem quando concebeu - a
simplicidade e literalidade do texto não deixam dúvidas sobre a sua
autenticidade. A ideia não veio de mitos pagãos, também não brotou de
interesses de proteger Maria de um suposto adultério, tampouco nasceu de uma
relação de Maria com um legionário romano. O que temos é uma história familiar,
que ficou restrita ao círculo mais próximo da Sagrada Família até a morte da
mãe de Jesus, vindo a desenvolver a cristologia quando exposta publicamente e difundido-se largamente entre a absoluta maioria dos cristãos já no
Séc. II. Ninguém pode levantar contestações substanciais em termos históricos e
bíblicos contra a doutrina do nascimento virginal - o que podem fazer é partir
da pressuposição de que milagres não acontecem e, disso, formular argumentos.
Considere, leitor, que acusações baseadas em
pressuposições e preconceitos, como a impossibilidade de que a normalidade da
natureza possa ser burlada por um elemento externo, sobrenatural, não se
justificam. Nesse assunto, o opositor do cristianismo é obrigado a pensar a
partir da pressuposição, enquanto nós, cristãos, somos levados a refletir
partindo de elementos sólidos, firmemente enraizados na coerência histórica e
textual.
C. S. Lewis magistralmente nos informa que os
primeiros cristãos creram no milagre do nascimento virginal não por serem
ignorantes acerca de como uma mulher engravida, mas justamente por terem
consciência de como uma gravidez normalmente começa e se desenvolve - a crença
no milagre pressupõe o entendimento da normalidade da natureza, pois só se pode
atribuir extraordinariedade a algo se conhecermos o seu funcionamento
ordinário. Ninguém se maravilharia com o nascimento virginal se não conhece o
básico sobre a concepção e a gravidez natural48. Se os primeiros
cristãos se maravilharam, por qual razão não devemos nós, no Séc. XXI, nutrir
igual espanto diante do inquestionável toque do Eterno na realidade humana? Não
estamos falando de um mito deslocado do tempo, estamos falando da figura
história de Jesus de Nazaré! Estamos falando do Deus Conosco, do Redentor, do
Deus que se fez carne, dAquele que nasceu sem Pecado para que pudesse pagar o
preço de sangue pelas nossas faltas, cobrindo com Seus méritos todos quantos
ouvirem Seu chamado ao arrependimento, dando fim à Maldição Adâmica. Ele é o
Perfeito que, feito homem, pode nos levar ao Pai, ao Perfeito! E é esse o
significado da Encarnação, é esse o significado do Natal!
Natanael Pedro Castoldi
Fontes:
1 - O Novo Testamento, Sua Origem e Análise, Merril C.
Tenney, SHEDDPublicações, 2011, pg 162
2- Jesus, o Deus Surpreendente, Gérard Bessière, Objetiva,
1993, pg 145, citando Hugues Cousin
3- Manual Bíblico Unger, Merril Frederick Unger, Vida Nova,
2006, pg 412
4 - Merece Confiança o Novo Testamento, F. F. Bruce, Vida
Nova, 2010, pgs 55-56
5 - Cristo Entre Outros Deuses, Erwin E. Lutzer, CPAD, 2011,
pg 74
6 - Merece Confiança o Novo Testamento, F. F. Bruce, Vida
Nova, 2010, pg 50
7 - Uma História Politicamente Incorreta do Cristianismo,
Robert J. Hutchinson, Agir, 2012, pg 13
8 - Cristo Entre Outros Deuses, Erwin E. Lutzer, CPAD, 2011,
pg 73
9 - Merece Confiança o Novo Testamento?, F. F. Bruce, Vida
Nova, 2010, cap. 4, pgs 48-49
10 - Merece Confiança o Novo Testamento?, F. F. Bruce, Vida
Nova, 2010, cap. 4, pgs 41- 42
11 - O Novo Testamento, Sua Origem e Análise, Merril C.
Tenney, SHEDDPublicações, 2011, pg 204
12 - Bíblia de Estudo Defesa da Fé, CPAD, 2010, pg 1655, comentários
de Craig L. Blomberg
13 - Comentário Bíblico Vida Nova, D. A. Carson, R. T.
France, J. A. Motyer e G. J. Wenham, Vida Nova, 2012, pg 1479, comentários de
I. Howard Marshall
14 - Cristo Entre Outros Deuses, Erwin E. Lutzer, CPAD,
2011, pg 74; Manual de Dificuldades Bíblicas, Norman Geisler e Thomas Howe,
Mundo Cristão, 2015, pg 225
15 - Jesus, o Deus Surpreendente, Gérard Bessière, Objetiva,
1993, pgs 145-146, citando Hugues Cousin; Bíblia de Estudo Plenitude, Sociedade
Bíblica do Brasil, 2011, pg 955, comentário de J. Lyne Story
16 - Cristo Entre Outros Deuses, Erwin E. Lutzer, CPAD,
2011, pg 73
17 - A Infância de Jesus, Joseph Ratzinger, Planeta, 2012,
pgs 48-51
18 - Cristo Entre Outros Deuses, Erwin E. Lutzer, CPAD,
2011, pgs 73-74
19 - Evidências da Fé Cristã, Josh McDowell, Org. Bill
Wilson, Hagnos, 2014, pg 213
20 - Comentário Bíblico Vida Nova, D. A. Carson, R. T.
France, J. A. Motyer e G. J. Wenham, Vida Nova, 2012, pg 1479, comentários de
I. Howard Marshall
21 - Cristo Entre Outros Deuses, Erwin E. Lutzer, CPAD,
2011, pgs 74-77
22 - Bíblia de Estudo Palavras-Chave, CPAD, 2011, pgs 1842 e
2343
23 - A Bíblia de Estudo Anotada Expandida, Charles C. Ryrie,
Mundo Cristão, 2007, pg 665; Bíblia Apologética com Apócrifos, ICP, 2014, pg
967
24 - Bíblia de Estudo Defesa da Fé, CPAD, 2010, pg 1473,
comentários de Alan Hultberg
25 - Comentário Bíblico Vida Nova, D. A. Carson, R. T.
France, J. A. Motyer e G. J. Wenham, Vida Nova, 2012, pg 965, comentários de F.
Derek Kidner
26 - O Novo Comentário Bíblico do Antigo Testamento, Earl D.
Radmacher, Ronald B. Allen e H. Wayne House, Central Gospel, 2010, pg 1034
27 - Bíblia Apologética com Apócrifos, ICP, 2014, pg 869;
Novas Evidências que Demandam um Veredito, Josh McDowell, Hagnos, 2013, pg 360;
Enciclopédia de Dificuldades Bíblicas, Gleason Archer, Vida, 1998, pg 286
28 - Novas Evidências que Demandam um Veredito, Josh
McDowell, Hagnos, 2013, pg 360
29 - Bíblia Apologética com Apócrifos, ICP, 2014, pg 869
30 - Enciclopédia Histórico-Teológica da Igreja Cristã,
Walter A. Elwell, Vida Nova, 2009, Volume 3, pgs 5-7, artigo de J. M. Frame;
Evidências da Fé Cristã, Josh McDowell, Org. Bill Wilson, Hagnos, 2014, pg 212
31 - Enciclopédia Histórico-Teológica da Igreja Cristã,
Walter A. Elwell, Vida Nova, 2009, Volume 3, pgs 5-7, artigo de J. M. Frame
32 - Bíblia de Estudo Defesa da Fé, CPAD, 2010, pg 1592,
comentários de Alan Hultberg
33 - O Jesus Fabricado, Craig Evans, Cultura Cristã, 2009,
pgs 195-196
34 - Merece Confiança o Novo Testamento? F. F. Bruce, Vida
Nova, 2010, pg 133
35 - Enciclopédia Histórico-Teológica da Igreja Cristã,
Walter A. Elwell, Vida Nova, 2009, V. 3, pg 7, artigo de J. M. Frame;
Comentário Bíblico Vida Nova, D. A. Carson, R. T. France, J. A. Motyer e G. J.
Wenham, Vida Nova, 2012, pg 1364; Comentário Histórico-Cultural do Novo
Testamento, Lawrence O. Richards, CPAD, 2014, pgs 10-11; Bíblia de Estudo Defesa
da Fé, CPAD, 2010, pg 1592, comentários de Alan Hultberg
36 - Jesus, Christiane Rancé, L&PMPocket, 2012, pg 76
37 - A Bíblia em Ordem Cronológica, Orgs. Edward Reese e
Frank Klassen, Vida, 2003, pg 1020
38 - Bíblia de Estudo Defesa da Fé, CPAD, 2010, pgs
1472-1473, comentários de Alan Hultberg; Comentário Histórico-Cultural do Novo
Testamento, Lawrence O. Richards, CPAD, 2014, pg 10
39 - A Bíblia de Estudo Anotada Expandida, Charles C. Ryrie,
Mundo Cristão, 2010, pg 914
40 - Enciclopédia Histórico-Teológica da Igreja Cristã,
Walter A. Elwell, Vida Nova, 2009, V. 3, pg 7, artigo de J. M. Frame
41 - Comentário Bíblico Vida Nova, D. A. Carson, R. T.
France, J. A. Motyer e G. J. Wenham, Vida Nova, 2012, pg 1365
42 - A Bíblia de Estudo Anotada Expandida, Charles C. Ryrie,
Mundo Cristão, 2010, pgs 664-665; Manual Bíblico Unger, Merril Frederick Unger,
Vida Nova, 2006, pg 249; Bíblia de Estudo Defesa da Fé, CPAD, 2010, pg 1077,
comentários de Gary Smith
43 - Bíblia de Estudo Defesa da Fé, CPAD, 2010, pg 1077,
comentários de Gary Smith
44 - A Bíblia de Estudo Anotada Expandida, Charles C. Ryrie,
Mundo Cristão, 2010, pgs 664-665; Manual Bíblico Unger, Merril Frederick Unger,
Vida Nova, 2006, pg 249
45 - Manual Bíblico Unger, Merril Frederick Unger, Vida
Nova, 2006, pg 249
46 - Comentário Bíblico Vida Nova, D. A. Carson, R. T.
France, J. A. Motyer e G. J. Wenham, Vida Nova, 2012, pg 965, comentários de F.
Derek Kinder
47 - Enciclopédia Histórico-Teológica da Igreja Cristã,
Walter A. Elwell, Vida Nova, 2009, V. 3, pg 7, artigo de J. M. Frame
48 - Evidências da Fé Cristã, Josh McDowell, Org. Bill
Wilson, Hagnos, 2014, pg 213; Apologética Cristã Para o Século XXI, Louis
Markos, Central Gospel, 2013, pgs 57-62.
Bem explicito... o nascimento virginal para nós cristãos é inconteste.
ResponderExcluirUm grande equívoco ao interpretar ao texto sagrado João 8:41
ResponderExcluirOlá, a palavra no texto original (grego) é realmente pornéia (prostituição).
No Antigo Testamento a palavra hebraica usualmente utilizada para prostituição significa:
1) Cometer adultério
2) Ser uma prostituta
3) Cometer prostituição
4) Ser uma prostituta cultual (como uma profissão nos templos pagãos)
5) Ser infiel a Deus.
No livro do Apocalipse a palavra mais utilizada para prostituição é pornéia, os significados desta
palavra são:
1) relações sexuais ilícitas
2) adoração de ídolos (sentido metafórico)
Na Bíblia tanto práticas sexuais fora do casamento, como infidelidade a Deus, são condenados, e
chamados de prostituição. O sentido figurado desta palavra é interessante. Na Bíblia a igreja é
chamada de noiva e Jesus é chamado de esposo. Então adorar ídolos ao invés de adorar ao
único Deus verdadeiro é uma traição à Jesus, é uma prostituição! Algo completamente fora de
propósito.
Perceba, leia: João 7:52
Eles responderam: Você também é da Galiléia? Verifique e você descobrirá que da Galiléia não
surge profeta. Mas, porque os fariseus responderam isso a Nicodemos?
Leia: 2Reis 17:1-23
No ano de 722 a.C, o reino de Israel estava dividido, em reino do norte e reino do Sul, então
o reino do Norte foi conquistado pelo rei Salmaneser da Assíria. O povo foi levado para o exílio
na Assíria, a terra do Norte ficou desolada, abandonada. Então o rei decidiu repovoar aquela
região. O que ele fez?
Leia: 2Reis 17:24-41
O rei trouxe povos pagãos para habitar ali, e o povo Judeu do Norte se tornou idólatra como as
outras nações, passou a se "prostituir" com os deuses deste mundo.
Então os fariseus que discutiam com Jesus, ao tratá-lo dessa maneira, queriam dizer: "Você veio
da Galiléia, é descendente daquele o povo impuro, misturado e adúltero", adoravam a outros
deuses, traindo ao nosso Pai celestial".
Lembram da resposta de Natanael?
João 1:40-46
"Pode haver coisa bem-vinda de Nazaré? Disse-lhe Felipe: Vem e vê”.
Por gentileza, procurem um mapa, Nazaré, Galiléia, Samaria, todas estão situadas na região
norte!!! Quantas vezes vocês encontram na bíblia os profetas: Jeremias, Isaías... o Senhor tratando
Jerusalém por prostituta? Leiam a Santa Escritura!!! Jeremias 3 (como exemplo).
E mais, na conversa entre eles, existem dois tipos de figura paterna: Abraão e Deus. O que
ficou muito claro na resposta dos fariseus:
João 8:41 parte b
"Nós não somos filhos ilegítimos. O Único Pai que temos é Deus"(espiritual).
Perceba, a resposta não foi nosso "pai Abrãao"(carnal). Logo, o assunto sobre o pai Abraão
(carnal) foi discutido nos versos anteriores, sendo que Jesus já teria afirmado que realmente
eram filhos de Abraão".
O pai que Jesus se referia era Satanás.
João 8:42
Disse-lhes Jesus: "Se Deus fosse o Pai de vocês, vocês me amariam”...
Agora vem o fechamento:
João 8:44
Jesus: "Vocês pertencem ao pai de vocês, o Diabo"(espírito). A discussão aqui é paternidade
espiritual, Deus (espírito) é a verdade e a vida...
Satanás (espírito) é a mentira, o engano...
João 14:6
Respondeu Jesus: "Eu sou o caminho, a verdade e a vida. Ninguém vem ao Pai, a não ser por
mim.
Louvado seja o nome do Senhor!!!
ResponderExcluirUm Prebisteriano me disse sobre essa Historia Ficticia de Jesus ser filho desse suposto Pandera:''Esta lenda foi criado por um romano chamado Celsus, inimigo do Cristianismo.
Ele escreveu isso por volta de 180 d.C., muito tempo depois dos fatos e dos registros do nascimento de Jesus. Não há qualquer veracidade na lenda...''
citarei 2 Estudiosos:
FF Bruce:
"(...) O designativo BEN PANTERA (FILHO DE PANTERA) provalvelmente diz respeito não (como se tem por vezes aventado) a um soldado romano chamado Pantheras, mas à crença cristã no nascimento virginal de Cristo, PANTERA sendo simples corruptela do termo grego parthénos (virgem).(...)" (FF Bruce, Merece confiança o Novo Testamento, fls 132-133)
André Chevitarese
"(...) Dos argumentos apresentados por Celso, convém observar: (a) não há como saber se essa história foi contada por um judeu (b)ela deveria ter começado a circular entre os judeus helenistas da diáspora a partir da segunda metade do século II, já que Justino , no seu Diálogo com Trifon (48.2), datado de 150, não registra qualquer informação ou indício que sugira um conhecimento a respeito desta situação (...)" (Chevitarese, Cornelli e Salvatici, Jesus de Nazaré, uma outra história, fl. 51).
O Judeu Joseph Klausner afirmou:
''Não ha base histórica para a tradição do nascimento ilegitimo de Yeshua ".
Mais como surgiu essa Historia Falsa e por que passaram a chama- lo de Filho de pantera?
'...por ser Maria uma virgem, Jesus começou a ser conhecido por Joshua-ben-ha-Parthenos, sendo que Parthenos em Grego significa virgem. Com segundas intenções
Creio que Jesus é O Filho de Javé e que Nasceu da Virgem Maria.
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