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Quão Antigas Podem ser as Tradições Cristãs?

Não é nada incomum lermos ou ouvirmos por aí críticos afirmando que as doutrinas fundamentais do cristianismo, como a divindade e Ressurreição de Cristo, a divindade do Espírito Santo e a existência da Trindade, são todos conceitos tardios. Para a sustentação dessas alegações, se tornam necessárias para tais indivíduos as sugestões de que o Novo Testamento que temos hoje é produto tardio e de que as doutrinas centrais da nossa fé foram construídas muito tempo depois dos "eventos verdadeiros", partindo do pressuposto de que não houve nada de sobrenatural em Cristo Jesus e de que o que temos em mãos, portanto, não passa de uma mitologização da realidade. Com base nisso, é certo que o primeiro passo para desmantelarmos tais suposições reside na demonstração da antiguidade da fé cristã em suas doutrinas fundamentais - conseguindo evidenciar que as noções da divindade e Ressurreição de Jesus, da divindade do Espírito Santo e da existência da Trindade já estão presentes na mente cristã desde as primeiras décadas, antes do tempo necessário para corrupções mitológicas, criaremos para os céticos a necessidade de procurar fundamentação noutras áreas. Será que temos evidências antigas o suficiente para esse tipo de demonstração?

- O Credo de 1 Coríntios 15:1-8:
"Lembro-vos, irmãos, o Evangelho que vos anunciei, que recebestes, no qual permaneceis firmes, e pelo qual sois salvos, se o guardais como vo-lo anunciei; doutro modo, tereis acreditado em vão.
Transmiti-vos, em primeiro lugar, aquilo que eu mesmo recebi: //Cristo morreu por nossos pecados, segundo as Escrituras. Foi sepultado, ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras. Apareceu a Cefas, e depois aos Doze. Em seguida, apareceu a mais de quinhentos irmãos de uma vez, a maioria dos quais ainda vive, enquanto outros já adormeceram. Posteriormente, apareceu a Tiago, e, depois, a todos os apóstolos.// Em último lugar, apareceu também a mim como a um abortivo." Da Bíblia de Jerusalém.

O Credo propriamente dito encontra-se dos versículos 3 ao 7, conforme destacado acima. Considerando que os credos tenham desenvolvido-se em períodos posteriores, a Bíblia Apologética com Apócrifos, da ICP, 2014, pg 1474, afirma que Paulo transcreve em determinados trechos das suas epístolas, declarações semiestereotipadas que serviam como confissões de fé correntes na primeira metade do Primeiro Século - esse tipo de declaração, além de 1 Coríntios 15:3-7, aparece na afirmação "Jesus Cristo é o Senhor" de Romanos 10:9 e 1 Coríntios 12:2, por exemplo. A poderosa confissão, conhecida como "Credo Primitivo", é interessante por destoar do estilo de escrita paulino, evidenciando, conforme a expressão "Entreguei o que também recebi", que se trata de uma tradição pré-paulina e, desse modo, antiquíssima. A abordagem de Paulo deixa claro que os destinatários já a conheciam, precisando apenas relembrar essa proclamação da páscoa. É seguro afirmar que se trata do credo mais antigo do cristianismo, embora não possua um caráter tão oficial quanto os credos que foram formulados posteriormente.

Segundo a Bíblia de Estudo Defesa da Fé, CPAD, 2010, pgs 1833-1834, nas notas de Paul W. Barnett, é bastante possível que Paulo tenha recebido o Credo Primitivo 20 anos antes da confecção da Primeira Epístola aos Coríntios. Segundo Gary Habermas, Ph.D., Em Defesa de Cristo, Lee Strobel, Vida, 2011, pg 303 (no livro de Strobel, tomei as ideias de Habermas das páginas 302-317), 1 Coríntios foi redigida entre 55 e 57 d.C. Para Barnett (Bíblia de Estudo Defesa da Fé, CPAD, pgs 1809-1810), em 54 d.C., já que, segundo Atos dos Apóstolos, Paulo estivera em Corinto de 50 até 52 d.C., indo para Éfeso alguns meses depois, onde permaneceu por aproximadamente 3 anos, tendo escrito a epístola em questão no final de sua estada em Éfeso, que dá em 54 d.C. Como Paulo estivera em Corinto por volta de 51 d.C. e deixa claro que ele transmitira o Credo anteriormente aos coríntios, é certo que o Credo é anterior à década de 50 d.C. (Em Defesa de Cristo, pg 303). A datação de 1 Coríntios encontra sustentação em dois eventos romanos cujas datas são conhecidas e que Lucas cita em Atos: a expulsão dos judeus de Roma em 49 d.C., por ordem do imperador Cláudio (base nos textos do historiador Suetônio, Claudius 25.4), que levou Áquila e Priscila a Corinto (At 18:2), e o ano da nomeação de Gálio como governador da Acaia, meados de 52 d.C. (base na inscrição de Gálio em Delfos) - Lucas observou, em Atos 18:12, que Gálio era procônsul da Acaia enquanto Paulo se encontrava em Corinto. 

Quando entendemos essa datação e recuamos vinte anos, atingimos a década de 30 d.C. Segundo Barnett, Paulo pode ter recebido conhecimento do Credo Primitivo no seu batismo, em Damasco, tendo-o transmitido aos coríntios quando instalou a igreja em Corinto - esse resumo da fé cristã foi desenvolvido, portanto, entre a Ressurreição de Cristo e o chamado e batismo de Paulo. Conforme Barnett, a confissão de fé foi levada para Damasco por meio dos cristãos que fugiam da perseguição paulina, onde ela era entregue aos novos convertidos no momento do batismo. Isso nos leva a concluir que é bastante possível que 1 Coríntios 15:3-7 seja a primeira formulação do cristianismo apresentada no Novo Testamento, 15 anos mais antiga do que as primeiras cartas de Paulo.

A defesa de Habermas (Em Defesa de Cristo, Vida) desenvolve-se da seguinte forma: primeiro ele sustenta que ninguém duvida que Paulo foi o autor de 1 Coríntios - Barnett (Bíblia de Estudo Defesa da Fé, CPAD) afirma que são poucos os que duvidam da autoria paulina e aponta para a existência de manuscritos do Século II que já apresentam o texto integralmente. Em seguida, para observar que temos em mãos um documento escrito por uma testemunha ocular do Cristo ressurreto, Habermas observa duas passagens de 1 Coríntios nas quais o apóstolo confirma que viu Jesus pessoalmente - 1 Coríntios 9:1 e 15:8. Ora, se ele próprio viu Jesus, o Credo Primitivo deixa de ser apenas algo que ele recebeu dos outros e que lhe exige fé: ele mesmo viu o Mestre e, com isso, autentica poderosamente aquilo que recebeu. Ao declarar que Cristo apareceu ressurreto aos apóstolos Pedro e Tiago e para mais 500 pessoas, muitas das quais ainda vivas, Paulo está fornecendo, com base em uma confissão desenvolvida imediatamente após a Ressurreição e precisamente na cidade onde Jesus voltou dos mortos, uma demonstração poderosíssima da divindade do Mestre - ao apontar os nomes de duas testemunhas específicas, o apóstolo conferiu bastante peso ao relato, ainda mais porque Tiago foi cético quanto ao ministério de Jesus Cristo durante todo o seu desenrolar, conferindo uma densidade argumentativa ainda maior ao que é dito, já que o irmão do Messias (Mateus 13:55) não teria crido se não O tivesse visto glorificado e poderia desmentir o Credo Primitivo se a formulação estivesse equivocada. Como Tiago fora líder na Igreja de Jerusalém nos anos que sucederam a Ressurreição de Cristo (Atos 1:14 e Atos 15:13), até ser morto por apedrejamento em 62 d.C., conforme Josefo - Hegesipo, citado por Eusébio, fala do ano 66 d.C. (Bíblia de Estudo das Profecias, John C. Hagee, Atos, 2005, pg 1434) -, poderia facilmente ter suprimido esse credo em caso de fraude - Bíblia de Estudo Arqueológica, Vida, 2013, pg 1880. É interessante notar que Tiago foi martirizado por insistir na Ressurreição de Jesus. O Novo Dicionário da Bíblia, J. D. Douglas, Vida Nova, 2012, "Tiago", pg 1335.

Tiago foi cético com relação ao ministério de Cristo, e Pedro, como um camponês galileu com a mente enraizada na cosmovisão hebraica, não iria, por natureza, se deixar levar por qualquer boato miraculoso sobre Jesus, até porque foi ele que negou o Messias três vezes durante o processo do julgamento e crucificação do Mestre. Assim como os outros, exceto o apóstolo João, Pedro fugiu e se escondeu, amedrontado e decepcionado, após a morte de Cristo. Mas no momento da redação de Paulo em 1 Coríntios, o apóstolo Pedro estava pregando o Evangelho fervorosamente - apenas alguns dias depois da Ascensão do Messias aos Céus, Pedro posicionou-se como figura de destaque na Igreja, proclamando a Ressurreição (Atos 1:15-26 e Atos 2:14-36). Vale lembrar que o apóstolo Pedro foi martirizado em 65 d.C., morto numa cruz invertida por ter sustentado insistentemente a Ressurreição do Filho - História Eclesiástica, Eusébio de Cesareia (263-340 d.C.), CPAD, 2012, pg 76; O Novo Testamento, Sua Origem e Análise, Merrill C. Tenney, SHEDD Publicações, 2011, pgs 175 e 358. O fato de Paulo se incluir como testemunha ocular também é significativo, já que ele aparece no livro de Atos, num primeiro momento, como um fariseu sedento por extirpar da Palestina o movimento cristão, conhecido então como "O Caminho" - como, de opositor, ele se tornou defensor da fé, vindo a morrer por professar a divindade de Cristo? Segundo Eusébio, Paulo foi decapitado como mártir em Roma - História Eclesiástica, CPAD, pg 76. Como o livro dos Atos dos Apóstolos não apresenta esse evento de extrema relevância para a História da Igreja, concluindo a narrativa quando Paulo estava ainda preso em Roma, esperando o julgamento, temos um forte indicativo que a obra necessariamente estava pronta antes de 64 d.C. - Bíblia de Estudo Defesa da Fé, CPAD, pg 1712, Stanley E. Porter. Repito, portanto, que a experiência de Paulo torna o testemunho um relato de primeira mão.

Em sua defesa, Habermas segue indicando o uso da "historeo" para descrever a viagem de Paulo apontada em Gálatas 1:18-19. O que isso significa? Ora, é em Gálatas 1:18-19 que Paulo nos informa da sua visita a Pedro e Tiago em Jerusalém, apenas três anos após a sua conversão. Habermas declara que, assim como outros estudiosos, Paulo deve ter recebido o Credo Primitivo dos cristãos de Jerusalém nesse momento - o que diverge de Barnett. Quando Paulo usa "historeo" para falar da sua visita dos líderes Pedro e Tiago, está afirmando que o Credo que recebeu deles não foi algo que ele apanhou no ar enquanto conversavam - ele fez uma investigação. A palavra apresenta Paulo como um investigador, um pesquisador disposto a avaliar meticulosamente os dados que lhe foram apresentados - ele se ocupou em confirmar pessoalmente com Pedro e Tiago as afirmações do Credo Primitivo. Essa evidência é poderosa o suficiente para fazer Pinchas Lapide, um judeu estudioso do Novo Testamento, declarar que o Credo "pode ser considerado a declaração de uma testemunha ocular".

Poucos versículos depois de "transmitir aquilo que recebeu", Paulo afirma que outros apóstolos estão pregando o mesmo Evangelho da mensagem da Ressurreição, indicando que aquilo que está inserido em suas cartas se encontra em total acordo com o que testemunhas oculares como Pedro e Tiago estão pregando. Não é de se admirar, portanto, que Pedro tenha registrado em 2 Pedro 3:15-16 (66 d.C., segundo Charles C. Rirye, A Bíblia de Estudo Anotada Expandida, Mundo Cristão,  2007, pg 1227), que as epístolas paulinas são Escritura, ou seja: produto da inspiração divina, no mesmo nível que as obras do Antigo Testamento.

Habermas segue para a alegação de que 500 pessoas presenciaram o Cristo ressurreto, ponto bastante questionado, já que na literatura antiga não há tal menção em nenhum outro lugar. Para ele, o fato de não haver outro documento corroborando o fato, não é tão significativo, já que o Credo Primitivo é a passagem mais antiga e mais bem confirmada de todas. Outra questão que ele levanta é a de que Paulo aparenta ter proximidade com um certo número dessas 500 testemunhas - ou, ao menos, com alguém que as conheça -, podendo afirmar que algumas morreram e que outras muitas estão vivas e prontas para serem interrogadas sobre o evento. O que o apóstolo está fazendo aqui é lançar um desafio: se algum ouvinte duvidasse, bastava ir procurar qualquer uma das centenas de testemunhas para averiguar a veracidade do Credo. Seria loucura declarar algo assim se ninguém tivesse tido a experiência - e lançar o desafio para os céticos. Uma mentira desse nível poderia ser facilmente desmantelada - ainda mais porque o Credo vinha da Palestina e afirmava que 500 judeus da região presenciaram o Messias glorificado, Se não fosse verdadeiro, o dizer teria sido erradicado antes mesmo de ter sido apresentado ao autor de 1 Coríntios. Habermas também especula que, se Cristo foi capaz de reunir cerca de 5 mil pessoas na Galileia, a reunião de 500 não era um grande desafio - lembremos que o milagre da multiplicação dos pães e peixes para alimentar os 5 mil aparece nos 4 Evangelhos (Bíblia de Estudo Plenitude, SBB, 2002, pg 1083).

Questionado por Lee Strobel sobre a ausência da menção aos 500 em Josefo, já que historiador judeu escreveu 6 décadas depois, Habermas afirma que ele poderia, muito bem, desconhecer os fatos do Credo, ou, ainda, ter decidido não mencioná-los, já que não era seguidor de Jesus e não tinha interesse em favorecer o cristianismo. Segundo o historiador alemão Hans von Campenhausen, o Credo "atende a todas as exigências de confiabilidade histórica que se pode requerer de um texto como este".

Há, porém, algumas supostas contradições do Credo com os Evangelhos: é sabido que as mulheres foram as primeiras a perceber que Jesus ressuscitou e que não há menção ao sepulcro vazio no Credo. Habermas responde à suposta contradição do Credo ao omitir o testemunho das mulheres, alegando que a antiga confissão não afirma que Pedro foi o primeiro a ver Jesus ressurreto, mas apenas põe Pedro como o primeiro nome da lista de testemunhas - como as mulheres não eram consideradas testemunhas válidas num tribunal judaico do Século I, é esperado que uma confissão do período as ignorasse. Por isso devemos ficar surpreendidos quando, ao lermos algum Evangelho, nos deparamos com o fato de as mulheres terem sido as primeiras a averiguar a Ressurreição - uma grande demonstração de autenticidade. Sobre a ausência de menção ao sepulcro vazio, Barnett se posiciona, afirmando que a palavra "sepultado" (v. 4) significa "colocado horizontalmente em um sepulcro [rochoso]", não "colocado debaixo da terra", como é para nós. Portanto, o Credo afirma que Jesus foi posto no sepulcro e não enterrado. Além disso, o Credo sugere o sepulcro vazio através do trecho "foi sepultado [...] e ressuscitou" (Almeia Revista e Corrigida). Para o judeu do Século I era inconcebível crer numa ressurreição que deixasse o corpo no sepulcro. Além disso, em diversas ocasiões, os apóstolos declaram que Jesus ressuscitou - Atos 2:32; Atos 3:15; Atos 10:39-41; Atos 13:31. Isso entra em concordância com as profecias veterotestamentárias de Oséias 6:2 e Salmos 16:10. O Jesus ressurreto não foi uma mera sugestão mediante o sepulcro vazio, mas Ele foi visto, tocado, e participou de conversas e até mesmo de refeições. O verbo "ophthe" - "foi visto", vv. 5 e 6 - indica que Jesus era visível àqueles que serviam como testemunhas de Sua ressurreição - Comentário Histórico-Cultural do Novo Testamento, Lawrence O. Richards, CPAD, 2007, pg 362.

Para William Lane Craig, Ph.D., o Credo implica, sem sombra de dúvidas, no sepulcro vazio, pois os judeus tinham uma ideia física da ressurreição - o principal objeto da ressurreição eram os ossos do falecido. Depois que a carne apodrecia, os judeus juntavam os ossos do cadáver e os colocavam em caixas para que fossem preservados até o Dia da Ressurreição, no Final dos Tempos, quando Deus levantaria os justos mortos de Israel. Em reforço ao que disse Barnett, portanto, seria extremamente contraditório para um judeu afirmar que alguém ressuscitou se o corpo permaneceu no túmulo - Em Defesa de Cristo, pg 279.

Outra observação interessante a ser feita está na declaração de que Jesus ressuscitaria "ao terceiro dia". Como Jesus foi sepultado na sexta-feira e o túmulo estava vazio no domingo, não temos três dias inteiros, mas, segundo Barnett, os judeus da época contavam dias parciais como dias inteiros, de modo que Cristo padeceu, segundo a percepção judaica, três dias no sepulcro. Para o judeu, a dissolução de um cadáver começava precisamente no terceiro dia - Comentário Histórico-Cultural do Novo Testamento, pg 361.

Outras considerações sobre o Credo Primitivo:
- Podemos ter certeza de que se trata de um credo, e não de algo inventado por Paulo, pois na fórmula aparecem as palavras "recebi" e "transmiti", que são termos rabínicos que indicam a transmissão de uma tradição; o paralelismo e seu conteúdo estilizado evidenciam que se trata de um credo; o original usa "Cefas" para Pedro, que é seu nome aramaico, uma indicação de grande antiguidade; a confissão apresenta expressões muito antigas e que Paulo quase não utilizava, como "os Doze", "no terceiro dia", "ressuscitou", dentre outras; e, por fim, certas palavras do Credo são utilizadas no estilo de narrativa do hebraico e do aramaico da Mishná. Habermas acrescenta citando Joachim Jeremias e Ulrich Wilckens em suas declarações sobre o Credo como sendo, respectivamente, "a tradição mais antiga de todas" e documento que "indubitavelmente remonta à fase mais antiga da história inicial do cristianismo".
- Para Habermas, há outros credos antigos, anteriores aos textos do Novo Testamento, discerníveis nos capítulos 1-5, 10 e 13 do livro dos Atos dos Apóstolos e em Lucas 24:34, com indicações antiquíssimas da morte e Ressurreição de Cristo que podem sustentar as alegações de 1 Coríntios 15. Segundo Louis Markos, Paulo cita ainda outros duas possíveis confissões de fé e hinos cristãos que teria aprendido em Jerusalém no final dos anos 30, menos de uma década depois da Ressurreição de Cristo, ambos declarando com ênfase a divindade de Cristo: Filipenses 2:5-11 e Colossenses 1:15-20. Outra declaração da divindade de Cristo advinda do Primeiro Século e com caráter de hino da Igreja Primitiva foi, segundo Markos, foi preservada pelo apóstolo João em João 1:1-5. Apologética Cristã para o Século XXI, Louis Markos, Central Gospel, 2013, pgs 223-224. Segundo o livro "Não Tenho Fé Suficiente Para ser Ateu", Norman Geisler e Frank Turek, Vida, 2012, pg 252, Habermas identificou 41 pequenas sessões do Novo Testamento que parecem ser credos.
- Mais observações sobre a datação do Credo: para William Lane Craig, o Credo Primitivo foi entregue pelos primeiros discípulos ao apóstolo Paulo no máximo no ano 36 d.C., quando esteve em Jerusalém, ou até mesmo antes, quando esteve em Damasco, concentrando-se, portanto, nos primeiros 5 anos depois da Ressurreição de Cristo - Em Guarda, William Lane Craig, Vida Nova, 2011, pg 246. Ele reforça sua posição no livro Em Defesa de Cristo, Lee Strobel, pg 276. Norman Geisler e Frank Turek (Não Tenho Fé Suficiente Para ser Ateu, pg 248) declaram que Habermas e outros estudiosos localizam esse Credo entre 18 meses e oito anos após a Ressurreição. Craig Blomberg, Ph.D., também lida com a datação desse Credo: segundo ele, se Cristo foi crucificado no ano 30 d.C., Paulo se converteu em 32 d.C., quando esteve em Damasco com Ananias, Safira e alguns discípulos do Messias. Nessa cronologia, o seu primeiro encontro com os apóstolos em Jerusalém teria acontecido em 35 d.C. Blomberg, então, situa a transmissão do credo ao apóstolo Paulo nalgum período entre 32 e 35 d.C. - Em Defesa de Cristo, pg 45.
- É esperado que já nos primeiros momentos da fé cristã tenhamos esse Credo declarando a divindade de Cristo, pois só essa certeza explica como, dentro de apenas cinco semanas depois da Ressurreição, temos o substancial número de 10 mil judeus declarando-se cristãos - J. P. Moreland, Ph.D., Em Defesa de Cristo, pg 329.

"No prazo de dois anos após a Sua morte, portanto, parece que um número significativo de seguidores de Jesus já tinham formulado uma doutrina da expiação, convencidos de que Ele ressuscitara em forma corporal, já haviam associado Jesus com Deus e criam ter encontrado apoio para todas essas convicções no Antigo Testamento." Craig Blomberg, Em Defesa de Cristo, Lee Strobel, Vida, pg 349.

- O Evangelho de Marcos:
Esse é considerado pela maioria dos estudiosos como o mais antigo dos Evangelhos. Seu autor é João Marcos, que acompanhou o ministério de Cristo e foi discípulo do apóstolo Pedro, conforme nos informa Papias por volta de 130 d.C., citado por Eusébio, 325 d.C. - História Eclesiástica, CPAD, pgs 118-119. A atribuição "Segundo Marcos" dada ao Evangelho em questão começa a aparecer no Século III. Em 150 d.C., Justino Mártir citou o Evangelho de Marcos como "Memórias de Pedro".

Como o Evangelho de Marcos é ligado à pregação de Pedro, inclusive a estrutura geral do livro combina com a estrutura da pregação petrina apresentada em Atos, podemos situar a confecção do Evangelho por volta da sétima década da Era Cristã - considerando o martírio de Pedro em Roma no ano 65 d.C. Clemente de Alexandria (180 d.C.) e Orígenes (225 d.C.) deixam claro que Marcos é o autor do Evangelho que carrega o seu nome e que ele escreveu baseado no apóstolo Pedro. Para esses Pais da Igreja, Marcos confeccionou o Evangelho enquanto Pedro ainda estava vivo, por volta de 45 d.C. Como Mateus, datado de algo entre 50 e 60 d.C., e Lucas, por volta de 60 d.C., tomaram Marcos como fonte, a data de sua autoria deve ficar, pelo menos, na década de 50 d.C., estando cerca de 20 ou 30 anos depois da Ressurreição, o que o situa dentro do tempo de vida das testemunhas oculares. Mesmo a maioria dos críticos precisa reconhecer que o livro foi escrito antes de 69 d.C., já que demonstra não conhecer detalhe algum sobre a destruição de Jerusalém em 70 d.C. 

A redação de Marcos é evidentemente antiga e declara a divindade de Cristo: Jesus é tido como "Filho de Deus", Marcos 1:1; há farta descrição de milagres messiânicos - Marcos 2:1-12; 3:1-6; 3:11, 20-30; 5:1-20; 4:35-41; 5:21-24, 35-43; apresenta a declaração de que o Mestre transcende a Lei - Marcos 2:23-28 -; expressa, em Cristo, o "Eu Sou" divino - Marcos 6:50 -; demonstra entendimento de Jesus como "Filho do Homem" - Marcos 2:28 -, que é declaração de divindade em Daniel 7:13; e aproxima-se da conclusão com o brado de confirmação da Ressurreição de Cristo - Marcos 16:6. Mesmo que o "final longo" de Marcos - Marcos 16:9-20 - tenha procedência questionável, o seu término no versículo 8, com a declaração da Ressurreição do Filho, é suficiente - está claro que o autor acreditava nessa declaração.

Segundo William Lane Craig (Em Defesa de Cristo, Lee Strobel, Vida, pg 291), a linguagem, a gramática e o estilo presentes no relato de Marcos sobre a Paixão evidenciam que ele tomou como base um texto anterior, uma fonte, possivelmente, do ano 37 d.C. Ele observa que Marcos, em geral, é constituído de pequenas histórias sobre Jesus, mas, quando chega o relato da Semana da Paixão, se transforma numa história contínua, evidenciando o uso de uma fonte anterior. Craig também aponta para a simplicidade do relato de Marcos, sem floreios, indicando que ele foi escrito antes de haver tempo para a corrupção lendária típica dos apócrifos do Século II.

Sobre Marcos: A Bíblia de Estudo Anotada Expandida, Mundo Cristão, pg 954; Bíblia de Estudo Defesa da Fé, CPAD, pgs 1539-1541; Bíblia de Estudo Arqueológica, Vida, pg 1620; Manual Bíblico Unger, Merrill Frederick Unger, Vida Nova, 2006, pg 394; O Novo Testamento, Sua Origem e Análise, SHEDD Publicações, pgs 173-177; Em Defesa de Cristo, Vida, pgs 311-312.

- Tempo insuficiente para corrupção:
Os poucos anos que separam os textos doutrinários mais antigos do cristianismo dos eventos originais não são suficientes para uma corrupção mitológica. Geralmente, as corrupções começam a aparecer nos relatos apenas gerações depois dos eventos, quando todas as testemunhas oculares já morreram. A. N. Sherwin-White, historiador greco-romano clássico de Oxford, afirmou que seria sem precedentes na história humana que uma lenda surgisse tão rapidamente e distorcesse os Evangelhos de modo tão significativo - Em Defesa de Cristo, Vida, pg 291.

"O período de tempo necessário para o surgimento de uma lenda convincente em relação aos eventos dos Evangelhos nos colocaria no Século II d.C., exatamente a época em que os evangelhos apócrifos lendários foram escritos. Esses são os relatos lendários procurados pelos críticos." William Lane Craig, Em Defesa de Cristo, Lee Strobel, Vida, pg 349.

"Foi a convicção inabalável de que Deus tinha Ressuscitado a Jesus - o qual ordenara aos discípulos que continuassem pregando sua visão do reino de Deus - que finalmente levou ao surgimento da Igreja." Craig Evans, O Jesus Fabricado, Cultura Cristã, 2009, pg 208.

- A divindade de Cristo:
Como visto no Credo Primitivo e no Evangelho de Marcos, dois documentos antiquíssimos, Jesus Cristo venceu a morte, dando bases para o alastrar incontido do cristianismo. Já no Evangelho mais antigo, temos o Mestre declarando a própria divindade. Tanto no Credo quanto no Evangelho em questão, portanto, há uma arraigada crença na Ressurreição e na divindade do Filho, isso nas próprias palavras dEle e nos dizeres apostólicos. Mas há ainda outras evidências de grande antiguidade para a verificação da Ressurreição e divindade de Cristo como as crenças primeiras da Igreja:

Jaroslav Pelikan, historiador da Igreja, afirma que o sermão cristão mais antigo, o mais antigo relato sobre um mártir cristão, a mais antiga narrativa pagã sobre a Igreja e a oração litúrgica mais antiga (1 Coríntios 16:22), são todas passagens que se referem a Jesus como Senhor e Deus. Ele declara: "Sem dúvida, era essa a mensagem em que a igreja acreditava e que ensinava: que 'Deus' era um nome adequado para Jesus Cristo". O mais antigo sermão cristão sobrevivente depois do Novo Testamento começa assim: "Irmãos, temos de pensar em Jesus Cristo como Deus, como juiz dos vivos e dos mortos. E não devemos subestimar nossa salvação; pois quando o subestimamos, também esperamos receber menos." O mais antigo relato de um sobrevivente da morte de um mártir diz: "É impossível abandonarmos Cristo [...] ou adorar qualquer outro. Pois ele, sendo o Filho de Deus, o adoramos, mas valorizamos [...] os mártires." A mais antiga oração litúrgica sobrevivente da Igreja afirma: "Vem, Senhor!" E o relato pagão mais antigo sobre a Igreja declara que os cristãos se reuniam antes da aurora "entoando um hino a Cristo como se para [um] Deus." A Tradição Cristã 1, O Surgimento da Tradição Católica, 100-600, Jaroslav Pelikan, Sheed Publicações, 2014, pg 186.

Segundo C. H. Todd, de Cambridge, alguns dos relatos das aparições de Cristo após a Ressurreição são especialmente antigos, como Mateus 28:8-10, Mateus 28:16-20 e João 20:19-23 - Em Defesa de Cristo, Lee Strobel, Vida, pg 309.

"As evidências mais antigas que temos da Ressurreição quase com certeza remontam à época imediatamente posterior àquela em que se supõe que o evento sucedeu. Estas evidências estão contidas nos primeiros sermões em Atos dos Apóstolos [...]. Não pode haver dúvida de que, nos primeiros capítulos de Atos, seu autor preservou material de fontes muito antigas." John Drane, Em Defesa de Cristo, Lee Strobel, Vida, pg 310.

"As aparições de Jesus são tão bem confirmadas como os outros fatos da Antiguidade [...]. Não pode haver dúvida racional de que elas tenham ocorrido e de que a principal razão por que os cristãos tenham certeza da Ressurreição nos primeiros dias foi exatamente esta." Michael Green, Em Defesa de Cristo, Lee Strobel, Vida, pg 317.

"O Cristianismo começou como um movimento de ressurreição... não há evidência de uma forma de Cristianismo primitivo na qual a Ressurreição não fosse a crença central, como se fosse acrescentada ao Cristianismo à força. A Ressurreição era a força motora central, dando forma ao movimento inteiro."
N. T. Wright, no livro "A Ressurreição como Problema Histórico" (originalmente publicado no Sewanee Theological Rewiew, pgs 41-42, 1998), citado na Revista Mistérios da História, Tudo Sobre o Sepulcro de Jesus, reedição, ano 2, nº 1, 2013, Alto Astral, reportagem das pgs 18-23.

- Os primeiros cristãos e a Trindade:
A ideia de Cristo na condição de Deus, assim como o Pai, abriu espaço para a doutrina da Trindade, que se concluiu quando entendida a pessoalidade e divindade do Espírito Santo. Assim como a divindade de Jesus é um pressuposto básico da fé cristã, sem a qual ela não teria sequer se formado - e, por isso, é um dos fundamentos primeiros do cristianismo, não uma deturpação mitológica -, a divindade do Espírito Santo ficou subentendida desde o começo - Atos 5:3-4; 1 Coríntios 3:16; 1 Coríntios 6:19; 1 Coríntios 12:4-6; 1 Coríntios 12:13; 2 Coríntios 3:13-17; Hebreus 2:4; Hebreus 9:14; Efésios 4:30; Gálatas 3:2-5; Mateus 28:19 - e esteve nos lábios dos Pais da Igreja antes dos concílios Niceno e Constantinopolitano, comumente responsabilizados pela deificação tanto de Cristo quanto do Espírito Santo, oficializando a Trindade:

Policarpo, 70-155 d.C.:
Discípulo do apóstolo João, disse "Que o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, e o próprio Jesus Cristo, que é o Filho de Deus e nosso perpétuo Sumo Sacerdote, te edifique na fé e na verdade."

Inácio, 110 d.C.:
"O nosso Médico é o único Deus verdadeiro, o não-gerado e inacessível, o Senhor de todos, o Pai e Progenitor do único Filho unigênito. Temos também como Médico o Senhor nosso Deus, Jesus Cristo, o único unigênito Filho e palavra, antes que o tempo começasse, mas que depois também se tornou homem".

Justino Mártir, 100-165 d.C.:
"O mais verdadeiro Deus é o Pai da justiça; [...] Nós o cultuamos e adoramos, o Filho (que veio dEle e nos ensinou estas coisas, junto com o exército de anjos bons que o seguem), e o Espírito profético."

Irineu, 125-202 d.C.:
Discípulo de Policarpo, discípulo de João, disse que "A igreja, embora dispersa por todo o mundo, até mesmo aos confins da terra, recebe dos apóstolos e dos discípulos destes a fé em um Deus, o Pai Todo-poderoso, Criador do céu, da terra e do mar, e de todas as coisas que neles estão; e em um Cristo Jesus, o Filho de Deus, que se encarnou para a nossa salvação; e no Espírito Santo."
"Um Deus Pai é declarado, que está acima de tudo, por tudo e em tudo. O Pai está acima de tudo, e Ele é a Cabeça de Cristo. Mas o Verbo é por todas as coisas e é Ele mesmo a Cabeça da Igreja. Enquanto o Espírito está em todos nós, e Ele é a água viva."

Clemente de Alexandria, 150-215 d.C.:
"O Pai universal é um. O Verbo [a Palavra] universal é um. E o Espírito Santo é um."

Tertuliano, 155-225 d.C.:
"Definimos que há dois, o Pai e o Filho, e três com o Espírito Santo, e este número se faz pelo padrão da salvação [...] [que] provoca unidade na Trindade, relacionando os três: o Pai, o Filho e o Espírito Santo. Eles são três, não em dignidade, mas em grau, não em substância, mas em forma, não em poder, mas em tipo. Elas são de uma substância e poder, porque há um Deus de quem estes graus, formas e tipos recaem no nome do Pai, Filho e Espírito Santo."
"Eu testemunho que o Pai, o Filho e o Espírito Santo são inseparáveis uns dos outros. [...] A minha afirmação é que o Pai é um, o Filho é um e o Espírito Santo é um - e que Eles são todos distintos uns dos outros."

Orígenes, 185-254 d.C.:
"Se alguém disse que a Palavra de Deus [Cristo] ou a Sabedoria de Deus teve começo, que tenha cuidado para não dirigir a sua irreverência contra o Pai não-unigênito, visto estar negando que Ele sempre é o Pai. [...] Não pode haver título mais antigo do Deus Todo-poderoso que o do Pai, e é pelo Filho que Ele é o Pai."
Além disso, "o Espírito Santo nunca teria sido considerado na unidade da Trindade, ou seja, junto com o imutável Pai e o seu Filho, a menos que Ele sempre tivesse sido o Espírito Santo."
Orígenes também falou do fato de que "[...] a pessoa do Espírito Santo era de tal autoridade e dignidade, que o batismo salvador não estava completo exceto pela autoridade da Trindade mais excelente de todas elas, ou seja, nomeando o Pai, Filho e Espírito Santo, e unindo-os ao Deus Pai incriado e ao seu Filho unigênito, o nome também do Espírito Santo."

Atenágoras, Século II:
"Mas o Filho de Deus é Logos do Pai, em ideia e em operação; pois segundo o seu padrão e por Ele foram todas as coisas feitas, o Pai e o Filho que são um. E, o Filho que está no Pai e o Pai no Filho, em unidade e poder do espírito, o entendimento e a razão."
"Quem, então, não ficaria surpreso ao ouvir homens ditos ateus falando de Deus Pai, e de Deus Filho e do Espírito Santo, e que declaram o seu poder de união e a sua distinção de ordem?
Reconhecemos um Deus, um Filho e um Espírito Santo. Estes estão unidos em essência - o Pai, o Filho e o Espírito. Agora, o Filho é a Inteligência, Razão e Sabedoria do Pai. E a pessoa do Espírito é como uma emanação, como a luz do fogo."

Hipólito, 170-235 d.C.:
"Portanto, o homem [...] é compelido a reconhecer Deus Pai Todo-poderoso e Cristo Jesus, o Filho de Deus - que, sendo Deus, se tornou homem, e quem também o Pai sujeitou todas as coisas (exceto Ele mesmo) -, e o Espírito Santo; e que estes são três [Pessoas]. Contudo se ele deseja saber como se mostra que ainda há um Deus, que ele saiba que o Seu poder é um. No que diz respeito ao poder, então, Deus é um. Mas no que diz respeito à Economia, há uma manifestação tripla de três distintas pessoas."

Novaciano, 200-258 d.C.:
"A regra da verdade requer que, em primeiro lugar, creiamos em Deus Pai e Deus Todo-poderoso. [...] A mesma regra da verdade nos ensina a crer, depois do Pai, também no Filho de Deus, Jesus Cristo, nosso Senhor Deus, mas o Filho de Deus. [...] Além disso, a ordem da razão e a autoridade da fé [...] nos admoestam, depois disto, a crer também no Espírito Santo."

Gregório de Taumaturgo, 213-275 d.C.:
"Há um Deus, o Pai da Palavra viva. [...] Há um Salvador, um de um (só de só), Deus de Deus, o verdadeiro Filho do verdadeiro Pai, Invisível de Invisível, Imortal de Imortal e Eterno de Eterno. E há um Espirito Santo, [...] uma Trindade perfeita, não-dividida nem diferente em glória, eternidade e soberania."
Teologia Sistemática 1, Norman Geisler, CPAD, 2010, pgs 807-810.

Você pode ler mais sobre as evidências neotestamentárias da divindade de Cristo aqui no EOMEAB, por meio do seguinte artigo: Jesus Afirmou Ser o Messias? Declarou Ser Deus?. Também há no EOMEAB outras leituras sobre a antiguidade da crença na divindade de Cristo e na Trindade, além de uma análise do processo de formação do cânon neotestamentário: O Cristianismo Foi Fundado nos Concílios Niceno e Constantinopolitano?O Cânon do Novo Testamento foi Escolhido no Concílio Niceno?.

Conclusão:
Verdadeiramente, não há nenhuma razão para engolir a ideia de que a Ressurreição e a divindade de Cristo, que a divindade do Espírito Santo e a existência da Trindade, são produto de deturpações mitológicas e resultantes de determinações dos concílios Niceno e Constantinopolitano. Temos documentos antiquíssimos que apontam para esses quatro pilares do cristianismo já devidamente redigidos nos séculos I e II. Com ênfase na historicidade da Ressurreição, podemos perceber que o cristianismo é diferente de todas as outras religiões: trata-se de algo que resultou de um evento histórico poderosíssimo! Um evento testemunhado por centenas de pessoas e ricamente embasado pela literatura cristã antiga. Isso não acontece para nenhuma outra crença - nossa fé começa com muito mais do que uma ideia: temos um acontecimento situado dentro da história humana que é ligado a predições anteriores e devidamente entendido depois de consumado. A fé cristã, portanto, está mais para um efeito de uma poderosa causa maior do que ela e mais para uma descoberta - que pode ser revelada para qualquer um que "minerar" a história - do que para algo forjado, conforme afirma o Credo Apostólico, desenvolvido por sobre o Credo Romano Antigo, do Século II d.C., e tido da forma como o conhecemos já no ano 700 d.C.:

"Creio em Deus Pai onipotente e em Jesus Cristo, seu único Filho, nosso Senhor, que nasceu do Espírito Santo e da Virgem Maria, que foi crucificado sob o poder de Pôncio Pilatos e sepultado, e ao terceiro dia ressurgiu da morte, que subiu ao céu e assentou-se à direita do Pai, de onde há de vir para julgar os vivos e os mortos.
Creio no Espírito Santo, na santa Igreja, na remissão dos pecados, na ressurreição da carne, na vida eterna."
Bíblia de Estudo Apologética com Apócrifos, pg 1474;Enciclopédia Histórico-Teológica da Igreja Cristã, Walter A. Elwell, Vida Nova, 2009, pgs 362-363, artigo de O. G. Oliver Jr.

Natanael Pedro Castoldi

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