Navigation Menu

É a primeira vez que
você acessa este blog
neste computador!


Deseja ver antes
nossa apresentação?


SIM NÃO

Grandes Textos - O Deus Evidente

Retomando a série de textos mais longos que publiquei no meu antigo blog, Um Mirante para Verstellen, e seguindo o interesse do artigo anterior, "Quem é Deus?", decidi reviver uma postagem de nome "Inescapável", escrita por mim nos meus idos 18 anos, e publicada no Mirante no dia 7 de agosto de 2011. Espero que gostem.

Inescapável

Parte 1: Inescapável Criador

Um detalhe interessante é que, das grandes religiões, nem todas afirmam possuir a verdade universal, mas sabendo que essa verdade é inescapável, então elas estão com problemas de credibilidade. Das religiões que afirmam ser, literalmente, donas da verdade, poucas se prontificam a passar pelo teste de suas alegações e preferem o isolamento, o que põe em dúvida se, de fato, são consistentes. Mas há UMA só religião que se expõe completamente, sobre a qual tanto os de fora quanto os fiéis desenvolvem vastos estudos, uns para derrubá-la, outros para defendê-la e encontrar a razão nela contida, afim de deixar o mínimo possível de interrogações em seus fundamentos. O cristianismo luta abertamente com a oposição, defendendo sua posição com uma certeza inquestionável de que, de fato, é verdadeiro. Essa posição se mantém firme mesmo com os questionamentos dos fariseus, da filosofia grega e dos sábios romanos -no início da Igreja-, mesmo com os levantes heréticos dos primeiros séculos, mesmo com a pouca vergonha da Igreja Medieval, mesmo com a oposição ideológica dos renascentistas e iluministas e mesmo com as ideias dos naturalistas que, por fim, conseguem, pela primeira vez na história, competir de igual pra igual com a fé cristã. Demoraram quase 2000 anos para que a oposição ao cristianismo encontrasse respostas para todas as questões relevantes do conhecimento humano, respostas que a Bíblia deu desde que fora concluída - e, mesmo com a energia da novidade, essas novas propostas simplesmente não têm força suficiente para derrubar as milenares ideias cristãs, que se mantém intactas e atuais até hoje - na verdade, a ciência, ao se aprofundar, está encontrando evidências das alegações bíblicas e derrubando preceitos céticos.

É um mito da atualidade que o cristianismo está em posição absolutamente igual a das outras religiões, tal ideia simplesmente não tem fundamento quando se analisa com honestidade a evidência. É mais fácil jogar tudo na mesma caixa e colocar um rótulo dizendo "mesma coisa" do que analisar o material e verificar as suas distinções - para o mundo cético atual, que quer destruir a religião, é muito mais fácil, cômodo e menos frustrante. Mas pense: quantas religiões possuem uma explicação científica -que pode ser observada- desse mundo? Quantas religiões possuem um apanhado histórico -com nomes de povos, reis, datas, cidades e outras referências- desse mundo, em especial dos locais em que se desenvolvem suas narrativas? Que religião possui alta gama de profecias, umas que se cumpriram e outras tantas que, evidentemente, se cumprirão?! O interessante é que há evidências inúmeras das alegações científicas, históricas e proféticas! Só com isso, o cristianismo já se posiciona de forma mais poderosa no universo das religiões. Mas pense mais: pode um livro, a Bíblia, tão antigo, conter tanto poder, tanta verdade? Só a complexidade da obra e sua singularidade já o fazem produto que foge da capacidade humana. No final das contas, a evidência mais favorável à fé cristã é o fato de ela alegar ser a verdade e estar conseguindo, pouco a pouco, constatar isso - ou, pelo menos, manter seu discurso.

A vantagem derradeira e invencível da fé cristã, porém, não está no que já foi dito, mas no fundamento espiritual, na base espiritual para tudo, alicerce da Criação, fonte das emoções e razão humana, explicação coerente e imutável para todos os grandes enigmas da história humana, para a origem das religiões, para as "mitologias", para as experiências sobrenaturais de centenas de milhões ao longo de um punhado de milênios. A ciência cética se perde quando tenta explicar tudo pela matéria, por isso ignora e censura muitas evidências incontestáveis, tem toda a experiência espiritual, interna ou testemunhada, como problema psíquico ou fanatismo, precisa considerar as religiões e as mitologias como fruto dos medos e anseios irracionais do homem... Mas se quebra verdadeiramente em suposições sobre as Origens, simplesmente porque desconsidera a obviedade de que tudo o que surge vem de uma coisa superior - até porque, no final das contas, isso exige um mundo espiritual: tem o Big Bang como origem do Universo, mas é incapaz de dizer o que existia antes dele; diz que a vida surgiu da matéria bruta, mas não consegue explicar exatamente como isso se sucedeu; diz que de uma criatura unicelular, ao longo do tempo e do processo evolutivo, surgiu o ser humano, mas nunca encontrou uma evidência concreta para tal -apenas interpretou, bem forçadamente, o pouquíssimo que conseguiu desenterrar. O fato é que os céticos pré-determinaram a sua verdade, pois aquilo que, de antemão conceberam, é a única possibilidade provavelmente razoável de se explicar um universo sem Deus. Ou seja: partindo do pressuposto de que Deus não existe, formularam sua única possibilidade, alternativa, viável e, depois de feito isso, foram atrás de forjar evidências. Estou errado? Pois bem, analise:

-A matéria, que possui energia sempre em declínio, simplesmente não pode ser eterna, ela não se sustenta. Então o universo material teve um princípio. Esse princípio material precisa ter acontecido de alguma forma ou de outra. A única possibilidade é ter a matéria, o espaço e o tempo, se originando mutuamente num único evento. Essa ideia beira a metafísica, pois exige que tudo o que existe veio de algo menor do que um grão de arroz, mas qualquer outra possibilidade, ceticamente falando, beira a insanidade.
-Antes da vida material, só podia existir morte, matéria bruta sem informação para o viver, também deveria inexistir matéria orgânica. A única possibilidade dos céticos é dizer que, nalgum momento, a vida surgiu da matéria bruta e, mesmo que criem um mundo perfeito para a origem da vida -muita eletricidade e calor-, não conseguem explicar a origem e a auto-organização da informação, dentro da matéria orgânica para, do nada e muito por acaso, o primeiro pulso de vida se suceder.
-Se a vida surgiu, teve a sorte de se auto-criar num perfeitíssimo e utópico ambiente, no exato milímetro quadrado desse vasto mundo onde tudo se combinava perfeitamente, então essa vida só poderia ser absolutamente simples. Já que a perfeita informação se auto-organizou de maneira mais eficiente do que os cientistas conseguem fazê-lo hoje, então ela já programou a vida para a reprodução -existe, em células simples, informação suficiente para preencher 100 milhões de páginas da Enciclopédia Britânica. Certo... mas hoje temos os seres humanos, com um cérebro contendo mais de 10 bilhões de células nervosas, que podem ter entre 10 e 100 mil ligações cada uma e, tais ligações, outras -podendo totalizar mil trilhões de conexões-, dois olhos, cada um com 10 milhões de células sensíveis à luz e responsável por administrar quase 10 bilhões de cálculos por segundo, todo um sistema auditivo, disposto no ângulo perfeito para dar-nos equilíbrio... é como dizem: "milagres da evolução!" Bom, se temos o ser humano hoje, então esse tal milagre deve ter acontecido. A única alternativa é calibrar a idade da Terra para alguns bilhões de anos e lançar os fundamentos para a micro e marco-evolução -só a microevolução foi parcialmente comprovada. - Nem vale a pena discutir sobre como, evolutivamente, se enquadra o comportamento humano e etc, se os céticos se perdem nos fundamentos de suas ideias-origem do universo, da vida! De que serve toda a filosofia dos ateus, que beira uma religião, se, na prática, o ceticismo é inconsistente em fundamentos essenciais, se ele se quebra em pontos muito óbvios?! Antes de arranjarem explicações pra assuntos complexos, que tentem validar suas ideias nos assuntos mais óbvios e, talvez por isso, mais relevantes.

No final das contas, "milagre por milagre", prefiro crer em Deus. E é sobre Ele que quero falar: o cristianismo propõe que um Deus Eterno criou o universo à partir de Si mesmo, pois Ele era tudo o que existia antes de criar. Se Deus, como descrito na Bíblia, for coerente com a lógica e a razão alcançável, então se fará resposta mais satisfatória do que a suposição ateísta - e, se a Bíblia, singular, evidenciar o Deus cristão como o verdadeiro, então todas as demais perguntas estarão, pelo menos parcialmente, respondidas e saber-se-á, de fato, que o cristianismo, em sua essência bíblica, é A Religião.

Na postagem "Pelo que luto" eu já tento encontrar, num raciocínio filosófico e racional, evidências derradeiras para a existência de Deus - vou tentar expôr aqui a síntese do pensamento: partindo da razoável verdade de que a matéria não pode ser eterna - e de que nada aconteceria numa suposta matéria eterna, mas "irracional" -, nos sobra apenas uma alternativa: houve um começo para a matéria. Os céticos se quebra nisso: havendo um começo para a matéria, ela simplesmente não pode ter vindo da matéria! Pois, senão, não teria começado, apenas se alterado. Quando algo "começa", quer dizer que ele não existia antes, que ele é novidade... então, se a matéria não pode ser eterna e, logo, teve um começo, precisa ter vido de algo que não é matéria, mas, sim, diferente na sua natureza e, segundo a Causa-e-Efeito, superior, maior do que ela. Algo superior à matéria não pode ser matéria, mas, para originar a matéria, ter mais poder e dimensões do que ela... não pode ser matéria se é maior do que a matéria. A única possibilidade para um começo material é uma origem imaterial, à partir de uma existência à-parte da matéria física - pois, querendo ou não, algo precisa ser eterno, já que NADA pode surgir do NADA, o TEMPO não pode começar no ATEMPO e nem o espaço, do NÃO-ESPAÇO. Se a matéria não pode ser eterna, essa existência eterna só pode ser aquilo que não é material - e que não padece de declínio de energia. No final das contas, a razão nas Origens é, sem dúvida, espiritual.

Esse "espiritual" precisa ser como? Primeiro vamos analisar o que a Bíblia fala sobre o Deus Eterno, que é Espírito, para, no final, vermos se a Palavra é coerente com a razão. Segue a lista dos atributos incomunicáveis de Deus -que estão além da Criação:

1-Transcendência: Deus é diferente de Sua Criação, pois está acima e além de tudo o que Ele mesmo criou. Isso inclui a nossa compreensão - Deus está além dela.
Base bíblica: Jeremias 23:23 e Isaías 40:21-26. Isso implica que, mesmo Deus estando presente no mundo, Ele não faz parte dele. À partir desse atributo, se desdobram outros:

2-Independência: Deus, único, transcendente, é totalmente autônomo, pois Sua existência e prazer independem de todas as coisas, que Ele mesmo criou. Não há nada maior do que o Criador, que é eterno e antes de tudo. Por isso, também, Ele tem total liberdade para fazer o que deseja, assim como o fez, quando, do Nada, criou Tudo -exceto Ele mesmo, que não "existe", mas que É.
Base bíblica: Salmos 50:9-12; Atos 17:24-25Miqueias 6:6-8; Êxodo 3:14; Jó 41:11; Apocalipse 4:11. Isso implica que para Deus ser o que É, nada do que existe é necessário. Nem ao menos nós.

3-Onipresença: Deus, transcendente, é maior do que Sua Criação, portanto, na dimensão espiritual, está presente -não é- em cada ponto do espaço e além.
Base bíblica: Êxodo 20:3-4; 1 Reis 8:27; Salmos 139:7-10; Isaías 66:1; Atos 17:24-28. Isso implica que tudo está diante da presença imediata de Deus - Ele não é tudo, mas percebe tudo, por ser maior do que... tudo.

4-Eternidade: Deus não tem origem nem fim, também não há sucessão de momentos dentro se Seu próprio ser. O tempo não tem efeitos degradantes sobre o a Sua existência imaterial e eterna, que não poderia ser eterna se sofresse declínio com o tempo - mas como algo precisa ser eterno...
Base bíblica: Salmos 90:2 e 4; Colossenses 1:15-17; Judas 25; Gênesis 1:1; Êxodo 3:14; Salmos 93:2; Efésios 3:9; Hebreus 11:3; 2 Pedro 3:8. Isso implica que para Deus a percepção de tempo é outra, pois Ele, fora da matéria, não está sujeito ao mesmo tipo de ação temporal à que a matéria está.

5-Simplicidade: o Deus único e eterno é feito de um um só elemento, o elemento que o define como imaterial, a substância que o faz ser ímpar, sem contradição, totalmente único. Que elemento? Ele mesmo!
Base bíblica: 1 Timóteo 6:15-16; João 1:18, 4:24, 6:46; Deuteronômio 6:4; Êxodo 3:14; Colossenses 1:15. Isso implica que Deus tem uma única e totalmente coesa natureza.

6-Imutabilidade: por SER o que É, pois é eterno e simples, Deus é imutável em Sua natureza, em Seus atributos - mas dentro dessa imutabilidade, é ativo.
Base bíblica: Hebreus 13:8; 1 Samuel 15:29; Êxodo 3:14; Salmos 102:25-27. Isso implica que Deus, sendo imutável, já perfeito, não pode melhorar, evoluir, se desenvolver, pois não há nada além dEle para ser alcançado.

E quanto aos comunicáveis -que estão na Criação-? Você lerá na sequência:

1-Onisciência: Deus é conhecedor de todas as coisas que Ele mesmo criou.
Base bíblica: Salmos 139:1-6 e 147:4-5; Gênesis 20:6; Provérbios 16:2; 1 Samuel 16:7; Isaías 42:9, 45:21; 1 Coríntios 2:11. Isso implica que Deus não precisa aprender nada, pois Ele sempre soube aquilo que sabe.

2-Onipotência: Deus, criador de tudo e maior do que a Sua Criação, ou seja, maior do que tudo o que existe, tem total poder nesse cenário. Pode o que quiser, pois tudo conhece e tudo fez. Não se subordina a nada, pois está além de tudo, logo, tudo se subordina à Ele.
Base bíblia: Gênesis 17:1 e 18:14; Lucas 1:37; Jó 42:2; Jeremias 32:17; Mateus 19:26; Efésios 3:20. Isso implica que Deus não se constrange ou sofre interferência de pressões externas, pois Ele é O Todo-Poderoso, é totalmente livre em poder.

3-Santidade: na Bíblia fica óbvio o caráter santo, totalmente puro, sem pecado algum, de Deus. Ele não possui nenhuma maldade. É isso que mais separa Deus de Sua Criação caída, que, impura, simplesmente não pode servir como Seu santuário. -Se o pecado indica o burlar das regras e, logo, o separar de Deus, então, obviamente, Deus não pode pecar e, sendo imutável, uma vez estabelecido o bom padrão de justiça divino, ele nunca se altera, pois se baseia no próprio Deus inalterável.
Base bíblica: Apocalipse 4:8; Levítico 11:44-45; Isaías 6:1-8; Josué 24:19; 1 Samuel 6:20; Salmos 22:3; Isaías 57:15; 1 Timóteo 6:16. Isso implica num Deus justo e reto, a quem devemos nos humilhar, mediante a nossa depravação e impureza.

4-Justiça e retidão: sendo santo, Deus sempre age de forma coerente com o que é correto e bom.
Base bíblica: Deuteronômio 32:4; Salmos 7:9, 111:3, 119:142 e 172; Romanos 3:21-26; 1 Coríntios 6:9-11; Tito 3:5-7. Isso implica que Deus deve julgar o mal, logo, os ímpios serão punidos.

5-Bondade: sendo santo, reto e justo, tudo o que o eterno Deus faz, sendo Ele mesmo o padrão moral, é bom, benigno. Sendo “simples”, o Deus Vivo só pode cooperar com a Vida, seja aniquilando os que matam, seja acrescentando viver aos que investem na vida.
Base bíblica: Lucas 18:19; Salmos 34:8, 100:5, 106:1, 119:68; Gênesis 1:31; Atos 14:17; Romanos 8:28; Tiago 1:17. Bondade implica em amor, misericórdia, paciência e graça.

6-Amor: sendo bom, eterno e imutável, Deus só pode ser benigno. Deus nos ama, mesmo que sejamos pecadores – e isso se revela tanto no Antigo Testamento, almejando, por intermédio de Abraão, a bênção para as nações e, no Novo Testamento, através de Cristo e a expiação dos pecados e, em seguida, do Espírito Santo, como nosso auxílio na busca pelo caráter do Messias.
Base bíblica: João 3:16, 14:31; Isaías 62:5; 1 João 4:7-21; Romanos 5:8.

7-Graça (misericórdia e paciência): amor e bondade em prol de estender seu favor imerecido a todas as pessoas. Deus está oferecendo, sem merecimento, a salvação e o está fazendo por um longo período, para que muitas pessoas tenham tempo para conhecer Sua graça. Abaixo: Graça geral (1) e Graça salvífica (2).
Base bíblica: (1)Mateus 5:45; (1)Atos 17:25; (1)2 Pedro 3:9; (2)Romanos 5:1-2, 8:28-39, 9:15-16.

8-Soberania: por ser O Criador, maior que o Universo, conhecedor de tudo o que nele há e possuidor de todo o poder, Deus pode ser tido como soberano Senhor, independente em Si mesmo e, portanto, único e máximo Rei de tudo o que existe.
Base bíblica: Deuteronômio 10:14; Daniel 4:34-35; Efésios 1:11; Isaías 45:5-7; Êxodo 4:11; 1 Samuel 2:6-8; 2 Crônicas 15:15; Salmos 50:10-12; Provérbios 21:1; Romanos 9:18, 13:1.

-Tipos de soberania: ao longo da História da Igreja foram sugeridos alguns tipos de soberania.

a) Soberania determinista: tudo o que acontece o é porque Deus o determinou.
b) Soberania providencial: tudo o que acontece é porque Deus causou ou permitiu que acontecesse.
c) Supervisão providencial: o que acontece, acontece porque Deus permite. Ele escolhe não intervir, a fim de preservar o livre-arbítrio humano.

Dentro desses pontos, na aula de Teologia Básica, procurei onde se encaixa a minha visão e ela não aparece ali, porque creio que Deus pode ter agido de diferentes formas ao longo da história, não preso a um único método. Me divido entre uma visão bem embasada no ponto c) ou uma visão que mescla o a) e o c). Por quê? Nas postagens “A Razão” e “Pequeno Detalhe” eu desenvolvo algo sobre isso, mas posso comentar aqui, brevemente: para ser criatura completa e ciente de que Deus é o melhor, o homem precisava, de alguma forma, conhecer o mal e, conhecendo-o, escolher entre “não-Deus” e Deus – sendo, também, uma forma de exigir uma escolha e não possuir, forçadamente, filho algum. Por isso Deus pode ter colocado a Árvore do Bem e do Mal no Jardim do Éden, sabendo que uma hora ou outra o homem comeria do Fruto e, então, na sequência, abandonar o determinismo e seguir na supervisão providencial, permitindo, ao longo da história, que o homem optasse por Ele, benigno, ou alguma outra opção, maligna. No final, quando regenerado e o mal for totalmente aniquilado, o homem será criatura completa, com noção do poder destrutivo do maligno, assim como do benigno poder de Deus e ninguém, absolutamente ninguém, estará com Deus sem ter optado por isso. Nesse aspecto, o processo de Criação, embora terminado no Dia 6, prossegue doutra forma e só terminará, de fato, depois da Segunda Vinda do Messias.

O que Deus não pode fazer: O Pai também tem Suas limitações... como assim?! Ele NÃO pode contradizer-se! Sendo imutável, eterno e justo, não pode reverter a Sua palavra. Veja em: Tito 1:2; 2 Timóteo 2:13; Tiago 1:13.

Certo, esse é o Deus cristão, Aquele que a Bíblia nos diz ser o Senhor do Universo, o Criador do homem e, na sequência, o restaurador da criatura caída. Mas, como deve ser, exatamente, o eterno que realmente originou o universo material? Eu sei que você já sabe onde eu vou chegar, mas, mesmo assim, siga o raciocínio:

O Iniciador do Universo não pode ter sido gerado, não pode haver ninguém nem nada antes dele, pois algo precisa ser eterno, já que NADA surge do NADA – se existe “algo” hoje, então sempre deve ter existido alguma coisa. Ok, o Iniciador necessariamente tem o atributo de eternidade, pois isso é absolutamente necessário e essa lógica é inescapável.

Concebemos o Iniciador eterno. Mas ele só pode ser eterno se for imaterial, pois a matéria se desfaz com o tempo. Se o Iniciador do Universo material é imaterial, então ele não está na matéria, mas na imatéria. Se não está na matéria, pois ela não o comporta, ele é que comporta ela, então está em outro lugar, próprio de si mesmo, um lugar que o comporte como imaterial e esse lugar é ele mesmo. De qualquer forma, ele é transcendente à matéria, está separado dela, noutra dimensão.

O Universo que o Iniciador criou só pode ser menor do que ele, pois é impossível que algo crie ou forme coisa maior e mais complexa do que si mesmo. Logo o universo está nele e não ele no universo. Esse aspecto exige a onipresença, que, numa outra dimensão, própria dele mesmo, se desenvolve em todo o lugar existente, pois tudo o que existe o é nele.

O onipresente Iniciador, que é maior do que aquilo que criou e está além da própria obra, há de saber todos os mecanismos, todas as estruturas, todas as leis, todos os fundamentos que ele mesmo estabeleceu em tudo o que ele criou. Como nada existe sem ele, pois só há existência onde ele existe, onde ele é, então tudo está sob sua vigilância e nada lhe passa por despercebido. Isso, automaticamente, exige onisciência. O Iniciador só pode ser onisciente.

Como o Iniciador criou tudo, é maior do que tudo o que criou, sua presença alcança toda a sua obra criada e seu conhecimento é completo sobre toda a substância que ele formou à partir de si mesmo, então, óbviamente, ele tem todo o poder nesse cenário, pois não há iniciador para ele, então ele é o que há de maior e mais poderoso, ele é onipotente, tendo total poder em tudo o que existe.

O Iniciador, que é eterno, sendo eternamente aquilo que eternamente É, transcendente à matéria –fazendo parte apenas de si mesmo-, onipresente, onisciente e onipotente, só pode ser independente. Ele, que tudo criou, sabe tudo o que se pode saber, até porque, sabendo tudo sobre si mesmo, sabe tudo sobre tudo o que existe e é, portanto, nenhuma criatura é capaz de lhe dizer algo novo, de lhe acrescentar o conhecimento que ele mesmo inseriu na criação, à partir dele mesmo. Nenhuma criatura material ou espiritual tem algum poder relevante, que signifique alguma coisa para o Iniciador, logo, ninguém pode comandá-lo ou forçá-lo, assim como, ninguém pode fazê-lo maior e mais poderoso do que ele já é, pois tudo o que existe é menor do que ele e está sob o julgo de seu poder que é, como o senhor de tudo, o poder máximo, ilimitado. Estando ele em tudo e além, nada pode domá-lo. Ele, simplesmente, se completa, pois eternamente existiu em si mesmo e, sendo imaterial, transcendente, nada do que é material, menor do que ele, pode acrescentar-lhe algo e, sabendo que onde ele transcende, é apenas em si mesmo, então ele só precisa de si. Nada mais, nada além, pois nada vai além dele mesmo. Ele é o seu próprio elemento, ele supre a si mesmo, pois não teve iniciador para si, iniciando tudo o que não é ele.

O Iniciador independente, eterno, transcendente, onipotente, onisciente e onipresente, maior do que tudo em todos os aspectos, por ter sido de tudo o criador, o iniciador, além por sua própria e eterna natureza, existente em si mesmo, só pode ser formado de uma única parte, de uma única substância, que é ele, pois nada que não seja ele mesmo está nele – ele, que está em tudo (está em tudo, mas não é tudo, pois ele não pode ser o que ele mesmo criou), não pode ter nada estando nele além dele mesmo. O aspecto eterno exige unidade absoluta, apenas um Iniciador e este, formado de si mesmo, pois ninguém o formou. Essa única parte e única substância é o que designa o atributo de simplicidade.

Uma vez que o Iniciador é eterno, sendo eternamente a mesma coisa que ele eternamente é, definido por sua natureza única, simples, então ele é imutável. Como ele tem todo o conhecimento possível, pois ele é o máximo possível por si mesmo, assim como todo o poder e domina em toda a extensão de sua obra, então não há nada que possa apresentar-lhe ideia nova, nem poder novo, logo, ele já está totalmente definido por si próprio e nada pode mudá-lo, até porque, sendo eterno, ele É o que É. Ele é o que há de maior e melhor, ele é o seu próprio limite, ele é quem limita toda a obra criada, portanto, nada está em condição de atingí-lo. Seu "gene", que é unicamente ele mesmo, eternamente definido, o faz imutável.

O originador de tudo, aquele que é onipotente, onisciente e onipresente em tudo o que ele mesmo criou, sendo o único eterno, o único iniciador é, portanto, soberano em toda a criação e, logo, em tudo, pois além da criação só há ele mesmo. 1 Timóteo 1:17; Romanos 16:27; Salmos 96:4. O atributo de soberania, por si só, já o definiria como eterno, onipotente, onipresente e onisciente: ele é soberano no tempo, soberano sobre todo o poder e soberano sobre todo o espaço e conhecimento, assim como, esses atributos podem definir sua soberania. Mas, reflitamos um pouco: por que ele é soberano sobre o tempo e, logo, eterno? Ele é o começo, não há iniciador pra ele, portanto ele é a própria origem e natureza do tempo. Por que ele é soberano sobre o poder? Porque não há ninguém maior do que ele e ele é o iniciador de tudo o que tem poder, e tudo o que tem poder herdou o poder dele, que é a própria definição de poder. Por que ele é soberano sobre o espaço? Porque ele é a própria e eterna definição de espaço, a sua existência eterna possibilitou o existir eterno do espaço. Sem ele, não haveria espaço - nem poder, nem tempo. Por que ele é soberano no conhecimento? Porque nada existiu antes dele para formá-lo, então tudo o que se pode conhecer fora dele, provém dele. Sem ele, não haveria nada para ser conhecido. No final das contas, alguém precisa ser independente e absoluto em tudo, para que o dependente e parcial possa ter no que se apoiar, uma origem e um alicerce.

Justiça e retidão, amor, graça e bondade são atributos necessários à partir de uma mesma observação da natureza criada - até porque um completa o outro. Analisemos: há um senso moral nos seres humanos, além de sentimentos e anseios como amor, graça e bondade, aspectos naturais que silenciam os instintos e vão contra a tendência geral das criaturas - mas, ainda assim, observa-se, por exemplo, cães que dão a vida para salvar seus donos de animais selvagens por evidente apego e companheirismo. Com base nisso, pense comigo: o que é necessário para se criar um ser intelectual, com senso moral e amor? É necessário um ser ainda mais intelectual, moral e amoroso. Podemos nos basear na ciência matemática: se temos uma criatura com potencial 99,9% moral, aquele que a criou pode ser 30% moral? Será que se ele fosse, teria condição, moral, em si mesmo para esse salto? De onde viria o restante da moral? Do NADA?! Muito mais provável e óbvio que o criador desse ser 99,9% moral seja maior do que isso, seja um ser 100% moral. É a única possibilidade: do 100% pode-se tirar algo com 99,9%, mas do 30% isso é impossível!!

Vejamos mais: a disposição perfeita dos astros no vastíssimo Universo é extremamente complexa, até porque perpetua a vida aqui na Terra. Essa complexidade, digamos, defini-se como 99,99%, já que é altíssima, com tudo praticamente perfeitamente posicionado em bilhões de anos-luz e com a carga exata de força gravitacional para manter toda a estrutura estável. O originador dessa complexidade, já que houve um começo, foi o caos, 0,01% complexo, ou um ser intelectual e 100% complexo? Voltemos ao raciocínio: do número especulativo 0,01% não se pode extrair o 99,99%, mas o 100% tem 99,99% para oferecer. O mesmo vale para o amor e a bondade. Agora pense mais: pode o 100% complexo criar o 0,01% complexo? Logicamente, pois o 0,01% é possível dentro do 100%! Pode-se, tranquilamente, extrair o 0,01% do 100%. Somente a ordem pode originar a ordem, mas a ordem também pode originar, teoricamente, a desordem, concebendo que a desordem não está além da ordem para que tal ordem não possa produzí-la. Da ordem para a desordem há uma subtração da essência, o que é possível, enquanto é impossível que a ordem original consiga adicionar mais ordem a si mesma, já que não existe outra ordem para ser adicionada. Conceba "ordem" como Deus.

Seguindo o mesmo raciocínio: para o ser 80% intelectual é viável um criador 100% intelectual - nunca menos que 80%. Havendo uma criatura 0,2% intelectual, o criador pode ser o mesmo 100% intelectual, pois não há acréscimo de intelecto no processo de criação do 0,2% intelectual, apenas decréscimo do que já existe no criador. Ou seja: o Criador de imensurável intelecto pode criar um ser com ínfima capacidade intelectual. O Criador que é excelência em ordem, pode criar um sistema em desordem. O Criador absolutamente moral e amoroso pode criar um ser amoral e movido antes por instinto do que amor. Do 100% para o 0% tudo é possível, não é possível o 101%, pois o Criador não pode fazer nada maior do que ele mesmo e nem -0,01%, pois o sistema já burlaria o padrão moral do Criador, que pode criar o amoral, mas não o imoral. O Criador não pode ser neutro em moral, ordem, amor, pois seres ordenados, morais e amorosos exigem que o Criador seja total ordem, excelente em moral e amor. Como já disse na postagem "Pandemia": o racional, a ordem, a moral e o amor exigem uma causa intelectual, organizada -e organizadora-, legisladora, e amorosa, mas tudo isso necessita da iniciativa e intelecto -"o intelecto exige intelecto". Mas a desordem, o irracional, o amoral -e imoral-... não exigem intelecto, iniciativa, pois são apenas a subtração daquilo que já existe. Para o caos existir a mente intelectual é desnecessária, mas para a ordem se fazer imperante, o intelecto organizador é inescapável.

É claro que os números que lancei não são inspirados, incontestáveis e que tal raciocínio deva ser extrapolado para outras questões. São apenas exemplos que formulei com base na razão. À primeira vista você deve ter se questionado: "se o 100% cede 99,9%, ele não fica sendo só 0,01%?!" Deus não tem limite algum de "quantidade", de "tamanho", pois o eterno é interminável. Ele não poderia acabar menor, menos do que sua criatura. Pense em genética: você só pode destinar ao seu filho aquilo que você possui, nada fora e nada mais, você é 100% humano e não ficará 50% (outros 50 de teu conjuge) humano quando tornar teu filho 100% humano. Você continua 100% humano. Por Deus ser 100% intelectual, por exemplo, em sua "genética" ele pode gerar o quanto desejar de seres 99,9%, até 0% intelectuais.

Síntese da ideia: um Deus Racional pode criar seres irracionais apenas reduzindo algo do que Ele já possui, mas um ser irracional nunca pode criar um ser racional, pois ele precisaria acrescentar na obra algo que não possui!

Como surge o imoral? O Criador não pode criar o que não tenha a oferecer (Salmos 136:4), então a Sua criação se limita ao amoral, ao 0% moral. O imoral vem como uma subtração além do padrão inicial, promovida pelo afastamento do Criador moral. Longe da Fonte Moral, do Legislador, do Governante, que promove a ordem, há a barbárie, assim como longe da luz há trevas. O imoral, o mal, portanto, não são criações advindas do Criador, também não podem ser tidos como "coisas" - o Universo pode, muito bem, ter sido, originalmente, totalmente bom e moral, mas, num determinado momento, adquirir traços imorais e maus, bastando algo fugir do controle, bastando alguma coisa, por vontade própria -anjo ou homem-, subtrair a moral e bondade até chegar ao nível negativo, inverso. Como? Sendo criatura com personalidade, optando por "independência de Deus", anulando-se, portanto, dEle, e, tornando-se assim, sem a ligação com a fonte de tudo o que exige um Causador Intelectual, o inverso dEle, à medida que os bons atributos se desgastaram, se desorganizaram, se corromperam no caos da ausência do organizador, do legislador. Essa "subtração" pode explicar, também, o conceito de o ser humano estar decaíndo.

O Soberano Senhor, eterno, definido por si e em si mesmo, antes de tudo e, portanto, definidor de tudo o que veio a existir por causa dele, sendo maior do que aquilo que é definido por sua própria existência, é o próprio padrão, o ápice, da justiça e santidade, pois é ele que define e ordena sobre o que deve ser feito pelas criaturas para serem tidas como justas e santas. Santo é quem, fazendo e sendo o que o Criador quer, seguindo o padrão do Senhor e, logo, assemelhando-se à ele, é separado para o Pai. Se o termo "santidade" significa, primeiro, "separação", então o Criador só pode ser santo, pois ele é transcendente -mesmo imanente- e não se contamina com a depravação do universo caído, pois ele não é o universo, está nele, assim como é imutável e independente. Se santo quer dizer "sem pecado", então ele também é santo, porque, além dele mesmo definir o padrão moral, é imutável e simples - só podendo ser totalmente bom ou totalmente mal, o que, segundo o que se vê, fica óbvio ser bom. Não se contradiz.

Mesmo santo e, portanto, incompatível com o pecado, com aquilo que foge à sua natureza, também justo, tendo que julgar o mal, a rebeldia, o Criador é amor e ama suas criaturas. Esse amor o fez arranjar um meio de libertar o máximo possível a sua obra do juízo obrigatório, e fez isso, primeiro, através de sacrifícios de animais -pré-figuração de Cristo- e, de forma derradeira, com a morte de Cristo na cruz. O favor imerecido desse Deus amoroso chama-se graça: a chance de voltarmos a ser o que fomos, quando éramos genuínos e não estávamos contaminados pelo mal, ao invés de sermos destruídos completamente.

Conceitos segundo a tradição ortodoxa: há dois pontos do que falei que, aparentemente, divergem da posição tradicional da ortodoxia cristã, relacionados às dimensões de Deus e de onde Ele tirou a matéria. A ortodoxia diz que Deus não tem dimensão, nem tamanho, porque dimensão existe na matéria e no tempo e Deus é imaterial e atemporal. Esse raciocínio, obviamente, tem lógica, até porque perdura há muitos séculos, mas eu simplesmente não consigo entender como alguém possa existir e se mover eternamente sem possuir dimensão alguma e totalmente deslocado do tempo, pois penso no tempo e no espaço não apenas como consequência e causa da matéria, não como lei da matéria, mas lei em tudo o que existe, dentro ou fora da matéria - a diferença está no andamento e nos efeitos do tempo. É claro que Deus não ocupa lugar nenhum, pois Ele não habita em nenhum lugar -não há recipiente para Deus-, ocupando, portanto apenas a Si mesmo -defino como uma dimensão inteira própria dEle. É claro que o tempo, como é tido, só existe quando algo que sofre a sua ação também o existe, mas não se pode negar que o tempo também possa existir nalgo que não sofre a sua ação degenerativa, simplesmente porque esse "algo" se move e pensa, o que, sendo ou não o tempo convencional, exige uma espécie de tempo - não um tempo que age nesse ser absoluto e derradeiro, mas um tempo que é nEle e por Ele. O fato de Ele se mover, pensar e possuir o elemento simples que é Ele mesmo, automaticamente gera o tempo, pois há "área" em ação e movimento. Essa tipo singular de tempo, eterno com o eterno Ser, seria incompreensível para quem vive num mundo dinâmico e decadente, mas pode, pelo menos parcialmente, explicar como o "eterno" passou, para chegar-se ao HOJE: um tempo vastíssimo como que num "sono" passa de forma quase imperceptível, até o "despertamento" criativo. Eu acho que destituir de Deus toda a dimensão ou tempo, o diminui nalgum ponto, pois aquilo que mais se assemelha ao conceito de algo à-parte de dimensão e tempo presente é uma idéia, que, por mais que você pense, nunca existirá, enquanto ideia, fora de seu pensamento. -Eu desenvolverei mais esse tema noutra postagem.

A ortodoxia trabalha com Deus criando tudo à-partir do NADA. O que é totalmente possível e mais viável do que sugerir que uma explosão tenha se originado do nada, sem matéria preexistente para produzí-la, e que tal, material do amaterial, produziu do vazio tudo o que existe. Mas enquanto vê-se Deus sem dimensão alguma, sem ser tudo em Sua própria dimensão, há de se questionar como seria possível existir, na inexistência dimensional, algum lugar vazio. Eu também penso: se só Deus existia antes de todo o mais existir, haveria alguma outra coisa além dEle, um vazio, de onde, com Seu poder, faria brotar o Universo material? Só havendo Deus, eu sugiro que tudo o que existe além dEle só pode ter provindo dEle mesmo. -Talvez eu tenha mal interpretado a posição tradicional.

Em resumo: somente em Deus plenitude e essência se identificam. Deus é o puro ato de existir, é a plenitude do ser. Nele todas a forma de perfeição, em todos os aspectos que convém ao ser, se identificam com Sua essência, tudo se vê na plenitude. Apenas Deus é absoluto e não pode haver outro, pois não podem haver dois absolutos iguais. Fora de Deus, portanto, não há nada, não há existência, pois Ele é o eterno "existente", somente Ele. Nada além de Deus pode existir, ser por si mesmo, logo, a Criação só existe porque a existência primeira lhe formou, à parte do nada e à parte de si mesma. Deus criou algo separado de si mesmo e que, não sendo Ele, mas sendo alguma coisa -não o "nada"-, é por si, mas baseada e sustentada pelo Pai.

Parte 2: singularidade

De qualquer forma, você consegue sugerir alguma alternativa à Deus? Com seus dilemas, há de haver um Iniciador, isso é inescapável! Deus é essencial!! A lógica em tudo o fundamenta!! Sim, o Deus bíblico! Esse é o Verdadeiro Deus, o único que se pode validar! Mas o cético pode me perguntar uma coisa, ainda: "Ok, Deus, o cristão, é compatível com a lógica, porém, ficam lacunas: se tudo o que existe já deveria ter raiz nEle, então de onde vêm os 'relacionamentos', já que Deus é solitário?"

Certo. Tudo tem raíz em Deus: razão, ordem, beleza, moral, amor, complexidade, composição -pois Deus possui o elemento que é Ele mesmo-, tempo -sim, se existe tempo na Criação, deve estar em Deus, mas isso eu explico mais tarde-... e relacionamentos. Como Deus pode ser um eterno Deus de amor e bondade, atributos essenciais de um relacionamento, se Ele é sozinho? É aqui que cabe a derradeira beleza e razão de Deus: Ele é Trino, portanto, não solitário. Ou seja: estou falando da Trindade. Deus Pai, Deus Filho e Deus Espírito Santo. É dessa relação eterna -ou provinda de tempos incalculáveis-, que surge o relacionamento na Criação e o próprio anseio de Deus em criar o homem para se relacionar com ele. A Trindade é um conceito mais difícil de entender, pois é o Único Deus constituído de 3 "Pessoas".

-A unidade de Deus no Antigo Testamento: Deuteronômio 6:4; Isaías 44:6, 8 e 45:5.

-A pluralidade de Deus no Antigo Testamento: Elohim (2.570 x usado), significa "os poderosos". Adonai: "meus senhores". Vide mais: Gênesis 1:26 e 27; Isaías 9:6-7, 44:6, 48:16, 55:11, 63:7-14; Provérbios 8:22-31; Salmos 2, 33:6, 119:89, 147:15-10. - Essa evidência plural indica que o AT é da mesma natureza que o NT.

-A unidade de Deus no Novo Testamento: Marcos 12:29; 1 Coríntios 8:4; 1 Timóteo 2:5.

-A Trindade no Novo Testamento:

a) Jesus como Deus: Mateus 1:23 -Emanuel significa "Deus conosco". João 5:18 -Filho de Deus. João 8:58 -Eu Sou. João 5:27 -Filho do Homem- Daniel 7:13-14. Mateus 2:11, 14:32-33, 28:9 - Jesus é adorado, só Deus pode ser adorado. Mateus 3:3 -Jesus é tido como Iavé- Isaías 40:3; Romanos 10:9-13 - Isaías 2:32. Outras: Lucas 1:76 - Malaquias 3:1; Romanos 14:9-12 - Isaías 45:23; 1 Coríntios 2:13 - Isaías 40:13; Hebreus 1:10 - Salmos 102:25-27. - Repare na relação de "cumprimento - profecia".
Referências explícitas: João 1:1, 18, 20:28; Tiago 2:13; Romanos 9:5; 1 João 5:20; Atos 20:28; Filipenses 2:6; Colossenses 2:9; 2 Tessalonicenses 1:12; 1 Timóteo 3:15-16; Hebreus 1:8; 2 Pedro 1:1.
Jesus mesmo disse: João 8:51-59, 10:22-39.

b) A divindade do Espírito Santo: Gênesis 1:2; Êxodo 31:3, 35:31; Números 24:2; 1 Samuel 10:10, 11:6, 19:20, 23; 2 Crônicas 15:1, 24:20; Jó 33:4; Ezequiel 11:24; Mateus 3:16, 12:28; Romanos 8:9, 14; 1 Coríntios 2:11, 14, 3:16, 7:40; Efésios 4:30; Filipenses 3:3; 1 João 4:2; João 14:16; 2 Coríntios 3:17-18; Atos 5:3-4; 2 Samuel 23:2; Isaías 40:13-18; Isaías 9:6; Atos 28:25; Salmos 95:7; Hebreus 3:7; Jeremias 31:31; Hebreus 10:15.
O Espírito Santo não é uma "força", é uma "pessoa": 1 Coríntios 2:10-13; Atos 8:29, 9:31, 13:2, 15:28, 16:6; 1 Coríntios 12:11; Efésios 4:30; Mateus 12:31; Filipenses 2:5-8; João 15:26, 16:13-14.

-A pluralidade de Deus no Novo Testamento: 1 Coríntios 12:4-6; 2 Coríntios 13:14; Mateus 3:16-17, 26:39, 27:46, 28:19; Efésios 2:18; João 11:41-41; Marcos 1:9-11.

Portanto: não sendo triuno, mas apenas o Pai solitário, o atributo de independência poderia ser questionado, pois ficaria parecendo que Deus criou o homem não por desejo, mas por carência - e de onde viria o desejo de se relacionar sem uma ideia eterna de relacionamento?-. Deus é triuno e completo em si e por si mesmo, logo a Criação é fruto de seu amor generoso e plural. - Certo, tudo muito bonito, mas o conceito de Trindade não é lacunoso? Ele não pode ser totalmente compreendido, mas pode haver tentativa:

Sendo Deus UM só, mas 3 ao mesmo tempo, com o Deus Pai, Deus Filho e Deus Espírito Santo, sendo 3 mas UM, fica, realmente difícil de compreender. A Trindade é a melhor forma de explicar, racionalmente, o papel criador do Único Deus e jamais se equivale a um politeísmo, já que no politeísmo há inúmeras divergências entre deuses físicos. O conceito de Trindade bíblico é o único que se encaixa na lógica: as 3 Pessoas da Trindade possuem a mesma natureza, perfeita e imaculada, desde a eternidade ou tempos imemoráveis. Ele são 3, mas padecem dos mesmos anseios, das mesmas motivações, dos mesmos atributos, por serem da mesma e simples composição. Eles são três perfeitos e, perfeitos, estão tão unidos em uma mesma mente e natureza, que compõem, em atitude e composição, um só. Eles não são um único ser feito de 3, eles são 3 individuais que trabalham em perfeitíssima harmonia, totalmente condizente com os seus atributos partilhados.

Os 3 são eternos? Podem ser, pois o que é eterno simplesmente É. 

E então? Há uma distinção entre a palavra "gerado" e "criado". Há versículos bíblicos que sugerem, por exemplo, que o Filho, condizendo com seu nome, tenha sido feito de Deus: Colossenses 1:15; João 1:18, 3:16, 18; 1 João 4:9; Apocalipse 3:14; João 14:28. É claro que nomenclaturas como (1)"primogênito", (2)"unigênito" e (3)"princípio" são interpretativas (1-além de primeiro pode ser herdeiro ou o mais importante. 2-Não necessariamente o único gerado, mas o único de seu tipo. 3-Não precisa só significar começo, mas meio, forma), porém não deve-se fugir do que se lê e se compreende primeiramente pelo fato de uma definição de antemão dizer outra coisa -definir filosofia, ler a Bíblia, definir a Bíblia (?). Unigênito parece deixar claro: único gerado. Mas o que é "gerado"? "Gerado" não é "criado", é como algo originado, naturalmente, de outro. "Criado" é produzido pela ação do outro, não necessariamente e diretamente de outro. Veja só: Deus criou o universo, logo o universo é inferior à Ele, pois é Sua obra e não pode ser-Lhe maior - matematicamente: no máximo 99,9% do Criador, 100%. O Criador trabalhou encima de algo que resulta de Sua ação proposital, que resulta em algo doutra natureza, não da Sua, não igual. O Filho, porém, foi gerado DE Deus, não criado por, e, assim como o filho do ser humano é totalmente ser humano - o homem gerado, não criado, pelo homem -, Cristo é 100% Deus, pois foi gerado, não criado, de (não por) Deus. Criar significa produzir diferente de si mesmo, o que é óbvio. Gerar significa produzir como a si mesmo, não sendo criação do Criador, mas gene do Genitor. ->O homem cria um carrinho de madeira, mas gera um filho. Hebreus 1 dá a entender que o Filho foi gerado. - Não atente para alguma bobagem, pois eu posso estar, de fato, errado. Mesmo que O Filho tenha sido gerado nalgum "momento" da Eternidade, como Ele É desde antes do tempo, é igualmente atemporal e, tecnicamente, eterno.

Sendo 100% Deus, o Filho pode ser menor que o Pai? Pela lógica ambos são iguais, sem esquecer do Espírito Santo. A distinção, segundo percebo, de Filho para Pai, pode estar tanto na origem como na função e o mesmo vale ao Espírito Santo. Deus Pai estava na Criação, mas hoje se vê transcendente, construindo o Reino Eterno, o Filho esteve na Criação, veio ao mundo como sacrifício e voltará como rei, o Espírito Santo estava na Criação, mas hoje veio, em nome de Cristo e à mando do Pai, para continuar a Obra do Filho até sua Segunda Vinda.

Mas então por que a blasfêmia contra o Espírito Santo é pior do que contra o Pai e o Filho? Essa pergunta foi intrigante na aula de Teologia Básica, mas a melhor resposta que formulei foi a seguinte: se o Espírito Santo nos dá o conhecimento acerca do Pai e do Filho, negá-lo é negar ao Pai e ao Filho que ele nos fez conhecer e, conhecendo, negamos. Negar o Pai e o Filho sem o Espírito Santo é pura ignorância, pois o Espírito Santo é que dá o entendimento verdadeiro sobre eles, por isso não é pecado irremediável. - Uma melhor forma de compreender a Trindade é ler o Credo de Atanásio e o de Nicéia.

Trecho do Credo de Nicéia:

"(...) E em um só Senhor Jesus Cristo, o unigênito Filho de Deus, gerado pelo Pai antes de todos os séculos, Luz da Luz, verdadeiro Deus de verdadeiro Deus, gerado, não criado, de uma só substância com o Pai, pelo qual todas as coisas foram feitas (...)"

O que mais falta? Lógico: se a Bíblia fala do Deus Verdadeiro com total razão, há de ter moral para questionar os ídolos feitos de matéria, esculpidos, totalmente imanentes - e isso ela faz com excelência! Sendo a Verdade, como havia de ignorar a loucura que é crer numa pedra ou num pedaço de madeira?! Veja: Deus rejeitou uma imagem Sua -Êxodo 32:4-10, Salmos 106:19; "Fora de mim não há Deus" -Isaías 44:6-21: "Então do resto faz um deus, uma imagem de escultura; ajoelha-se diante dela, e se inclina, e roga-lhe, e diz: Livra-me, porquanto tu és o meu deus."; Isaías 45:20; Jeremias 2:27-28: "Que dizem ao pau: Tu és meu pai; e à pedra: Tu me geraste; porque me viraram as costas, e não o rosto; mas no tempo da sua angústia dirão: Levanta-te, e livra-nos."; Miqueias 5:13: "E destruirei do meio de ti as tuas imagens de escultura e as tuas estátuas; e tu não te inclinarás mais diante da obra das tuas mãos."; Jeremias 8:19, 10:14, 51:17, 47 e 52: "Todo o homem é embrutecido no seu conhecimento; envergonha-se todo o fundidor da sua imagem de escultura; porque sua imagem fundida é mentira, e nelas não há espírito."; Isaías 21:9, 2 Crônicas 34:7 - como "deuses" permitem-se destruir por homens?!; Habacuque 2:18: "Que aproveita a imagem de escultura, depois que a esculpiu o seu artífice? Ela é máscara e ensina mentira, para que quem a formou confie na sua obra, fazendo ídolos mudos?"; Atos 17:29: "Sendo nós, pois, geração de Deus, não havemos de cuidar que a divindade seja semelhante ao ouro, ou à prata, ou à pedra esculpida por artifício e imaginação dos homens."; Deuteronômio 4:25, 27:15; Salmos 97:7; Levítico 26:1; Oséias 11:2; Êxodo 20:4. Eis a lógica: Deus, criador da matéria, não pode ser simples matéria. O homem não tem a capacidade de "esculpir" o seu próprio criador. Não há politeísmo, nem panteísmo, pois só pode haver UM eterno e, logo transcendente. Onde está o poder das grandes religiões do passado? Onde está a razão de uma espécie sinistra de cristianismo em pensar que um Novo Templo de Salomão, em São Paulo, fará diferença espiritual?! "O Deus que fez o mundo e tudo que nele há, sendo Senhor do céu e da terra, não habita em templos feitos por mãos de homens" - Atos 17:24, 7:48-50. Nem Salomão, que construiu o Primeiro Templo, acreditou que a sua construção fosse conter Deus: "Mas, na verdade, habitaria Deus na terra? Eis que os céus, e até o céu dos céus, não te poderiam conter, quanto menos esta casa que eu tenho edificado." 1 Reis 8:27.

O Deus Verdadeiro, síntese da razão, do intelecto, do amor e da justiça, também não pode ser enganado, manipulado e subornado pelas Suas próprias criaturas, não é mesmo? Essa é a questão mais óbvia! E se a Bíblia falhasse nisso, faria toda a sua veracidade desmoronar, mas, como sendo a Verdade, ou melhor, inspirada por Aquele é que a Máxima Verdade, ela não falha nisso. Na postagem "A Ofensa" você pode ter uma ideia de como nosso Deus é observador, atento, justo e coerente.

Para concluir, o que dizer? Que não temos escapatória: é Deus. Somente Ele, apenas o Deus bíblico e nada mais. Ele é o começo e o fim. Ele é o ÚNICO Eterno. Não há poder que se equipare, não há conhecimento que se aproxima, não há nada em suas dimensões e nada capaz de compreendê-lo de fato em Sua transcendência. Com base nessa evidência fortíssima de que só pode ser Ele, o que fazer? Se entregar completamente, pois não há nada melhor que possamos fazer mediante Deus tão grande e poderoso!! E isso só nos pode ser de boa valia, pois esse Deus é total e incompreensível amor!!! Leitor, considere: só pode haver vida à partir daquele que criou a Vida!! Agora que já sabe a decisão é tua, mas seja qual for, não será mais obtida com base no desconhecimento.

É claro que esse peixe tem alguns espinhos, difíceis de engolir, mas você não pode deixar o suculento peixe intacto só porque essas coisas nele são incômodas. O que quero dizer é que existem, sim, coisas bíblicas que não se podem explicar, mas, mesmo com esses "espinhos", há toda uma infinidade de outras que se fundamentam numa razão inquestionável e que, por si, já superam toda a alternativa. Há muita "carne" para aproveitar nesse "peixe"!!

Natanael Pedro Castoldi, 2011

Leia também:

Um comentário: