Navigation Menu

É a primeira vez que
você acessa este blog
neste computador!


Deseja ver antes
nossa apresentação?


SIM NÃO

Qual é a Igreja Verdadeira?

Boa parte dos cristãos, por desconhecer outras denominações e deter elevado apega emocional à sua igreja local, praticamente afirma que a única igreja correta é a sua. Há milênios, em maior ou menor grau, desenrola-se esse debate: qual é a Igreja verdadeira? Os gnósticos tentaram se impôr, assim como os arianos e nestorianos; posteriormente a Igreja se dividiu entre Católica Romana e Ortodoxa; alguns séculos depois vieram os cátaros e outros grupos hereges; por volta do séc. XVI iniciou-se a disputa entre os cristãos reformados e os católicos, que até hoje se desenrola; dentro da Igreja Católica há frequentes disputas entre algumas correntes, com ênfase nas polêmicas envoltas na Teologia da Libertação, na questão dos carismáticos e outros impasses, como para com os da Igreja Católica Apostólica Brasileira, já desligados de Roma; dentro da Igreja Protestante inúmeras denominações tiveram origem e algumas delas se confrontam desde os tempos da Reforma, principalmente por questões teológicas, como a natureza da Ceia do Senhor - atualmente há impasses entre pentecostais (e neo-pentecostais) e tradicionais, teólogos liberais e bíblicos, entre arminianos e calvinistas e entre as diversas denominações (com disputas internas, como ocorre com a Anglicana, ou externas, como ocorre entre a Mundial e a Universal), por interesse de placa, doutrina e membresia. 

Se formos analisar dessa forma, podemos até desanimar - parece haver pouco Espírito Santo pra muita opinião. É claro que o cristianismo, como uma das principais fontes da democracia como apresentada atualmente no Ocidente, há de apresentar-se como um fervilhante berço de ideias, isso é praticamente inevitável, mas parece que as coisas estão saindo um pouco do controle, uma vez que cada vez mais igrejas se dividem e denominações, seitas e heresias surgem. Existe uma pesada disputa teológica e política se desenrolando dentro de todas as igrejas cristãs, talvez uma disputa nunca antes presenciada, trazendo uma severa confusão de ideias - afinal, mesmo sendo a Bíblia uma só, dezenas de milhares de grupos distintos afirmam seguir seus mandamentos. Diante de tal cenário, fica a dúvida: em qual igreja reside a verdade, afinal? Onde podemos encontrar preservada a essência da mensagem de Cristo? Existe alguma igreja verdadeira?! É sobre isso que falaremos no breve estudo que segue.

Guarde essas definições:
O termo "igreja" será referido de duas formas: uma indicando as instituições humanas e outra identificando o aspecto espiritual do Corpo de Cristo. Saiba diferenciar adequadamente a palavra, segundo o seu contexto de aplicação, quando ela se fizer presente. Será de suma importância ler, pelo menos, a segunda parte da postagem "O Verdadeiro Cristianismo - a Bíblia, a Igreja e o Cristão", uma vez que nela reside toda a sustentação bíblica do trabalho que você está lendo.

Existe uma igreja verdadeira? Obviamente. E qual igreja é essa? A Igreja de Cristo, aquela habitada pelo Espírito Santo e que acredita e obedece aquele Deus a quem Jesus chamava de "Pai". "Ora, isso não é muito genérico?" É claro que é. Mas as coisas não são tão simples no cristianismo: se cada cristão, individualmente, é Igreja (1 Pedro 2:5), é habitado pelo Espírito de Deus (1 Coríntios 3:16) e é sacerdote diante do Pai através de Cristo (1 Pedro 2:6), então é simplesmente impossível afirmar qual denominação é verdadeira e qual não é. O cristão é Igreja, dois ou três cristãos reunidos constituem Igreja (Mateus 18:20), e a Salvação reside em cada cristão individualmente. Igreja, espiritualmente falando, não é placa, não é denominação, não é tradição histórica, é apenas a reunião dos seguidores de Cristo, unidos pelo Espírito Santo e embasados nas Escrituras. Quem é cristão? Cristão é aquele que crê em Cristo como Senhor e Salvador (sem necessitar da influência de uma autoridade ou tradição humana) e anda segundo a Sua vontade, necessariamente sendo igreja e acompanhando outros cristãos naquilo que chamamos de "assembléia dos crentes". A reunião dos que creem e vivem pra Cristo, qualquer espécie de ajuntamento dessas "células do Corpo de Cristo" (não pense na denominação), é Igreja. Se um grupo prefere se reunir num bosque, outro num edifício e outro numa tenda, tudo bem, nada demais; se um grupo prefere violão, outro uma banda completa e o terceiro apenas coral, não tem problema nenhum; se um grupo chama seu líder de pastor, outro de bispo e o terceiro de padre, não faz diferença. Estruturas, liturgias e aparências, nada disso é influência definitiva na formação de uma "igreja correta" - tudo isso é nada além de acerto histórico, de adaptação para contexto cultural, de aplicação local e visível dos eternos princípios bíblicos. Nesse sentido podem existir cristãos que são Verdadeira Igreja na luterana, na presbiteriana, na batista, na assembléia, na anglicana, na católica ou na adventista. A salvação não depende tanto do contexto eclesiástico, mas das percepções, do entendimento e do comportamento do cristão em sua individualidade.

Quantas igrejas existem? Do ponto de vista espiritual existe apenas uma, que é constituída de cristãos conscientes das mais diversas denominações, unidos espiritualmente através do Espírito Santo e racionalmente através das Escrituras. Existem igrejas erradas? Existem cristãos errados em todas as denominações, pois pertencer a uma denominação não garante nada. Existem cristãos idólatras, mentirosos, roubadores, adúteros, fofoqueiros e distantes de Deus por todo o lugar - esses são mais comumente conhecidos como "cristãos nominais". Falo disso em termos espirituais e com ênfase no Corpo Universal de Cristo, mas podemos afunilar para o entendimento mais comum de igreja: sim, existem igrejas, denominações, erradas. É lógico. Quando um sistema doutrinário começa a afastar Cristo e Sua suficiência e supremacia, algo está errado, pois, afinal, a Igreja é o Corpo de Cristo - vemos por aí, por exemplo, uma certa denominação retrocedendo à concepções pré-cristãs, judaicas, com direito a um Templo de Salomão; vemos igrejas orando pelos mortos, vendendo objetos sagrados, pregando a Teologia da Prosperidade, trabalhando como uma lucrativa empresa. Esses sistemas de doutrina estão todos muito errados - é verdade que nenhuma denominação e igreja é totalmente correta em sua abordagem, mas existe uma diferença entre o erro circunstancial que objetiva o acerto e o erro proposital, embasado em vil falta de caráter. Qualquer cristão consciente deve sair de igrejas que já não mais têm Cristo como centro de sua existência, que pregam evidentes e maliciosas heresias. A Bíblia está aí para servir como parâmetro. Ao mesmo tempo, nenhum cristão deveria estar procurando uma igreja perfeita (segundo as suas concepções), tal utopia é irracional e infantil e só gera divisão. Sejamos humanos, sejamos terrestres: problemas e deficiências sempre existirão em qualquer lugar - é melhor tentarmos contribuir para a sua solução do que simplesmente fugir da responsabilidade.

A Igreja Verdadeira, aquela reunião de crentes em Cristo, precisa ter em mente os princípios claros e imutáveis do Criador: Jesus no centro, o Espírito Santo livre para agir, a Bíblia como base doutrinária, a assembléia dos crentes como algo imprescindível, um comportamento moralmente correto como norma, a esperança do retorno do Filho alimentada e a busca pela eternidade como objetivo, cumprindo a Grande Comissão, que é o ato de evangelizar e batizar a todos que conseguirmos influenciar. É nisso que todas as denominações e igrejas deveriam se assemelhar, ter em comum, é aqui que reside a Verdadeira Igreja. Agora, para além dos princípios claros deixados na Palavra há um amplo espaço para especulação, debate e adaptação, não sendo necessária nenhuma guerra denominacional por questões de calibre secundário. Se um grupo entende que o pastor deve vestir roupa laranja e o outro acha melhor uma roupa casual, não tem problema nenhum, uma vez que cada um tomou os princípios bíblicos que entendeu e especulou sobre eles. É nessa liberdade que reside a validade daquelas tradições e costumes que, não tomando o lugar de Cristo ou abolindo outros fundamentos da fé, servem para melhor adaptar a igreja local ao seu contexto - cuidemos para não alimentar uma tradição sufocante, um zelo destruidor, uma acomodação congelante, um costume delirante, algo que tire a liberdade de ação de Deus e a centralidade de Jesus. 

Observe que as adaptações das igrejas aos devidos contextos são importantes para evitar anarquia e desordem. Analise aquela igreja do bairro pobre da sua cidade: será que o público alvo local iria se atrair pelo estilo de culto daquela igreja mais tradicional, da área nobre? E será que os membros da igreja mais tradicional conseguiriam desenvolver um culto "do fogo"? Perceba como as adaptações são necessárias para atingir públicos específicos, mas também tenha em mente que todas as adaptações têm limite: não podemos, simplesmente, copiar aquilo que foi produzido pela sociedade. O fato é que não podemos ser lunáticos, mas coerentes como habitantes do Planeta Terra, eficazes em nossos contextos de atuação.

Uma das diferenças fundamentais que encontramos entre Atos 1 e Atos 2 está na localização de Deus: quando os apóstolos votam pela escolha de Matias como substituto de Judas Iscariotes, capítulo 1, usam de sortes, das pedras Urim e Tumim, procurando ouvir Deus fora, por meio de recursos externos, através de objetos, enquanto no capítulo 2, assim que o Espírito Santo desceu sobre os apóstolos, Pedro prega com uma autoridade vinda de dentro. Uma característica fundamental e revolucionária da Igreja é que Deus não está num prédio, num livro, nalgum mágico, nalguma música ou nalguma tradição, nalgo externo, Deus está no cristão e fala de dentro pra fora. Sendo assim, não podemos determinar "igreja falsa e verdadeira" com base em aspectos puramente humanos, como nomes, placas, prédios, liturgias e tradições. Interceptar igrejas falsas em termos espirituais até que é possível, mas é Deus quem vai lidar com elas diretamente (Mateus 13:24-30) - é claro que devemos nos opor com sabedoria, mas as palavras são o limite de nossa ação.

Resumo: 
- Qual é a igreja verdadeira? Em termos institucionais, é impossível definir. Em termos espirituais é a Igreja de Cristo. O cristão, individualmente, é igreja.
- Quem pertence a essa igreja? Todos os cristãos coerentes, que têm Cristo como o centro da existência.
- Quantas igrejas verdadeiras existem? Apenas uma, que é a união de todos os crentes verdadeiros no Espírito Santo.
- Existem igrejas erradas? Existem cristãos errados em todas as igrejas e existem instituições cristãs que de Cristo já não têm mais nada.
- É importante termos igrejas humanamente diferentes? Sim, pois trata-se de sabedoria adaptar adequadamente os princípios bíblicos aos diversos contextos históricos e culturais nos quais da Igreja marca presença.
- Quais são os limites das adaptações e tradições? Quando ferem os princípios fundamentais do cristianismo as tradições e adaptações se revelam como problemas, não ferramentas.
- Princípios: cada cristão é igreja, templo, sacerdote. Os cristãos devem se unir para experimentar adequadamente a ação de Deus. Em nossos dias Deus fala de dentro do cristão, não em prédios, livros, músicas, magos, liturgias e tradições.

Observação: em hipótese alguma eu sou favorável ao ecumenismo - favoreço a coexistência e o apoio interdenominacional. É claro que as igrejas podem aprender umas com as outras, aproveitando das diversas experiências eclesiásticas diferentes que temos, mas isso não significa que todas devam se submeter a uma ordem de pensamento específica e delimitada. É na diversidade que reside uma das mais poderosas forças do cristianismo e é com base nessa flexibilidade que a Igreja tem sobrevivido ao longo da história e se alastrado pelo mundo - quando uma igreja se reduz e passa a aceitar tudo o que as outras pensam, perde as suas peculiaridades e os seus potenciais próprios. É lógico que deve haver uma correção mútua de incoerências e heresias, mas voto pela individualidade, pela liberdade de pensamento denominacional. Nenhum movimento tem o direito de impôr e massificar uma forma, um modo, justamente na instituição que mais prezou pela democracia e pela liberdade. Antes de ser da "Igreja A" ou "Igreja B", eu sou cristão. Roupa, comida, prédio, costume, detalhe, nada disso realmente importa. Romanos 14.

Natanael Pedro Castoldi

Leia também:

Um comentário: