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Dilúvio: a Glaciação e Como os Animais se Espalharam Pelo Mundo

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É sempre bom receber perguntas de gente curiosa e bem intencionada - hoje recebi uma dessas no EOMEAB no facebook.com relacionada ao modo como os animais, da Arca, se espalharam pelo mundo pós-diluviano. Há anos eu não pensava sobre o assunto, mas felizmente já havia procurado respostas para isso anteriormente, de modo que a pergunta me fez observar novamente essas questões. Segue a pergunta, a minha resposta e algumas conclusões de interesse.

"Olá Eu tenho algumas perguntas sobre o Dilúvio! A primeira é: Sabemos que há milhões e milhões de espécies no mundo, como todas as espécies de couberam na arca? A Segunda é: como os animais foram para os continentes? Se todos os animais estavam na arca como o pinguim acabou no Pólo Norte, como o Kanguru acabou na Austrália? etc Abraços, aguardo uma resposta!"

"Olá, (fulano)! Você está com sorte, pois eu tenho, no meu blog, alguns artigos muito interessantes para responder a essas perguntas - principalmente a das espécies de animais na Arca, que colocarei o link na resposta. Sobre a dispersão dos animais no pós-dilúvio, o tempo geológico no qual se desenrolou a Inundação faz diferença (1) e esse mesmo "tempo", se tido com grandeza, pode levar ao entendimento de que o homem, ao longo de muitos milênios, enquanto expandia-se pelo mundo, levou consigo diversas espécies de gado e outros animais domésticos - o cavalo, por exemplo, não é natural da América, mas tornou-se selvagem na América do Norte pouco tempo depois de os espanhóis o terem levado para lá. A especiação também é um fator para a diversificação da fauna (1). Sabemos que animais menores, como insetos, podem ser carregados pelo vento, junto a restos orgânicos flutuantes na água e até na carona de outros animais, também sugere-se que houve uma glaciação no pós-dilúvio que pode ter ligado a Ásia à América pelo Estreito de Bering e a Europa à América por um congelamento da Inglaterra e França, passando pela Islândia e Groenlândia, até a Península do Labrador (2). Sabemos que, hoje, geleiras se movimentam centenas de metros por ano e que no inverno o gelo dos pólos se expande por milhares de quilômetros, podendo explicar uma glaciação breve e grandiosa (3). Um período glacial também explicaria o espalhar de animais pelas ilhas e lugares mais isolados: quando houve um imenso congelamento dos Hemisférios Norte e Sul, o nível dos oceanos baixou em vários metros, expondo corredores de terra seca capazes de ligar a Austrália à Ásia, por exemplo (4). Veja sobre a Arca e o Dilúvio aqui: A Arca de Noé Era Grande o Suficiente; Dilúvio em Marte? Esse Pode! E na Terra?"

1 - Uma questão de tempo: sobre a configuração geológica do mundo repentinamente pós-diluviano, precisamos atentar para o tempo geológico em que isso ocorreu, pois é extremamente difícil definir com precisão as datas do evento cataclísmico pelos motivos que você pode ler na postagem "A História Misteriosa", dO Mirante. Dependendo de quanto tempo estamos falando, poderia ainda haver alguma ligação maior entre determinados pontos do Globo e, dependendo do tempo em que ocorreu o Dilúvio, o homem pode ter sido um responsável ainda maior pelo espalhar dos animais pelos continentes e ilhas - teve mais tempo para tal. Essa tal quantidade de tempo também pode ter influenciado numa maior especiação dos animais que saíram da Arca, o que possibilitou uma diversidade da fauna como atualmente vemos. Esse ponto fica ainda mais interessante quando paramos para pensar sobre as dimensões do Dilúvio, se foi local ou global - veja sobre isso na postagem "Mistério", dO Mirante.

- O homem antigo tinha tecnologia pra ter levado animais para o mundo todo? Isso você poderá verificar especialmente na seguinte postagem: A História Fabulosa - Pate 1: Grandes Obras.

Um fato interessante a ser levado em conta está na presença de todo o tipo de animal na região do Oriente Médio, Ásia Menor e Mesopotâmia, como remanescentes da Arca no local: há espécies de ursos, leões, leopardos, javalis, avestruzes, cobras, lagartos, anfíbios, hienas, tigres, carneiros, órix, cavalos, gatos domésticos...

Observação sobre alimentação: na Arca, como se alimentavam os carnívoros? Temos um exemplo de animal com fisionomia propícia para a caça, mas que come bambus, o urso panda. Com base nesse exemplo, podemos entender que Deus pode ter alterado a dieta dessas criaturas na Arca, que, inclusive, quase não gastavam suas reservas energéticas no local, não necessitando de fontes ricas na alimentação - qualquer predador que tiver garantida a comida diária ficará sedentário e, pelo pouco gasto calórico, comerá menos. Como o metabolismo na Arca desacelerou-se, esses animais comeram menos, podendo ser supridos por estoques de carne que o próprio Noé teria colocado na embarcação, pela pesca e até mesmo pelo abate de seres que se multiplicavam mais, como pequenos roedores. Alguns, inclusive, podem ter hibernado algum tempo - Deus cuidaria dessas questões das maneiras devidas.

2 - As rotas naturais pelo gelo: 
O mapa trata das migrações humanas, note a seta da Austrália para a América, mas podemos utilizá-la, em parte, para justificar migrações de animais pelo gelo, tanto no Norte, quando no Sul. No caso do Norte, verifique a rota por Bering, entre Ásia e América, e pela Groenlândia, entre Europa e América.

3 - Uma glaciação rápida: um cataclismo global, ou de forte influência numa grande área do mundo, certamente alterou o clima da Terra, mudando seu eixo, expelindo determinados gases na atmosfera, entre outros. Existem sugestões de que a Era Glacial pode ter ocorrido logo após o Dilúvio e não ter durado longos períodos de tempo, isso com base na quantidade de quilômetros que o gelo dos pólos se expande no inverno polar e nos avanços anuais das geleiras (algumas geleiras da Antártica avançam 800 metros por ano - o mesmo que 2 metros por dia).

- Criacionismo.com.br, 08/02/2012, Michelson Borges, A Era Glacial segundo o criacionismo:
"No modelo de Oard, a Era Glacial pode ter durado menos de mil anos. 'Devemos ter em mente', escreve Baerg, 'que não houve necessidade de milhões de anos para se desenvolver uma era glacial. Todos os fenômenos ligados ao gelo poderiam ter ocorrido em um espaço de tempo relativamente curto. Não precisamos pensar que foram necessários milhões de anos para acumular o gelo das geleiras, uma vez que, em poucos meses durante o inverno, grandes porções de terra são cobertas. [...] A formação e o desaparecimento dos lençóis de gelo devem ter ocorrido entre o tempo do dilúvio e o começo da história registrada' (O Mundo Já Foi Melhor, p. 70). E, conforme lembram Flori e Rasolofomasoandro, 'a pequena glaciação do século 18 fez oscilar o limite do gelo em torno de alguns milhares de quilômetros, de norte a sul. A oscilação foi verificada no intervalo de tão-somente 150 anos' (Em Busca das Origens, p. 275)."

4 - Caminhos por terra: com boa parte da água presa no gelo da glaciação, o nível dos mares certamente baixou em vários metros, criando corredores muito extensos, ligando as ilhas do Pacífico, ligando Madagascar ao resto da África, ligando a Austrália ao continente Asiático. Essa ligação foi tão rápida, que logo as espécies que migraram ficaram isoladas e se diversificaram em tipos exclusivos e exóticos.
- As plantas: o mundo vegetal terrestre espalhou-se pelo mundo através de sementes e restos vegetais que ficaram à deriva no Dilúvio e, dos vegetais e cereais da Arca, expandiram-se por influência humana, junto com as aves e grandes herbívoros, com o vento... Tudo isso também depende de nosso entendimento do Dilúvio: universal ou local. De qualquer modo, com as aves, insetos e o vento levando sementes e pólen pelo mundo, além dos retos vegetais que foram carregados no Dilúvio, antes dos grandes animais chegarem aos locais mais isolados do Globo já haveria relva e árvores espalhadas, que também puderam ter as suas espécies diversificadas com o tempo - um exemplo de especiação ou disseminação de espécies de plantas vi nos areais do Rio Grande do Sul que, relativamente recentes, já possuem plantas muito bem adaptadas à falta de água e ao sol escaldante. Devemos lembrar que os animais, logo após da saída da Arca, puderam se fartas com algas espalhadas pela terra seca, com peixes e até baleias encalhadas e com uma infinidade de poças d'água relativamente rasas repletas de animais aquáticos propícios para a caçada - passadas apenas algumas gerações a cadeia alimentar já estaria devidamente estabelecida.

Uma interessante evidência de que um dilúvio relativamente recente ocorreu está nos tempos da construção da Coluna de Nelson, em Londres: quando o local da obra foi escavado, no Século XVI, foram encontrados fósseis de leões e outros animais que atualmente vivem na África, o que pode indicar algumas coisas interessantes: ou a Grã-Bretanha num tempo recente (já existiam os leões modernos, por exemplo) localizava-se numa parte mais tropical do mundo e foi deslocada por um grande cataclismo (sabemos que foi uma grande inundação que separou a Grã-Bretanha no resto da Europa, g1.globo.com, 18/07/2007, Miguel Cabanillas), ou homem de um período muitíssimo antigo levou seres desse tipo para lá ou, por fim, uma súbita mudança climática, uma glaciação recente, fez com que o clima mais quente do local se tornasse o atual temperado. 

Natanael Pedro Castoldi

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