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Definição de Fé - Sustento Ideológico

Nessa altura, com mais de uma centena de publicações, quase cinco mil acessos e o crescimento da EOMEAB no facebook.com, muitos devem estar se perguntando: "Afinal, o que o autor desse blog pensa? Qual é o seu posicionamento religioso dentro do cristianismo? Qual é a sua teologia?" É claro que, nesse clima de guerra religiosa que assola o Brasil, é quase impossível encontrar por aí uma página cristã que não defenda doutrinas e teologias de determinada igreja e denominação e que não ataque descaradamente os pensamentos doutrinários e teológicos opositores, doutras igrejas e denominações - parece que somos obrigados a entrar numa caixinha pronta, se adequar perfeitamente ao seu formado e defender tudo para o qual a tal forma nos orienta. Todo mundo se vê como dono da verdade - "a minha igreja é a mais certa"- e todo mundo gosta de se fazer de vítima, de se dizer perseguido. Esse tipo de coisa já me cansou.

Resumo do que segue, em ordem: testemunho pessoal; argumentos; síntese.

Eu fui criado num lar cristão protestante que sempre me estimulou intelectualmente e garantiu total liberdade de pensamento e reflexão. Foi dado a mim o privilégio - e a sorte - de ter pais que me fizeram refletir sobre todos os aspectos mais importantes desse mundo, dando a mim a chance de tirar as minhas próprias conclusões sobre tudo, a chance de ligar os pontos, de crer com entendimento e não por religiosidade e cegueira. Com 12 anos de idade entrei, por acaso, nalguns debates com ateus sobre criacionismo e desenvolvi-me nisso até por volta dos 15 anos, aos 16 dediquei-me mais nos ramos da arqueologia, dos 17 em diante explorei o mundo pela filosofia - sem conceber os paradigmas filosóficos -, aos 18 fiz o um ano do Curso Básico de Teologia Atos, Janz Team Brasil e segui estudando história e teologia até os dias de hoje. Aos 19 anos dediquei-me num semestre da graduação em biologia e agora estou cursando psicologia. Essa caminhada, sem dúvidas, me levou a ter uma visão de fé maior do que as paredes do templo material.

Outros aspectos me influenciaram, pois basicamente tudo o que somos é fruto de histórico de vida: nasci num lar batista, filho de pastor batista que, na juventude, converteu-se do catolicismo. Cresci numa cultura alemã com influências católicas e luteranas e, posteriormente, vim morar numa cidade de maioria católica. Da batista minha família direcionou-se para a Comunidade Cristã, denominação na qual as igrejas possuem total autonomia teológica e organizacional. Sempre acompanhei as pregações de meu pai e nutri conversas saudáveis sobre teologia com minha família, o que inclui primos próximos. No meu ano de seminário convivi com menonitas, batistas, luteranos e pentecostais, de modo que quebrei alguns preconceitos, também viajei em ministério para as mais variadas igrejas, das mais variadas denominações. Nesse tempo, ainda, comecei a estudar a teologia católica, lendo alguns livros de Bento XVI, por exemplo, isso além de frequentar blogs adventistas. Com base nas experiências e num rotineiro estudo da Bíblia, comecei a entender que a Fé Cristã é muito mais do que aparências e vaidades humanas e, dessa forma, passei a considerar-me, primeiramente, cristão, somente cristão e, em segundo plano, protestante e membro da Comunidade Cristã, pois compactuo com o pensamento dessa igreja e sou fiel ao corpo aqui constituído. De caráter questionador e razoavelmente cético, fui também trabalhado por Deus através de experiências espirituais fortíssimas e variadas, com aparições, sensações e eventos, acabando por nutrir uma fé também baseada em indiscutíveis experiências espirituais, o que me deu a segurança de explorar e questionar aquilo que a mim é apresentado, na certeza absoluta de que, sendo o cristianismo verdadeiro, conseguirei encontrar respostas coerentes e satisfatórias para quase tudo - é claro que não podemos compreender, como seres finitos, o Deus Infinito, o que também é uma resposta. Na sequência você poderá ler alguns comentários que fiz no facebook.com nos últimos dias - uma completa síntese do meu pensamento:

1ª - (Sobre brigas entre católicos e protestantes) Os comentários que aqui vejo se resumem nisso: católicos criticando protestantes por terem dividido a Igreja, porém, ao invés de facilitar uma aproximação e uma nova união, fazem o que condenam: com base em críticas nitidamente tendenciosas e exageradas, militam em prol de um afastamento ainda maior. Eu até entendo os seus pontos, pois tenho interesse e imenso respeito pela teologia católica (apesar de ser protestante), porém é inadmissível ver o tamanho da desonestidade, parcialidade e maldade por trás de determinados comentários. Querem defender a Igreja que definem como verdadeira através de esteriótipos e paradigmas mentirosos, de modo a, supostamente defendendo o cristianismo, agirem de maneira nada cristã. Claro, muitos protestantes também fazem o mesmo... Eu acredito, conforme tenho entendido da Bíblia nos últimos 3 anos de estudos diários, nos meus estudos da História da Igreja Protestante e Católica, de livros de teologia protestante e católica, de documentos antigos, como o Didaqué, etc, que tanto católicos quanto protestantes podem encontrar a salvação em Cristo Jesus! Inclui aqui adventistas e outros mais - cristãos falsos e verdadeiros podem existir em qualquer igreja e denominação. Por isso esse tipo de agressivo debate, para mim, é nada mais do que algo vazio e desnecessário - nada mais do que vaidade e aparência.

2ª - (Em resposta a alegação de que "o entendimento leva ao catolicismo") Bom, tenho o livro De Volta ao Catolicismo, Pe. Zezinho; a trilogia Jesus de Nazaré, de Ratzinger; Deus Existe?, Ratzinger e Flores D'Arcais; A Sabedoria dos Jesuítas para (Quase) Tudo, James Martin; História da Igreja Católica; Didaqué; A História Revelada dos Papas; algumas Bíblias católicas; tenho algo de Felipe Aquino, um outro que resume um diálogo entre o Papa Fracisco e um rabino (comprei ontem)... Impressionou-me o cristocentrismo na essência de todo o trabalho, o que me fez simpatizar mais com o catolicismo, quebrando preconceitos que eu tinha, porém, por outro lado, esse evidente cristocentrismo, unindo-o ao consenso de meus outros livros cristãos, no caso de teologia e história protestante (teologias sistemáticas, comentários, manuais e dicionários bíblicos, Bíblias de Estudo...), me fez crer ter encontrado a essência da fé e já estar ancorado em um porto teologicamente seguro. Sei que Ratzinger cita teólogos protestantes, também sei que a própria Igreja Católica considera os protestantes como irmãos, sei de papas que tiveram estreita aproximação com intelectuais protestantes... Cristo é o centro e a suficiência de toda a teologia bíblica e histórica, o centro da vida de todas as igrejas e denominações - tradições e culturas cristãs são interpretações, adaptações, aparências, formas e métodos de expressar e divulgar essa fé, segundo as heranças históricas e teológicas (periféricas) de cada grupo cristão. A essência bíblica é uma só e, por isso, não parece haver sentido em conflitos de cristãos e igrejas para ver quem é "mais de Deus".

3º - (Um complemento da anterior) Te entendo. O que ocorre comigo é, na verdade, um desapego maior dos paradigmas religiosos que extrapolam a mensagem bíblica nos quais me vi inserido - não que eu esteja abrindo mão das coisas com as quais cresci, eu simplesmente estou compreendendo, cada vez mais, que questões teológicas periféricas, sobre as quais a Bíblia não se posiciona claramente e evidentemente abre espaço para interpretações, não são dignas de demasiado crédito. Eu gosto de formular minhas teologias - e tenho um pensamento teológico propriamente meu -, mas sempre tenho em mente que a Bíblia não determinou com absoluta clareza toda uma liturgia, toda uma teologia, toda uma série de comportamentos imutáveis e inquestionáveis necessários para se obter a salvação - o que a Bíblia tem como obrigatoriedade é simples e pouco, o restante se resume em princípios, que também são simples. Sendo assim, estou relativamente aberto ao pensamento católico romano, assim como estou aberto ao ortodoxo, ao adventista, ao pentecostal e ao tradicional protestante, da mesma forma que estou parcialmente fechado para todos eles, pois nenhuma teologia ou tradição humana é perfeita, é totalmente coerente e eficaz. Analiso tudo sob a ótica da Bíblia, que considero a fonte exclusiva e suficiente da minha fé cristã. Sinto-me livre para criticar as incoerências e aproveitar o que há de bom em todas as vertentes cristãs, pois, no final das contas, todas servem para um único fim: Cristo Jesus. Em parte me sinto membro da igreja local, mas em parte me sinto membro da Igreja de todo o mundo, por isso defendo o que de bom há no catolicismo, no adventismo, no pentecostalismo e assim por diante: todos os cristãos eu considero irmãos em Cristo, de modo que existem cristãos salvos por Jesus em todas essas igrejas - assim como há os perdidos em todas elas. Leio todo o tipo de literatura cristã, de todo o tipo de igreja e denominação, não por entender que ali encontrarei regras e muros litúrgicos e teológicos, mas para aprender com as experiências e conhecimentos de outros cristãos em seus devidos contextos culturais e históricos. Considero-me protestante, pois tenho na liberdade de interpretação e culto, dentro dos limites que a própria Bíblia permite, um dos aspectos mais necessários e louváveis do cristianismo.

4º (Uma conclusão) Desse modo, desenvolvi uma percepção de Igreja diferente: tentei sintetizar o meu pensamento teológico várias vezes em artigos e textos, e encontrei uma coerência bíblica que, para mim, de momento, é mais do que suficiente. Da minha ótica, do meu ponto de vista, no momento não me importa tanto a igreja e denominação a que pertenço, pois eu não preciso me enfiar numa caixinha pronta e me amoldar perfeitamente a determinado pensamento religioso quando a própria Bíblia me estimula uma liberdade de reflexão ímpar - dentro dos limites doutrinários, é claro. Nada do que é tradição, fruto de desenvolvimento histórico e pensamentos humanos extra-bíblicos supera, ao meu ver, o que a Bíblia faz entender - eu posso aprender com as lições e pensamentos da História e dos homens, mas não penso que deva, porque muito se fez ou vários falaram, mergulhar de cabeça nalguma vertente de pensamento teológico. Me entendo como cristão, sou parte do Corpo, tenho a Bíblia e aprendo com a História, pra mim parece suficiente.

Síntese - postei no facebook.com, 14/08/2013:
Uma leitura cuidadosa dos escritos paulinos, do Evangelho de João e das Epístolas Gerais, com o acompanhamento de um bom comentário e/ou dicionário bíblico, Bíblia de Estudo e/ou livro de teologia, nos leva a um entendimento mais realista e coerente do Novo Testamento e da verdade do Evangelho: a Boa Nova que independe de rituais, de aparências e de locais - mas, havendo liturgia, local e aparência, o cuidado está na disposição do coração do indivíduo, na sua consciência, no seu caráter, na realidade interior, que dá sentido e valor espiritual a tudo o que for feito externamente. A realidade espiritual é o selo de qualidade de toda a ação prática e, portanto, é mais importante do que tudo o que o indivíduo venha a fazer. Nem mesmo o Batismo e a Ceia fazem real sentido se o coração do cristão estiver indisposto, contrariado - a confissão pública de fé só tem valor se tal fé se fizer presente e coerente no coração do seguidor de Cristo. Compreendo que um entendimento honesto da maravilhosamente profunda Mensagem tornaria desnecessária qualquer discussão sobre assuntos tão superficiais, tão culturais, tão históricos, tão locais, tão denominacionais quanto os que vejo nesse debate. Se o Pão, por exemplo, é o corpo de verdade ou não, não importa: importa é partilhar da Ceia em memória de Cristo, importa é comer desse Pão, confessar a fé, estar com os irmãos, ser Igreja - e, conforme o entendimento e a minha sinceridade, com base naquilo que a Bíblia tem me falado, serei visto por Deus. Isso é simples, isso é Cristo, isso é Paulo - ambos severos críticos dessas lutas de aparência contra aparência, de vaidade contra vaidade, de homem contra homem. A essência nunca foi e nunca será o que eu ou você pensamos ou o que ouvimos alguém importante falar, o que o "Pincel" disse - a essência está naquilo que a Bíblia deixa evidente, naquilo que o "Artista" revelou de Si mesmo. Está tudo muito claro - chega de manipulações imaginativas. Chega de procurar as respostas na Tela e no Pincel, procuremos, somente, no Artista, que foi quem usou o Pincel e confeccionou a Tela.

Natanael Pedro Castoldi

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