Para muitos é dificílimo conceber um Deus bom com aquele que aparece no Antigo Testamento, ordenando a matança. É possível conciliar um Deus Bom com um Senhor dos Exércitos? Vamos analisar isso no breve estudo que segue - tire as suas próprias conclusões.
Comumente se
diz que Deus é responsável pela morte de milhares de pessoas, porém esquecemos
que no século XX, com base no ateísmo comunista, mais de 100 milhões foram
mortos. Também devemos lembrar de cristãos como Francisco de Assis e John
Wycliffe, que criticaram exaustivamente a prática de violência física dentro da
Igreja. Outro detalhe de interesse está
recusa dos primeiros cristãos a entrar para o exército romano, afim de não
adorar Mitra e não matar em nome do imperador. Agostinho de Hipona, um dos
maiores pensadores e teólogos cristãos da história, partindo do seu
conhecimento sobre a natureza justa de Deus procura definir o que torna as
guerras do Antigo Testamento, e princípios para os cristãos considerarem,
justas, começando com razões que levam o filho de Deus à guerra:
1-
Ela deve ser declarada por uma autoridade
soberana.
2-
A causa deve ser justa.
3-
Os guerreiros devem lutar com a intenção correta
de defender o bem.
4-
A guerra deve ser o último recurso – às vezes
não a alternativa para se defender o bem.
5-
O bem obtido deve ser maior que o mal causado
pelo conflito.
Em seguida,
Agostinho estabelece a conduta durante a guerra:
1-
Civis inocentes não devem ser mortos.
2-
O uso da força deve ser proporcional à
necessidade.
Em várias
situações, as guerras do Antigo Testamento aparentemente extrapolam esses
princípios, porém as Escrituras nunca omitem o fato de que a guerra é um mal
terrível e deplorável: o salmista lamenta o conflito e o profeta sonha pela
paz. A ideia que se desenvolve durante toda a Bíblia é a luta cósmica do Bem
contra o Mal, que se reflete na humanidade e suas próprias guerras: quando os
hebreus marcharam para Canaã a fim de reconquistar seus domínios, a destruição
completa das nações locais tinha como objetivo o juízo divino sobre as
iniquidades absurdas desenvolvidas por elas –descoberta em 1929-37, a
literatura cananéia de Ras Shamra, em Ugarite, revela a adoração a divindades
imorais, El e Baal e prostituição ritual: a religião era centrada no sexo e
excessivamente voltada a sacrifícios humanos, adorando, inclusive, as
serpentes-, a preservação doutras nações do mundo evitando a contaminação por
essa cultura vil e, por fim, a integridade de Israel, que tinha sua Lei e não
poderia influenciar-se pelos comportamentos sádicos e doentios dos povos locais
– e é comprovada arqueologicamente uma redução drástica na onda de sacrifícios humanos
na Palestina depois da entrada dos hebreus. Tudo isso se enquadra na batalha
cósmica, com Deus punindo o Mal e procurando a preservação do Bem, mantendo
Israel íntegro para a vinda do Messias. Sobre o poupar de civis, em algumas
situações isso não ocorreu, mas temos exemplos como o da prostituta Raabe, de
Jericó, que abriu mão da arrogância dos cidadãos da cidade e foi poupada.
Fontes: Manual Bíblico Unger, Merril Frederick Unger, pg 48; Por que Confiar na
Bíblia?, Amy Orr-Ewing, pgs 109-111.
Ainda sobre o
relacionamento explosivo de Israel com os povos cananeus em sua entrada na
Terra Prometida, tomo outro livro que reforça o fato de que um dos maiores
motivos para a ferocidade dos hebreus para com os habitantes da região a ser
conquistada está no sacrifício de crianças, que comumente eram “passadas pelo
fogo” (Deuteronômio 9:5). Segundo o historiador grego Diodoro Sículo (90-30
a.C.), “havia na cidade dos fenícios, uma imagem de bronze de Crono com as mãos
abertas, as palmas viradas para cima e ligeiramente inclinadas para o chão,
permitindo assim que cada criança que lá fosse colocada rolasse para baixo e
caísse numa espécie de poço aberto, em que queimava no fogo”. Ao escavar-se
Cartago, colônia fenícia fundada em 814 a.C., foram encontradas vinte mil urnas
que guardavam os restos de crianças sacrificadas – o sacrifício infantil
ocorreu por ali, interruptamente, por seis séculos. Da mesma forma que os
Israelitas destituíram os cananeus de suas terras por esse comportamento,
perderam-na ao promoverem essa mesma prática -2 Reis 17:17-18. Fonte: Uma
História Politicamente Incorreta da Bíblia, Robert J. Hutchinson, Edit. Agir,
pgs 67 e 68.
Canaã era um
caso especial. Mediante outros povos, Deus recomendava a diplomacia e
misericórdia: “Quando te achegares a alguma cidade para combatê-la,
apregoar-lhe-ás a paz”, Dt 20:10, isso num contexto universal de barbárie,
usando como exemplo a famosa selvageria e sadismo dos assírios nas batalhas.
Fonte: Uma História Politicamente Incorreta da Bíblia, Robert J. Hutchinson,
pgs 69-70.
Natanael Pedro Castoldi
Leia também:
- A Bíblia e a Ética
- Cristianismo, Paz e Liberdade - Política
Leia também:
- A Bíblia e a Ética
- Cristianismo, Paz e Liberdade - Política
Muito boa leitura! Obrigado! Deus abençoe sempre o seu trabalho!
ResponderExcluirObrigado pelo trabalho
ResponderExcluir