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A Igreja, o Darwinismo e a Religião de Darwin

Uma coisa que os críticos do cristianismo geralmente não possuem, pelo menos os leigos, é um satisfatório conhecimento de História da Ciência. Seguidamente nos deparamos com argumentações e ataques baseados em conhecimentos muitíssimo limitados sobre aquilo que é defendido ou ofendido - e nenhuma dessas precipitações supera as questões sobre Darwin e o darwinismo. Vamos esclarecer alguns pontos:

1 - Certo número de teólogos e igrejas prontamente aceitaram o darwinismo:
"A Origem das Espécies gerou uma controvérsia imediata e intensa, apesar de a reação das autoridades religiosas não ter sido tão unanimemente negativa como se retrata em geral nos dias de hoje. Na verdade, Benjamin Warfield, de Princeton, teólogo, protestante notável e conservador, aceitou a evolução como 'uma teoria do método da providência divina', embora defendesse a ideia de que a evolução teria um autor sobrenatural.
(...)
Além disso, em vez de ter sido condenado ao ostracismo pela comunidade religiosa, Darwin foi enterrado no mosteiro de Westminster." Fonte: A Linguagem de Deus, Francis S. Collins, Gente, 2007, pg 104.
"Tampouco é verdade que as únicas objeções à teoria de Darwin provinham da Igreja. Sir Richard Owen, o principal anatomista da época (que, incidentalmente, fora consultado por Wilberforce), se opunha à teoria de Darwin; o mesmo acontecia com o eminente cientista lorde Kelvin." Fonte: Por que a Ciência Não Consegue Enterrar Deus?, John C. Lennox, Mudo Cristão, 2011, pg 36.
"As crença comum de que [...] as relações concretas entre religião e ciência ao longo dos séculos mais recentes foram marcadas por uma profunda e constante hostilidade [...] não é apenas historicamente inexata, mas é de fato uma caricatura tão grotesca que se deve explicar como foi possível que ela objetivesse algum grau de respeitabilidade." Colin Russel, historiador da ciência, Por que a Ciência Não Consegue Enterrar Deus?, John C. Lennox, Mudo Cristão, 2011, pg 37.

- O debate de Huxley-Wilberforce, Oxford 1860:
Há uma série de mitos largamente disseminados sobre o darwinismo e a suposta guerra entre a Ciência e a Religião. Um desses mitos reside no famoso debate entre o darwinista Huxley e o bispo Samuel Wilberforce, desenrolado no dia 30 de junho de 1860 na Associação Britânica para o Progresso da Ciência, Museu de História Natural de Oxford. Comumente se considera esse debate como "a vitória de um competente cientista por sobre um religioso néscio", mas ocorreu justamente o contrário.

O bispo Wilberforce era, na verdade, um grande intelectual. Apenas um mês depois do grande debate, ele publicou uma resenha de 50 páginas da obra A Origem das Espécies, de Darwin, considerando-a algo "extraordinariamente perspicaz; ela separa com habilidade todas as partes mais conjecturais e expõe bem todas as dificuldades. Ela me submete ao mais esplêndido interrogatório". É certo que esse bispo não era nenhum obscurantista - era-lhe claro que o debate com Huxley não se tratava de um impasse entre "Ciência e Religião", mas, sim, e puramente, de um debate científico. Sua mentalidade fica evidente no sumário da resenha já citada:

"Nós levantamos objeções às visões das quais estamos tratando, unicamente no âmbito científico. Fizemos isso partindo da convicção fixa de que é assim que a verdade ou a falsidade desses argumentos deveria ser tratada. Não concordamos com aqueles que levantam objeções a quaisquer reais ou alegados fatos da natureza, ou a qualquer inferência deles deduzida logicamente por acreditarem que contradizem o que lhes parece ser o ensinamento da revelação. Nós achamos que todas essas objeções cheiram a uma timidez, que é realmente inconsistente com a fé firme e bem firmada."

Sobre os relatos contemporâneos do debate, John Brooke ressalta:
"É significativo o fato de que o famoso debate entre Huxley e o bispo não foi noticiado por nenhum jornal londrino da época. De fato, não há registros oficiais do encontro; e os relatos, na maioria, foram feitos por amigos de Huxley. O próprio Huxley escreveu que aconteceram 'risadas incontidas na plateia' ante sua espirituosidade e 'creio que durante as 24 horas subsequentes eu fui o homem mais popular de Oxford." Mas somente com esses dizeres é impossível construir o verdadeiro quadro da situação. Vejamos:

Segundo Lennox, há evidências de que o debate esteve longe de ser desigual. Depois do evento um jornal registrou que um daqueles que havia se convertido ao darwinismo mudou de ideia ao testemunhar o impasse entre Huxley e Wilberforce. O botânico Joseph Hooker queixou-se que Huxley não "apresentou a questão de uma forma que conquistasse a plateia". O próprio Wilberforce escreveu três dias depois ao arqueólogo Charles Taylor: "Eu acho que o derrotei completamente." O relato do The Athenaeum dá a entender de que as horas foram igualmente divididas, afirmando que ambos, Huxley e Wilberforce, "enfrentaram um adversário à altura." Para Frank James, historiador da Royal Institution de Londres, a difundida impressão de que Huxley venceu o debate deve-se ao fato de que Wilberforce não era muito benquisto em Oxford. Sobre isso, ele afirma o seguinte: "Se Wilberforce não fosse impopular em Oxford, ele, não Huxley, teria conseguido a vitória."
Fonte: Por que a Ciência Não Consegue Enterrar Deus?, John C. Lennox, Mudo Cristão, 2011, pgs 35-37.

2 - O pensamento de Dawin sobre Deus:
No seu livro, A Origem das Espécies, Darwin enfatiza:
"Não vejo nenhum bom motivo para os pontos de vista apresentados nesse volume chocarem os sentimentos religiosos de alguém. [...] Um elogiado escritor e teólogo escreveu-me que 'gradualmente aprendeu a ver que é uma concepção tão nobre dos deístas acreditar que ele criou umas poucas formas originais capazes de se autodesenvolver em outras, mas indispensáveis, quanto crer que ele precisava de um ato estimulante de criação para compreender os vazios causados pela ação de suas leis."

Darwin concluiu A Origem das Espécies com o seguinte texto:
"Há uma grandeza nessa visão da vida, com seus vários poderes, tendo ela sido lançada como o sopro da vida originalmente pelo Criador em poucas formas ou uma; e que, enquanto este planeta vinha orbitando de acordo com a lei da gravidade estabelecida, a partir de um início tão simples, inúmeras formas, cada vez mais belas e maravilhosas foram, e continuam, evoluindo."

Darwin, certa vez, afirmou: "Agnosticismo seria uma a descrição mais correta de meu estado mental". Noutra ocasião, porém, sentindo-se desafiado, reconheceu: "pela extrema dificuldade, ou uma quase impossibilidade, de conceber este universo imenso e maravilhoso, incluindo o homem com sua capacidade de examinar o passado tão distante e o futuro tão longínquo, como resultado de uma oportunidade ou necessidade cegas. Quando medito dessa maneira, sinto-me atraído a observar a Primeira Causa como tendo uma mente inteligente em algum grau análoga a essa dos homens; e mereço ser chamado de Teísta." Vale lembrar que Darwin, antes de ingressar no naturalismo, chegou a estudar para se tornar clérigo da Igreja da Inglaterra.
 Fonte: A Linguagem de Deus, Francis S. Collins, Gente, 2007, pgs 103-105.

Natanael Pedro Castoldi
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