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-> A Simplicidade do Cristianismo - 2: Os 10 Mandamentos e Cristo
-> A Simplicidade do Cristianismo - 2: Os 10 Mandamentos e Cristo
O texto que segue eu escrevi e postei no Um Mirante para Verstellen no dia 30 de janeiro de 2012, enquanto trabalhava como voluntário na temporada de acampamentos cristãos do Acamp-Serra, na missão Janz Team Brasil, pouco tempo depois de ter concluído o curso bíblico Atos, nessa mesma missão. Até hoje esse trabalho, para mim, é um referencial sobre o "Enigma do Mal" e é dele que eu ainda tiro a minha inspiração sobre esse assunto. É claro que eu o escrevi apenas com a Bíblia na mão, tendo acesso a livros sobre o assunto somente mais tarde, mas, ainda assim, considero suas análises bastante consistentes.
Incoerência
Dizem que o homem é naturalmente bom, corrompendo-se por intermédio da sociedade. Tal pensamento é largamente aceito pela nossa humanidade pós-moderna e, como de costume, não recebe tal mérito por ter bom fundamento racional, evidência, argumento, pois o homem de nossos dias não precisa mais de razão para crer e ser, resumindo-se a uma mentira conveniente, descaradamente inviável, mas falsamente crida por todos pelo fato de dar fundamentos para a auto-vitimação, postura vulgar e promiscua -"pois a culpa e da sociedade, não minha"; "eu sou só uma vítima"- e rebeldia contra Deus -"pois como Ele poderia julgar tão injustamente uma vítima como eu? Alguém tão bom?!"-, tudo isso porque, como homens naturalmente corrompidos e sedentos pelo pecado e seus prazeres destrutivos, procuramos por argumentos que facilitem nossa enganosa postura, primeiramente nos fazendo vítimas para, então, nos pervertermos sem culpa, principalmente após negarmos a autoridade de Deus, seja questionando a Sua existência, seja questionando a Sua postura. Como o padrão de perfeição moral divino é pesado demais para os que querem mergulhar nos prazeres carnais, qual melhor atitude do que tirá-Lo do caminho? Ou melhor, forjar uma situação onde isso aparentemente aconteça? Uma ilusão, mentira na qual nos apegamos temerariamente em prol da vitória do eu carnal que, no final das contas, será consumido e tornado pó?!
O fato é que se existem evidências sobre a natureza do homem, elas apontam maldade hereditária. Um simples raciocínio resolve essa questão: a sociedade é constituída do que? De homens. Segundo o pensamento atual o homem é naturalmente bom ou mal? Bom. Segundo esse mesmo pensamento, a sociedade corrompe ou melhora o homem? Corrompe. Eis a questão: como uma organização de seres naturalmente bons, formada exclusivamente por eles, dando-lhes a característica de ser plenamente boa, viria a se corromper? Apenas os homens corrompem a sociedade, que, então, virá a corromper o homem. Mas para os homens corromperem a sociedade, eles, primeiramente, deveriam se corromper, mas sendo naturalmente bons, de onde viria tal corrupção?! Falo do mundo segundo as perspectivas céticas, sem a realidade espiritual em jogo. Solucionem o problema: algo plenamente bom seria passível de corrupção? O que poderia corromper-lhe?! O resultado é que se o homem fosse naturalmente bom, a sociedade também o seria e, plenamente boa, não poderia vir a corromper o mesmo homem que a constitui. Ainda assim, todos, ao vermos assassinatos, pedofilia, torturas, miséria e desigualdade extrema, podemos constatar que a sociedade é, sem dúvidas, corrupta e, o sendo, só nos resta crer que a sua célula fundamental, o homem, também o é. É lógico que se o homem fosse bom, a sociedade o seria e, por conseqüência, não haveria traço algum de desigualdade e, tampouco, a necessidade de leis e constituições nacionais, tribunais e presídios, já que todos agiriam como agentes de amor na vida dos próximos simplesmente baseados em sua bondade inata. A questão é que devemos ensinar nossos bebês a não morder, não mentir e não roubar, pois eles fazem isso naturalmente, o que indica que tipo de natureza os domina.
O homem é mau e isso é inquestionável, todo mundo que argumenta o contrário está ciente de que mente, mas não quer ceder, por orgulho ou vaidade. Eu afirmo isso com veemência, porque, havendo provas, evidência, havendo experimento e observação, não se pode questionar. Você não é capaz de dizer que os animais são "maus", porque eles simplesmente não possuem INATO em seus cérebros todo o código moral e ético que está registrado numa região específica do cérebro humano, também não possuem consciência, emoções e pensamentos acerca do "certo e errado", já que não habita em seus corpos puramente físicos a alma, o espírito humano, que nos faz possuir algo que não existe em nenhuma outra criatura do Universo material e que, portanto, herdamos do próprio Criador - já que nada surge do nada, já que todo o efeito necessita de uma causa que possa "contê-lo antes de formá-lo". Os seres irracionais não vivem conforme regras morais, mas regras naturais, em prol de sua sobrevivência - e parece-me ridículo ter de explicar isso -, portanto, não há argumentos para a maldade humana, que é própria do homem e só encontrada no ser humano, em termos de matéria visível, logo, toda a maldade que se desenrola no universo material parte do homem, é promovida pela humanidade e totalmente contida nela. Com isso não excluo a existência de demônios, mas também sei que não são eles os causadores, as fontes da depravação humana, que parte, primeiramente e naturalmente, do homem que, sendo naturalmente vil, pode ou não abrir brechas para a intensificação da maldade inata por intermédio dos ditos demônios, já que o plenamente bom não possui nada que o leve a depravação e somente o depravado pode comportar mais depravação - onde não existe nada de determinada constituição, nada quanto relacionado a isso pode se desenvolver, pois o zero absoluto resulta em plena inexistência e impossibilidade. A questão é: o homem é o lobo do homem, o homem é o maior de inimigo de si mesmo, Satanás apenas intensifica uma realidade pré-existente, já que não poderia intensificar nada que já não existisse.
Como meu raciocínio está caminhando para uma questão polêmica, me obrigo a abrir parênteses, afim de não produzir um artigo inconsistente em si mesmo. Como disse que o que é naturalmente bom não poderia vir a se corromper, o ateu, ou até mesmo o cristão, que fico feliz caso o tenha feito, pode ter pensado: "Se Deus criou o homem bom, então ele não deveria ter se corrompido. Se Deus criou o homem mau, então Deus não é bom?" Bom, eu parto do ponto inquestionável de que Deus é perfeitamente bom, pois essa é uma verdade inescapável, quando partimos do ponto de que bondade exige ação voluntária e ação voluntária, consciente, exige intelecto. Vê-se que os animais não são bons, tampouco maus, porque são irracionais e não se vêem atribuídos de moral, sobrando-lhes o instinto de sobrevivência, mas existindo bondade no homem, pelo menos alguns traços, pois sabemos que o ser humano pode ser altruísta, sacrificando-se em prol da vida dos seus iguais, então havemos de crer numa fonte perfeitamente boa para tal. Maldade, caos, desordem, independem da ação intelectual, sendo apenas o decréscimo daquilo que é bom e ordenado, mas bondade e ordem dependem da vontade do intelecto criador, logo, existindo maldade e bondade, desordem e ordem, perfeição e caos, devemos, sem titubear, crer numa fonte plenamente boa e organizada para tudo o que existe, e como o Eterno Criador não pode ser constituído de duas partes, de duas matérias, de duas naturezas, sendo formado de uma única coisa, Ele mesmo, então Deus é, definitivamente, bom. A questão é que o plenamente bom e ordenado pode criar tanto o parcialmente bom e ordenado, quanto o neutro, apenas subtraindo bondade e ordem de Seu potencial perfeito, mas não pode criar outro perfeito, pois de uma causa nunca pode resultar um efeito com igual potência e complexidade - com exceção dO Filho, que não foi criado, mas gerado. Partindo desse ponto, podemos entender que um Deus perfeito pode, sim, ter criado algo com grau de perfeição menor do que o Seu. Deus é a plenitude da perfeição, é o máximo concebível por ser a fonte-prima de tudo, o homem, por sua vez, em condição de criatura, era originalmente perfeito, mas no grau permitido para a sua respectiva situação, perfeição essa que, mesmo sem raiz de maldade em si mesma, por ser uma perfeição limitada pela limitada natureza humana, poderia ser corruptível. Leia "Inescapável".
Toda a criatura de intelecto, seja celestial, seja terrena, fora criada em perfeição dentro dos parâmetros permitidos para o objeto criado, sendo moralmente perfeitos por nunca terem visto ou absorvido corrupção, mas como seres limitados física, temporal e espiritualmente, ao contrário de Deus, a matéria limitada, sendo mutável dentro do tempo, que também é mutável, se vê passível de corrupção que, uma vez física, diretamente se reflete no espírito submetido ao corpo temporal e material. O aposento de uma residência pode ser perfeitamente puro, limpo, conservado, nunca ter visto sujeira alguma, nunca ter presenciado a degeneração de sua estrutura, mas nada impede que, abertas as janelas e a porta de entrada, folhas, poeira e água entrem-no e venham a pervertê-lo irreversivelmente - por que "irreversivelmente"? Simplesmente porque parte de uma situação de perfeita composição, sem nunca ter contido sujeira alguma, para uma situação de podridão que, por mais que venha a ser revertida, não poderá mudar a realidade de que, um dia, sujeira já esteve ali. O círculo é a figura perfeita, infinita por não ter começo nem fim, mas uma simples e diminuta quebra no seu traço o faz finito, por agora ter começo e fim, deixando, inclusive, de ser círculo, o que me indica que por mais que algo possa ser perfeito, está passível, pela influência externa, de corrupção e imperfeição, porém isso só se aplica à criatura, pois não existe influência externa para Deus, já que Ele não está contido em nada além de Si mesmo, obviamente não há nada maior do que o Criador de tudo, para penetrá-Lo e mudar-Lhe, até porque o que é eterno em si mesmo é imutável, por ser eternamente aquilo que é em constituição e natureza - no eterno não pode haver novidade, não pode haver mutação, pois não há matéria física a se transformar, nem poder temporal a promovê-lo e como Deus não está contido num corpo limitado pelo tempo e espaço físico, já que o espaço físico se vê imerso no tempo e o tempo se encontra imerso no espaço físico, não há nada que O limite, sendo Ele o próprio limitador do Universo. Com base nesse raciocínio também sou levado a crer que O Filho, em condição humana, mesmo sendo Deus, se via passível de corrupção, recebendo, portanto, mérito justo por não ter pecado quando, de fato, fora tentado a pecar. Devemos levar em conta, nesse raciocínio, que o "aposento perfeito" e o "círculo infinito" não sugiram do nada e por nada, mas são obras de uma mente intelectual maior em todos os aspectos, portanto para a criação de algo perfeito e infinito, mas limitado e passível de corrupção, deve haver, ou, pelo menos, pode haver, alguém que É perfeito, infinito, ilimitado e incorruptível - incorruptível como conseqüência de ser infinito e ilimitado. Leia "O Perfeito".
O raciocínio acima ainda tem potencial argumentativo, veja: do que é construído o "aposento perfeito"? Argamassa, tijolos de barro, madeira, vidro, tinta e algumas peças de metal na porta e nas janelas. O que corrompeu, sujou, o aposento? Poeira, tanto areia quanto terra, água, restos vegetais... em resumo, nada que a estrutura já não possua, nada que não venha a constituir o aposento, pois tudo o que veio a corromper a sala em questão, também fez parte da matéria que a forma. Daquilo que sujou a sala, seja areia, terra, água,ou detritos vegetais, nada é naturalmente ruim, pois pela água, areia, terra e madeira, a própria sala foi feita, logo a questão não está no material, mas no equilíbrio e na organização entre eles: para se erguer o aposento, cada material precisa ser trabalhado de modo específico e disposto numa ordem e quantidade específicas, afim de produzir a perfeição final, mas havendo desordem e desequilíbrio, as paredes não se sustentam, pois a argamassa precisa resultar da mistura do cal, areia e água em medidas determinadas e se dispor corretamente entre os tijolos de barro cozido, por exemplo, e qualquer distúrbio nesse processo torna a obra inviável. O material -o ingrediente-, repito, não muda, mas as suas quantidades e disposições, sim. Da mesma forma, o Mal não é, necessariamente, algo "novo", o Pecado, aquilo que vai contra a vontade de Deus, não é uma "matéria" específica, mas o desequilíbrio e a desordem entre a perfeita "matéria" preexistente. Antes de tudo levemos em conta que a vontade do Deus Vivo é que a vida não se destrua e, portanto, tudo o que O desagrada é produto de atitudes auto ou heterodestrutivas, com base nisso entendemos que um pouco de amor próprio, comum a todo homem, é essencial para a autopreservação individual, mas o desequilíbrio, a supervalorização do amor próprio, que resulta em narcisismo e antropocentrismo, é pecado por ser uma atitude heterodestrutiva -pisa-se nos demais em prol da vitória do "eu"-, isso quando não autodestrutiva; a libido sexual, comum a todos os humanos, numa determinada medida, faz bem ao indivíduo tanto física quanto emocionalmente e é essencial para a sobrevivência da espécie humana, mas o desequilíbrio, a supervalorização do sexo, se torna pecado por promover a auto e a heterodestruição, disseminando doenças, infidelidade e idolatria -sem o Deus Vivo no centro da vida, só resta a morte; o apetite gastronômico na medida certa também é essencial para o bem estar, o prazer e a própria sobrevivência, mas o desequilíbrio gera a gula, que atrofia o organismo e, pelo desperdício ou abuso, promove a fome de outros, menos favorecidos. Em resumo: Deus não precisou criar o Mal para que o mesmo exista, Deus só criou coisas boas e vitais, mas o desequilíbrio e a desordem, que surgiram pela subtração do que já existia, são os causadores do que hoje entendemos por Maligno. Leia "Pandemia" e "A Razão".
Lembre-se de uma coisa: o Universo pode ser diferente de Deus em natureza porque não faz parte de Deus, não está dentro dEle, não é a Sua "continuação", mas, sim, é obra criada por Ele, logo, diferente dO mesmo, estando num lugar que é propriamente seu.
A questão que sobra é: apesar de o Mal ter tido condições de vir como oposto daquilo que é perfeitamente bom, pela desordem e desequilíbrio, será que o homem, ou Lúcifer, originalmente perfeitos, teriam condições de promover tal desequilíbrio ou desordem? É aqui que entra outra questão que tentarei explanar, primeiramente, com uma figura: pedras são neutras, nem más nem boas, mas o homem, mesmo sendo bom, pode, pela inocência e ignorância, empilhar muitas delas de forma a atentar contra a própria vida, erguendo pilha insustentável a ruir por sobre si mesmo. Eis o exagero! A libido sexual, por exemplo, é como uma dessas pedras e se o homem erguer monte descomunalmente grande delas, poderá ser soterrado, abatido, por elas, tudo depende do nível de interesse e estímulo depositado nessa questão específica, a promover desordem e desequilíbrio. Aqui entra outra questão essencial: o livre-arbítrio, ou seja, a liberdade humana, regida pelo senso moral e pela vontade individual, de fazer e ser aquilo que, por opção, desejar. A única forma de um Deus relacional e intelectual se relacionar verdadeiramente com um ser é criando-o com intelecto e liberdade, pois um Deus racional jamais teria satisfação numa criatura robótica programada para suprir obrigatória e involuntariamente a Sua vontade, pois o próprio Deus não é uma máquina, um programa que responde a códigos e ritos vazios. Da mesma forma que me parece necessário termos Cristo como passível de pecar para que a Sua vitória sobre o pecado tenha sentido e mérito, creio que a única forma de o homem realmente agradar a Deus é havendo a possibilidade de desagradá-Lo, pois dessa forma, quando o agrado existe, ele não o é por programação, teatro, manipulação divina - como se Deus precisasse de um espelho para se sentir valorizado, leve em conta que uma criatura regida por uma espécie de fatalismo divino seria como um espelho para Deus-, pelo contrário, é produto de opção, de escolha voluntária, regida pelo temor, amor e esforço por corresponder ao Criador e, somente dessa forma, se constitui um relacionamento. O homem somente pode obedecer a Deus se houver a possibilidade de desobedecê-Lo, pois se não houvesse essa possibilidade ele não "obedeceria", apenas "seria" - o "certo" só se evidencia com a existência do "errado". Essa liberdade instituída por Deus com o intuito constituir uma relação de amizade profunda com o homem vinha com a possibilidade de desobediência e desagrado, a liberdade de ação humana foi o que possibilitou o homem de empilhar as pedras do amor próprio em exagero e, pela desordem e desequilíbrio, haver o soterramento da criatura humana em idolatria e consequente afastamento dO Pai. A atitude humana diz algo e O Criador, racional, o entende muito bem, respondendo-O segundo a vontade da criatura livre, que diz: "Eu não quero mais me submeter aO Senhor".
A justiça divina, em equilíbrio com o Seu perfeito amor, entraram em ação assim que o Pecado originou-se como conseqüência do desequilíbrio e da desordem. O imutável Senhor, Perfeito em Si mesmo, agora precisava julgar a transgressão humana, pois o homem já representava a maldade, indo contra a natureza santa dO Criador. O santo Deus, perfeito em ordem e equilíbrio, precisava, então, restaurar a Sua criação, pois O Perfeito repele o imperfeito, O Santo repele o profano, O Justo aniquila, com justiça, o injusto, A Norma não comporta o anormal. Deus poderia ter aniquilado completamente o Universo por causa do Pecado, mas ao lado de Sua justiça existe o amor, que é perfeito em força, a ponto de ser sacrificial, mostrando-se tal mesmo antes da vinda de Cristo ao mundo, pois a postura de Deus, permitindo-se sofrer pela simples e repulsiva existência do Pecado em prol da sobrevivência e regeneração da humanidade, se resume em genuíno amor. O Pai, então, abriu mão de Si mesmo, retirando parte de Sua glória desse mundo insuportável para que o homem pudesse continuar existindo, mesmo em pecado, e gerasse sua descendência pecadora, filhos impuros do impuro. O amor justo foi capaz de promover, pela justiça, a vida e não a morte, pois desde a Queda iniciou-se o processo da vinda dO Filho, daquele que, gerado de Deus, é Deus, daquele que, mesmo sendo Deus, mesmo sendo O Criador, humilhou-se na figura de criatura, mesmo ilimitado, limitou-se e, mesmo eterno e imortal, permitiu-se definhar e morrer, sendo a vida perfeita entregue no lugar do imperfeito, o réu do julgamento mortal cabido aos que mortalmente pecaram contra O Pai. Deus amou tão ardentemente que deixou-se agredir e matar pela própria criatura e, ao invés de julgar com fogo consumidor aqueles que temerariamente mataram O Criador em corpo de criatura, abriu-lhes as portas da salvação eterna, salvação eterna somente possível após a expiação da pecado adâmico e a propiciação da pena outrora direcionada ao homem. Porém, para os que nasceram da carne impura e são, naturalmente, espiritual e fisicamente impuros, somente um segundo nascimento é capaz de promover a cura definitiva da maldição da Queda e tal principia-se com a aceitação da morte vicária de Cristo, que abre as portas para a substituição de nosso espírito corrompido pelo Espírito Santo, promovendo um novo nascimento espiritual, e que se consumará num futuro próximo com a morte de nosso corpo fisicamente sujo e sua ressurreição, novo nascimento, em matéria divina, fisicamente pura, concluindo um completo "novo nascimento" e desprendimento da maldição de Adão, já que nosso corpo, seja o físico ou seja o espiritual, é destruído como produto da depravação e recriado como produto direto de Deus.
Concluído esse raciocínio acerca da origem do mal, vou retornar ao assunto central dessa postagem: o homem é mau, em oposição a Deus, que é plenamente bom. A incoerência em questão, conforme o título dessa postagem, está na argumentação dos ateus e agnósticos -modismo, fruto do pseudo-intelectualismo que se dissemina largamente nesses dias tristes- acerca da bondade dO Criador, já que, na ignorância, com a mente fechada e tendenciosamente parcial, dizem: "Deus é mal porque permite que o Mal continue existindo; Deus é mal porque julga os homens; Deus é incompetente porque não consegue destruir o Mal". Ora, se você não entende nada de teologia e não compreende a história da redenção humana, seus eventos e motivações, é lógico que irá estranhar a situação desse mundo mediante um Deus bom, mas é necessário usufruir de grande desonestidade para não reconhecer que somos naturalmente maus e que nós praticamos a maldade porque queremos, independentemente da vontade dO Pai. O raciocínio dos céticos é inconsistente e equivale ao velho e estúpido dizer: "Se Deus é onipotente, pode criar uma pedra que Ele mesmo não consiga carregar?" No caso, se você responder "sim", lhe dirão que Deus, portanto, não é onipotente, e se você disser que não, dirão o mesmo, sem levar em conta que O Criador não pode fazer nada maior do que Ele. A questão dos ateus sobre Deus ser mau é igualmente infundada: se Deus não julga o Mau, Ele é mau, se Deus julga o Mal, representado pelo ser humano, promotor principal da maldade, então Ele também é mau. Isso não te parece incoerente?! Tudo o que eu falei anteriormente serviu para alicerçar o seguinte raciocínio: o homem é espiritual, física e psicologicamente mau, se vê totalmente imerso em maldade e perversão, sendo promovido e promotor de toda a maldade visível em nosso mundo, portanto posso dizer que ao falarmos do Mal, estamos falando do homem e vice-versa, sendo a espécie humana a encarnação da maldade - se levarmos em conta que Mal é tudo o que está afastado da fonte de toda a bondade, Deus. O principal problema do cético com esse argumento está nisso: ele critica Deus por não aniquilar o Mal do mundo e quando O Pai julga o homem, sendo o homem mau, também o critica e encontra nisso maldade, o problema é que para O Pai julgar o Mal, precisa julgar o homem, cuja maldade já é parte de sua "genética" - então Deus é mau se não julgar o homem -mau- e também é mau se julgar o homem -mau-? Raciocínio pífio!! E é aqui que o ceticismo quebra as pernas nessa questão.
A Bíblia mostra Deus julgando o Mal constantemente, coisas que acontecem em nosso mundo hoje algumas vezes parecem fazer parte de julgamentos assim - e o julgamento pode ser, por vezes, simplesmente, deixar o homem, que ignora Deus, lançado à própria sorte, sofrendo as conseqüências de seus próprios e voluntários atos ou, ainda, não protegê-lo de eventos cataclísmicos naturais, Romanos 1:24. O fato é que Deus julgar o Mal, adotado com grande retumbância pelo ser humano, torna-O bom! O fato é que Deus julga o homem, que adotou o Mal com apreço, portanto, Deus é bom! Ora, a única forma de desfazer o Mal é aniquilar o seu portador, o seu viveiro, assim como podemos evitar mosquitos somente se esvaziarmos ou entulharmos poças d'água. Como o Mal poderia vir a inexistir se o seu portador prosseguisse promovendo-o? Se Deus tirasse forçadamente o Mal de todo o homem, alguns ainda poderiam dizer: "Deus criou robôs, não humanos. Ele não nos dá liberdade de sermos o que quisermos". O fato é que O Pai criou-nos para um relacionamento de liberdade com Ele, portanto, não nos força a nada, mas deixa claro que nos julgará segundo as nossas escolhas, pois elas podem ou não divergir de Sua vontade e padrão moral - e só existe uma alternativa para os que hoje já não querem estar com Deus: uma eternidade longe dEle, não como resultado da vontade divina, de um julgamento de Deus, mas segundo a vontade do indivíduo que por isso optou ao distanciar-se voluntariamente dO Criador, que não pode forçá-lo a fazer o oposto, que não pode fazer nada além de enviar pessoas para lhe alertar, disponibilizar a Sua Palavra, extremamente clara e inquestionável, e mostrar através de Sua criação qual Seu poder e vontade. O homem é indesculpável mediante tantas oportunidades, tornando impossível que a sua escolha, seja ela qual for, seja tomada com base na ignorância - para os habitantes de terras não evangelizadas o julgamento será diferenciado, pois Deus é justo e julga conforme o coração -Lucas 12:48. Outrora disse algo interessante acerca disso: no cristianismo todos são bem-sucedidos, pois o que escolhe seguir verdadeiramente a Deus, terá sucesso nisso e estará eternamente com Ele, e quem escolhe não seguí-Lo será igualmente vitorioso, pois passará a eternidade sem Ele. Cabe ao homem, portanto, escolher que tipo de sucesso quer obter. Lembre-se: todo o julgamento de Deus é fruto da decisão humana... antes de Deus julgar o homem, o homem julga-se a si mesmo, deixando claro que tipo de juízo quer receber através de seus atos voluntariamente favoráveis ou desfavoráveis ao que sabe ser a vontade dO Criador. No final das contas é óbvio que morrerá quem não quiser estar com o Deus da Vida, pois a única boa eternidade está com o único e eterno Deus.
Quero que fique clara pelo menos uma questão: Deus precisa julgar o Mal e para julgar o Mal, precisa julgar o homem, portanto, só julgando o homem, julgará o Mal e só julgando o Mal mostra-se plenamente bom e justo. O que mais surpreende nessa história toda é que a bondade e justiça de Deus vão além do que a minha filosofia entende como pleno: Cristo foi enviado por Deus para absorver, na Cruz, toda a maldade humana e receber sobre Si e sobre tal maldade, todo o julgamento cabível, transferindo a culpa de uma humanidade inteira por sobre Ele. O Mal do mundo entrou em processo de aniquilação após a morte e ressurreição dO Filho, iniciando-se o renascimento do espírito daqueles que aceitarem-No e o futuro renascimento do corpo para os mesmos, mas o Mal não deixou de existir afim de manter ativo o livre-arbítrio, quando o homem realmente pode escolher pelo bem sabendo da alternativa maligna - liberdade só existe quando há opção. Chegará o dia, porém, em que toda a maldade, insuportável para Deus, será completamente aniquilada e todos os que, sendo maus, negaram-se regenerar pelo Espírito Santo, permanecendo inaceitáveis perante O Pai, serão incinerados no lugar onde, escolhendo distância dO Criador, Ele não estará em Sua glória, o Inferno. Nesse dia, no Dia do Senhor, haverá grande alegria, pois, definitivamente, o plano original da Criação será restituído, com a plena harmonia entre O Criador Perfeito e a criatura perfeita. Leia "Pequeno Detalhe".
Hoje vivemos num mundo privilegiado, pois O Filho já esteve entre nós uma primeira vez e consumou a primeira etapa de Sua empreitada nesse mundo, inserindo na Criação, corrompida, o traço perfeito da Criação Genuína para os que isso desejarem, faltando somente a segunda etapa, que será o julgamento eterno dos que insistirem na situação de corrupção, para os que voluntariamente persistirem em inimizade para com Deus. Hoje vivemos um período em que, por mais que vejamos a corrupção, a engrenagem prima do Universo está plenamente disposta, sendo O Criador, pelo qual todo o Universo pode funcionar e persistir, a razão central da existência, mas por milênios o homem encontrou-se sem a figura dO Cristo e, portanto, o relacionamento dO Perfeito Criador com a imperfeita criatura era mais áspero: o homem não tinha condições de chegar-se plenamente a Deus, pois o Espírito Santo não havia descido em definitivo na Terra e O Filho ainda não havia construído a ponte perfeita entre o mundo caído e O Pai. O mundo sem Jesus é um mundo aleijado e a única forma de as coisas manterem-se em parcial ordem estava nas mãos de ferro de Deus, falamos do Antigo Testamento, fonte, pela má interpretação de muitos, de algumas das maiores críticas ao cristianismo.
O Antigo Testamento compreendeu um período crucial para a história da redenção: antes dos dias "d.C", todo o cenário para a vinda dO Filho deveria ser erguido e disso Deus não abriu mão, por mais que a vontade humana estivesse sempre em oposição, pois o ardente amor dO Pai O fez levar a humanidade, mesmo sem a sua aceitação, para uma realidade salvífica - é como um pai que disciplina seu filho, fazendo-o em um momento passar pela dor e descontentamento afim de prepará-lo e fortalecê-lo, sabendo que pelo sofrimento irá lapidar um futuro melhor para a criança, incapaz de compreender isso e tomar decisões vitais por si mesma. Como Deus, desde a Queda, planejou a restauração da Criação sob os moldes do livre-arbítrio, esse período de preparação para O Messias fora essencial e por isso O Pai permitiu-se sofrer e fazer exatamente o que não Lhe agrada: punir o povo de Israel e as nações que ameaçaram destruí-lo, tudo em prol da manutenção de Seu reinado no Povo Escolhido, levando os hebreus a lembrarem-se dEle e impedindo que reinos opositores aniquilassem as Tribos, somente assim O Filho teria berço e aceitação no dia de Sua vinda - na medida necessária para ser, primeiramente, aceito e, em seguida, rejeitado, afim de morrer pelas mãos humanas e para os homens, sendo como o cordeiro libertador da Primeira Páscoa -Êxodo 12:3-6-, fazendo-o também na Páscoa.
A rigidez do trato de Deus com a humanidade no Antigo Testamento possui quatro motivações principais: primeiramente mostrar quão alto e inatingível é o padrão moral de Deus; em segundo lugar: tornar clara a impotência humana diante do Deus Soberano, deixando evidente a necessidade dO Messias como representante da humanidade; em terceiro lugar: para tornar clara a verdade de que o mundo criado não pode funcionar sem O Cristo e, em quarto lugar, pelo simples fato de que O Pai, para julgar a transgressão, precisava julgar os homens, transgressores. Sempre que você ler algo tenebroso no Antigo Testamento acerca da ação de Deus, leve em conta que, antes de tudo, Deus sofria ao ter que fazê-lo -Oséias 11-, mas não havia outra opção, pois Israel transgredia a Aliança que, como povo, aceitou e, transgredindo-a, negando o Deus Vivo, automaticamente colheu a morte pelo simples afastar dO Senhor. O Pai, justo, precisava julgar o Mal. O Pai, amoroso, precisava manter a ordem e as condições mundiais propícias para a vinda dO Redentor, por isso era necessário julgar e, pela morte de alguns, deixar o exemplo para muitos, pela morte de alguns, um mal necessário, manter vívida a chama messiânica. Pense bem: o abatimento de alguns milhares é preço viável para a salvação eterna de milhões - e num Universo fundamentado no livre-arbítrio, não consigo imaginar outra maneira de as coisas caminharem. Na seqüência vou expôr alguns pontos do Antigo Testamento que me parecem mais duros, usufrua de meu raciocínio e lembre-se do que acabou de ler como critério de análise:
-Deus manda o povo de Israel, depois do Êxodo, destruir todas as cidades palestinas e matar todos os seus habitantes, sem exceções -Josué 6:21; Deuteronômio 13:12-17:
Antes de tudo, precisamos lembrar de um detalhe importantíssimo: nos tempos de Abraão, ainda no livro de Gênesis, Deus, mesmo tendo motivos para aniquilar a Palestina inteira, devido à depravação dos cananeus, reconheceu que a maldade local ainda não era grande o suficiente para receber tal juízo e, sabendo que os cananeus perverteriam-se ainda mais naturalmente, levou o povo de Israel, até como forma de protegê-lo da depravação local, à terra do Egito, afim de esperar o dia em que a transgressão palestina chegasse no nível digno de aniquilação total -Gênesis 15:13-16-, isso implica no fato de que Deus não julga sem razão.
Outro ponto de importante relevância está na proteção da nação israelita, mantendo-a distante do paganismo que dominava o mundo inteiro, tirando de dentro de si toda a espécie de idolatria, todo o perigo potencial para a soberania de Deus e consequente risco para a consumação da história redentora - se Israel acabasse igual às demais nações, todo o projeto envolvendo O Messias poderia cair por terra e isso levaria todos os povos desse mundo à destruição eterna, então não restaria alternativa para Deus senão a de deixar o mundo definhar totalmente ou julgá-lo de modo derradeiro e sem esperança para ninguém, mas não, O Pai optou pelo juízo local como forma de evitar um juízo global, fazendo aniquilar as nações palestinas em prol da manutenção e continuidade da história da redenção e consequente salvação ao mundo inteiro - a Palestina, pela localização, clima e influência, tratava da faixa de terras melhor servida para que a vindoura estadia dO Messias em nosso meio surtisse o efeito esperado no mundo inteiro. O fato é que Israel desobedeceu a Deus e não destruiu as nações cananéias e seu paganismo, paganismo que, com o tempo, fora penetrando na cultura israelita e pervertendo lenta e profundamente o Povo Escolhido, chegando ao ápice da depravação hebréia, de que temos conhecimento no livro de Juízes - caos político e religioso em Israel. Deus tinha razão ao exigir medidas tão drásticas em prol de algo maior, já que a desobediência hebréia em relação a isso quase resultou no fim da história redentora - antes de influenciar positivamente o mundo, Israel tinha que purificar-se ou manter-se puro.
-Leis difíceis de entender - Deuteronômio 21:18-21; Levítico 18:22, 21:5:
A Bíblia, no Antigo Testamento, parece ordenar coisas estranhas, como matar filhos em demasia rebeldes, evitar o homossexualismo e o ato de se barbear, mas por que isso? Antes de o leitor se revoltar com a Palavra, precisa entender que o mundo veterotestamentário não se enquadra nos padrões de nosso mundo pós-moderno, logo, não podemos partir de nosso ponto de vista como fator determinante para se julgar algo consolidado há milênios. Quando entendemos isso, podemos, então, aprofundar o raciocínio: nenhuma Lei do Velha Aliança existiu por existir, resumindo-se no capricho de um Deus que quer apenas mandar e julgar, não! Toda a Lei era, antes de tudo, protetora, com alto grau de sanidade, afim de manter o povo israelita longe de doenças biológicas, livre de doenças morais e políticas e livre do paganismo das cercanias.
Entenda que num mundo sem O Messias, Deus precisava, em paralelo ao livre-arbítrio, construir um cenário propício para a Sua vinda, por isso medidas pesadas tiveram de ser tomadas, afim de, pela privação de uns, haver salvação para todos. Israel, como território e povo, era a peça-chave da revolução que O Pai desde a Queda planejara, portanto, para o bem do mundo, o Povo Escolhido sofreu um pouco mais - sofrimento construtivo, pois a Lei os manteve, pela dor, vivos. Uma dessas leis protetoras é a da primeira passagem acima: todo o filho rebelde, ao resistir continuamente à disciplina, deveria ser morto. Ora, essa lei se aplicava ao contexto histórico em que fora inserida, afim de manter Israel vívido, mas como? Evitando-se a rebeldia das novas gerações, o padrão moral divino inserido nas primeiras manter-se-ia parcialmente intacto, assim como a unidade política, religiosa e étnica. Isso é óbvio! Logo, tal medida era necessária em prol de um bem maior, principalmente quando levamos em conta dois fatores: servia mais como um símbolo do que uma máquina de matar, pois a sua simples existência evitava a necessidade vasta de sua aplicação, já que os filhos potencialmente rebeldes passavam a se conter e evitar a insurreição e, em segundo lugar, porque, com toda a nação conhecendo-a, aqueles que a desrespeitassem não seriam mortos diretamente pela Lei ou por Deus, mas estariam praticando uma espécie de suicídio, pois pediram para morrer de forma consciente e voluntária - como que pisando, de modo consciente, numa armadilha.
A lei da segunda passagem acima também tem aspectos protetores por dois motivos: procurava evitar que se inserisse em Israel uma prática comum entre os povos pagãos, principalmente se levarmos em conta que relações sexuais de todos os tipos eram vastamente praticadas como rituais religiosos que poderiam perverter a nação de Israel e, em segundo lugar, afim de abolir todo o potencial autodestrutivo do Povo Escolhido, pois é lógico que, numa nação largamente homossexual, a fidelidade conjugal e o amor pela prole seriam afetados, doenças venéreas se espalhariam e a natalidade diminuiria, fatores letais para uma nação pequena, além disso, há todo o aspecto profético: a descendência de Abraão seria herdeira da promessa messiânica e no contexto veterotestamentário isso significava, além de um nascimento espiritual, uma ligação genética com o Pai da Fé, coisa que mudou depois de Cristo. Essa lei, porém, ao contrário da anterior, foi reforçada no Novo Testamento, Romanos 1:26-27, por ser ato totalmente avesso ao plano original dO Criador e uma real ameaça à existência da família, com potencial poder destrutivo se levarmos em conta a quantidade de doenças que se propagam com tal ato e sua improdutividade reprodutiva, resultando antes em caos do que ordem. No final das contas, qualquer um que possua um bom conhecimento de psicologia e psiquiatria entende que, sendo o homossexualismo fruto de lares destruídos e disfuncionais ou traumas sexuais na infância, não vem como herança genética ou carregado de bondade em si, mas, sim, como resultado de distúrbios em mentes feridas - e é claro que não me esqueço de todo o aspecto espiritual envolvido nisso. Ora, se o homossexualismo não se origina da normalidade e ordem, obviamente não pode ser algo positivo -por isso deve ser tratado-, mas a diferença entre um mundo sem Jesus e o nosso mundo depois de Sua Primeira Vinda está no fato de que hoje devemos garantir a liberdade dos homens, pelo livre arbítrio, de serem como desejarem ser, julgando-se a si mesmos perante Deus.
A lei da terceira passagem também vem carregada do mesmo padrão da anterior: fica evidente no verso o aspecto pagão do ato de se barbear, que vem junto com o masoquismo ritual - isso no contexto histórico e geográfico em questão. Essa lei, portanto, vinha como mais um mecanismo protetor para Israel nas questões religiosas, mas, nitidamente, trabalhou na proteção da nação como etnia, pois a proibição do corte total das barbas promovia uma larga diferença física entre homens e mulheres e tal diferença física gerava uma identidade sexual específica, segundo a vontade original dO Criador e isso, por sua vez, cooperava na manutenção da integridade sexual de Israel, logo que as coisas não se mesclavam ou confundiam, mas estavam bem determinadas e separadas, o que certamente evitou o homossexualismo ou algum atentado ao patriarcalismo. Assim como em todas as leis, há uma verdade eterna que nos cabe e, nesse caso, fica nítido que a vontade de Deus está na distinção entre homem e mulher, o que, sem dúvidas, coopera com a vida e que, por estarmos lutando contra isso em nossos dias, vemos a morte de nossa humanidade - leia "Geração Emoção".
-Aparente carnificina contra pessoas indefesas - II Reis 2:23-24:
Eis um dos textos mais polêmicos do Antigo Testamento, mas somente o é se o interpretarmos segundo nosso ponto de vista pós-moderno. Em português lemos o termo "criancinhas", mas para os judeus tal termo não necessariamente se direciona literalmente à crianças, daqueles que designamos terem menos de 13 anos, até porque o indivíduo "criança" não era reconhecido pelos judeus, que tratavam os pequenos como mini-adultos. Para o judeu, qualquer um com menos de 30 anos podia ser chamado de "criança" e isso fica bem claro na oração de Salomão em I Reis 3:7 e mais claro ainda na vocação de Jeremias, em Jeremias 1:7. O julgamento divino do texto me parece ter, pelo menos, três explicações: Eliseu vivia em tempos onde os reis ainda eram maus, logo, padecia de perseguição, portanto, as "crianças" do texto poderiam se tratar de jovens, aos nossos olhos até mesmo adultos, armando uma perigosa cilada contra a pessoa do Profeta, leve em conta que se tratavam de dezenas de "rebeldes"; outro motivo pode estar no fato de que a desonra -pois ser "calvo" era motivo de menosprezo- ao Profeta do Senhor se tratava de uma desonra ao próprio Deus e a zombaria para com O Criador é passível de morte, ainda mais se levarmos em conta que as "criancinhas" faziam parte do Povo Escolhido, logo, estavam submetidas à Lei, que seus pais concordaram em obedecer; a terceira explicação está na demonstração do poder de Deus mediante uma nação profana. Entendo, ainda, mas tenho algum receio de considerar isso, que Eliseu pode ter usado mal o poder que Deus depositou nele. O fato é que tudo me leva a crer que a morte de 42 "criancinhas" não foi um mero ato de crueldade, mas, sim, de proteção ao Profeta e, logo, à toda nação de Israel, o que resulta na proteção de um mundo inteiro, que dependendo do Profeta e de Israel, pôde ser posteriormente presenteado com a vinda, morte e ressurreição dO Messias.
-Deus mandou milhões para o Inferno durante os tempos do Antigo Testamento:
É isso que alegam os críticos, os céticos, quando citam o Dilúvio, a destruição da Torre de Babel, de Sodoma e Gomorra, as 10 Pragas do Egito e o afogamento dos exércitos do faraó, a aniquilação dos inimigos de Israel e os juízos sobre o próprio Povo Escolhido, esquecendo-se, primeiramente, que Deus não julga sem antes dar chances, levando Noé a alertar seus conterrâneos sobre a Inundação -2 Pedro 2:5; Hebreus 11:7-, planejando privar Sodoma e Gomorra se nela houvessem uns poucos justos -Gênesis 18:20-33-, O Pai também não teria lançado as pragas mais violentas sobre o Egito se o faraó não tivesse endurecido o seu próprio coração por cinco vezes -Êxodo 7:14, 22, 8:19, 9:7, 35-, não teria desferido juízos sobre os oponentes do Povo Escolhido se tivessem ouvido as profecias e se arrependido, lembremos dos habitantes de Nínive que, ao ouvirem a ameaça pela boca de Jonas e se arrependerem, escaparam da morte -Jonas 1:2, 3:2, 4-10, 4:2, 6-11- e lembremos que Deus só julgou a nação de Israel após incontáveis avisos e revisões da Lei, sempre dando-lhe novas chances de se redimir e prostrar diante dEle -Oséias. Deus é amor, Deus é justo, por isso procura a reconciliação antes da aniquilação e quando a reconciliação não é aceita, aniquila por amor ao mundo inteiro, enegrecido e pervertido pela transgressão de um determinado povo e nação. Por amor Deus limita o homem pelas regras, a prevenir doenças e rebeldia, a prevenir a autodestruição, e pelo juízo também demonstra tal amor, ao, pelo forte exemplo de uns poucos, mostrar ao mundo inteiro o Seu poder e a Sua vontade, que é a vida, pela morte de uns, como já disse, construiu o caminho para a vinda dO Messias, a salvar o mundo inteiro. Leve em conta que, dado o aviso, aquele que voluntariamente se mantém na maldade não é mais julgado pela vontade de Deus, mas julga-se a si mesmo por sua própria vontade - é quase como um suicida. Esse é o primeiro ponto a ser observado.
Podemos e devemos levar em conta ainda outro ponto: antes de Cristo não havia "Inferno" para os homens, segundo o que eu constatei nas leituras bíblicas. O que é chamado de Hades, ou Mundo dos Mortos, parecia mais um local para onde iam os que morriam sem o conhecimento dO Messias -que ainda não tinha sido apresentado ao mundo- para esperar a Sua vinda e poder, pelo livre arbítrio, optar de modo derradeiro por Ele ou não, quando Ele se apresentasse. Toda a humanidade que existira antes de Cristo ia parar nesse mesmo lugar, para "dormir" e esperar -Salmos 13:3-, sejam pagãos, sejam Filhos da Promessa. Ainda não havia salvação eterna no Céu, pois o sacrifício de animais não era nada além de um ato simbólico e didático, já que nenhum animal era capaz de substituir a necessidade do sacrifício dO Messias -Hebreus 10:4-, logo, sem Cristo, não pode haver salvação -João 14:6. Sem Jesus como opção, nenhum humano poderia ser condenado por negá-Lo ou salvo por aceitá-Lo, logo, todos aqueles que foram julgados por Deus no Antigo Testamento não foram diretamente enviados ao Inferno, mas, por não conhecerem O Messias, enviados a um lugar de espera para, posteriormente, terem uma segunda chance. Sendo assim, os juízos de Deus no AT não foram tão cruéis quanto parecem ter sido, pois não houve condenação eterna diretamente relacionada a eles. Tanto os que esperavam pelo Cristo desde o Gênesis 3:15, os que esperavam desde Abraão -Gênesis 12:1-3, 22:8-, da Primeira Páscoa -Êxodo 12:1-7- ou de Davi -2 Samuel 7:8-17-, quanto os que não esperavam, tiveram a chance de, recebendo a visita dO Próprio Messias no Hades, após o sacrifício na Cruz ter sido consumado, dizer-Lhe "sim ou não". Essa é a justiça, esse é o amor de Deus! Vide 1 Pedro 3:18-20; Salmos 16:8-11; Atos 2:31; João 5:25 e 28. A Bíblia também parece deixar claro que para alguns povos específicos, tamanha a sua abominação, a condenação eterna já estava reservada desde o juízo -Judas 7-, mas, de modo geral, parece-me plausível entender -segundo minha própria compreensão- que houve uma segunda chance para a maioria -esvaziando-se o Hades de imediato, indo os que negaram Cristo ao Inferno e os que O tiveram como salvador, ao Céu-, mas que agora, depois de Cristo, depois de Seu sacrifício e ressurreição, as portas do Inferno se abriram aos que, em vida, optam por não serem salvos pelo Filho e as portas do Céu estão abertas aos que, em vida, O aceitam - João 5:29. A peça central do Universo, O Unigênito Filho de Deus, está porta, a chance é HOJE. Apocalipse 1:18.
Devemos olhar a Bíblia com honestidade e sinceridade, pois tudo se explica. Em Salmos 3:7, Davi pede para Deus quebrar os dentes de seus inimigos, o que não parece muito "bíblico", mas leve em conta a sinceridade do rei, a clara exposição de seus sentimentos e de sua vontade e, mais do que isso, leve em conta o fato de ele ter colocado diante dO Pai tal pedido, sem fazê-lo por conta própria, esperando a concordância ou não dO Criador, deixando claro que o homem, mesmo o cristão, pode sentir ira e impulsos macabros. A Bíblia é maravilhosa por sua sinceridade, por sua transparente honestidade, sem censurar o que parece inconveniente, mostrando seus heróis de modo real e tipicamente humano, mostrando Deus como Ele realmente é e não necessariamente como a maioria gostaria que fosse, não se trata de uma manipulação apelativa, afim de angariar multidões pela mentira, mas da verdade descarada, por vezes inconveniente, a atrair apenas os que realmente anseiam por liberdade, pelo Criador, pela eternidade - na verdade esse é o anseio inato de todos os humanos, mas apenas aqueles que abrem mão do orgulho, do egoísmo, o admitem de fato. O Universo caído é hostil demais para termos como verdade filosofias que vêem tudo como sendo algo lindo e maravilhoso, o homem como criatura totalmente benigna e celestial, Deus como nada além de amor, abrindo mão da justiça típica de quem profundamente ama o que é bom e vital. Parta desse ponto, admita sua posição real, como sendo um agente mais destrutivo do que construtivo, admita sua maldade -daquele que gasta mais com comodidades fúteis do que ajudando os que morrem de fome, daquele que passa mais tempo ouvindo música sozinho do que ao lado dos necessitados, daquele que espera mais pelo Papai Noel do que por Cristo. Use todo o raciocínio anterior, sobre a natureza original da maldade e as explicações de algumas passagens bíblicas como conceitos a serem levados em conta sempre que lhe surgir uma dúvida ou indagação a respeito desse assunto. Lembre-se de que o que Deus nos pede para fazer é aquilo que cabe a nós, mas o que Ele faz e se vê narrado na Bíblia como evento histórico, não é mandamento para nós, até porque vivemos num mundo depois de Cristo, onde o Novo Testamento descreve como devem funcionar as coisas nesse contexto.
Segue o pequeno trecho que deu o aval para toda essa postagem, publicado por mim no facebook.com há algumas semanas:
-O pensamento filosófico pós-moderno tem deixado Deus "confuso": "Ele não é bom porque julga os homens e porque permite que o mal continue existindo", acontece que nós somos maus e parte do processo de aniquilar o mal está em julgar-nos! Poxa... vocês querem que Deus julgue o mal -só assim Ele será "bom"-, mas quando Ele julga vocês, está sendo malvado?! Isso é, no mínimo, estranho!!-
A incoerência, em resumo, está em ter Deus como mau por não julgar a maldade e, ao mesmo tempo, tê-Lo como mau por julgar-nos, sendo nós criaturas vis. Espero não estar sendo repetitivo, mas leve em conta que o cético se arrebente nesse raciocínio, pois ele me leva a provar que Deus é bom, porque julga-nos, sendo nós maus. Deus julga a maldade ao nos julgar, logo, julgando-a, Ele deve ser tido como BOM! Encerrarei esse raciocínio por aqui, esperando que lhe tenha esclarecido muitas questões acerca da maldade humana e benignidade divina.
Natanael Pedro Castoldi, 2012
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Sem dúvida, um dos melhores textos que já li em minha vida, aliás, é o melhor texto que já li em minha vida. Parabéns, enriquecedor, nos mostra como o nosso Deus é lindo, perfeito e matavilhoso.
ResponderExcluirObrigado pelo trabalho
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