Feitas as devidas introduções na Parte 1, entendo não ser necessário se delongar muito aqui, indo direto ao texto sobre o conceito de perfeição que postei nO Mirante no dia 8 de novembro de 2011 sob o título "O Perfeito". Esse será o terceiro artigo desse blog sobre o tema, demonstrando a importância que dou para essa questão. Espero que o leitor compreenda o seu conteúdo e tire as melhores conclusões possíveis sobre o trabalho.
O Perfeito
É tão bom saber que estou trabalhando com a Verdade e poder, sem receio algum, perambular nesse universo de descobertas, sentindo grande euforia a cada novo pensamento, a cada nova compreensão. Noutro dia cheguei a outro desses pensamentos que, embora muito óbvios e dotados de grande simplicidade, me deixou muito animado, por ter-me sido parcial novidade e facilitado muito sobre as demais questões teológicas.
O cristianismo é, de fato, algo misterioso, não pela estrutura, pelo que diz, mas por ser uma fé tão profunda e, ao mesmo tempo, muito óbvia e simples, por ser uma fonte de sabedoria que nunca termina e, ao mesmo tempo, compreensível para os mais ignorantes e ingênuos. Tudo o que envolve a profundíssima filosofia, reforçada pela ciência inerrante e muito à frente daquilo que hoje temos, torna o cristianismo um tesouro de valor imensurável, concebendo que existe algo circulando entre os seres humanos que, definitivamente, não é obra humana, pois é impossível que algo principiado há quase quatro mil anos e concluído há dois mil seja tão eficaz, tão profundo em tudo o que prega, à ponto de ainda estar acima do nível da capacidade intelectual humana, detendo em suas palavras mais conhecimento do que tudo o que podemos obter com a soma de toda a literatura que nossa humanidade acumula, mais conhecimento e profundidade do que conseguimos angariar com toda a nossa tecnologia e vã filosofia humana. É impossível que o homem de milênios atrás tenha confeccionado algo que até hoje nos surpreende, algo que, embora simples o suficiente para o entendimento infantil, possua conteúdo, possua questões que levam ao espanto os maiores de nossos sábios. Isso é incrível! Ver assim, tão nítida, a ação de Deus em meio à Sua criatura, procurando-a, instruindo-a, zelando com toda a honestidade e amor por sua eterna salvação, é muito animador. Dentre todos os pontos que fazem da fé cristã uma realidade anos-luz à frente de qualquer outra ciência, filosofia e fé, escolhi um em especial para dar seqüência a essa postagem: a perfeição.
Embora algumas religiões antigas, pouquíssimas, tentaram trabalhar explicitamente com alguma forma de conceito de perfeição, nenhuma delas conseguiu conceber uma fração do que realmente representa essa idéia, apresentando, em todas as suas divindades, falhas incorrigíveis de caráter e constituição física. O cristianismo, por outro lado, é muitíssimo diferente de tudo o que existe ao trabalhar com o conceito de perfeito - e fazê-lo com qualidade. "O Perfeito", dentro da fé cristã, é algo que, primeiramente, se deduz com a mera observação do nosso Universo, como você pode ler em "Inescapável", já que, havendo complexidade, poder, intelecto e moral dentro da criação, há de existir um Criador pleno, perfeito em complexidade, poder, intelecto e moral. Esse é o primeiro ponto sobre perfeição que faz da fé cristã algo peculiar, pois ela reflete a inquestionável necessidade do que se observa e experimenta, trabalhando, como se lê no Pentateuco e sua Lei, com um Deus absolutamente perfeito, pleno em toda a santidade, moral, poder, presença, tempo, amor... O Perfeito é necessário dentro do evento da Criação. O perfeito padrão moral de Deus é evidenciado pelas Suas exigências em Êxodo e Levítico, totalmente compreensíveis quando temos O Perfeito querendo habitar entre um povo imperfeito.
Essa qualidade de perfeição, que é a plenitude, o máximo imaginável e inimaginável acerca de tudo o que é bom, totalmente viável para Aquele que simplesmente É -Êxodo 3:14-, parece-me mais um ponto que evidencia o cristianismo como produto direto do pensamento dO Criador, pois o homem, imperfeito, jamais conseguiria produzir, forjar de forma tão coerente e certeira, a idéia dO Perfeito, além do fato de que Deus, sendo perfeito, é mais um incômodo para o homem, imperfeito, do que qualquer outra coisa e é por isso que nossa natureza, imperfeita, tende a desejar pelo imperfeito, nunca pelo perfeito, que repele, e, também por isso, constantemente lutamos contra Deus, querendo, como humanidade, matá-Lo. É tão constrangedor e incômodo para o homem aceitar essa realidade e tomar a iniciativa de se submeter ao Perfeito, que torna-se mais confortável fingir que Ele não existe e ignorá-Lo enquanto há tempo. O homem realmente forjaria algo assim, totalmente avesso à sua imagem profana?! Parece-me impossível. Na próxima vez que você questionar uma atitude tomada por Deus ao ler a Palavra, lembre do fato de Ele ser perfeito e que, simplesmente por isso, você, imperfeito, não tem condições plenas para compreender todas as razões e a natureza do tal ato divino.
O Perfeito. Esse conceito também explica muito sobre o motivo de estarmos nessa situação de evidente depravação. Partindo do ponto de que O Perfeito é o apogeu, o limite infindável, imensurável, de tudo o que é bom, pois o mau independe da ação de vontade intelectual, é apenas o decréscimo daquilo que é benigno, então o entendemos como o 100% e, como máximo, é interminável, infinitamente maior do que qualquer coisa imperfeita, independendo do nível de imperfeição em que se encontre. Entendo que o homem, antes da Queda, era perfeito, mas não na plenitude de tudo, sendo plenamente bom em moral, espírito e corpo, incorruptível, mas não pleno em poder e majestade, pois o homem, assim como os anjos, é criatura, menor do que O Criador, ao contrário dO Pai, O Criador, dO Espírito Santo, eternamente igual ao Pai e dO Filho, que, gerado de Deus, é a Sua plenitude. Assim que o homem desobedeceu ao Senhor, o mero ato de ir contra a Sua vontade, criou-se a imperfeição, pois houve a corrupção - veja bem: o homem genuíno, do Éden, era perfeito em espírito e carne, mas não era perfeito em poder, não podendo ser igual à Deus nessa questão. Não sendo pleno em poder, portanto, ele poderia ser derrubado por algo mais poderoso do que ele, como é um arcanjo caído. Mais sobre isso na postagem "A Razão". Entenda: O Perfeito é infinito, pois é o máximo, além do compreensível, o 100%, irredutível, logo, se surge a imperfeição, mesmo num nível pequeníssimo de, digamos, 0,001%, passamos a ter algo finito, limitado e, pior ainda, redutível, pois a raiz de falha, uma vez que penetrou na natureza caída, pode crescer. Com isso concluímos que até mesmo o 0,01% imperfeito, que parece pouco, é INFINITAMENTE mais depravado do que O Perfeito, simplesmente porque, repito, O Perfeito, sem nenhuma raiz de maldade, é infinitamente bom, pleno, e o imperfeito, com a raiz de corrupção, é finito e, logo, infinitamente pior do que O Perfeito. Por isso você pode entender como o simples ato de desobediência no Éden surtiu efeitos tão catastróficos, já que foi uma queda violentíssima! De uma posição plena, o homem decaiu infinitamente, do infinito para o finito e, com essa semente de caos semeada, passou a decair com o passar o tempo, já que o caos se alastra. É como lançar uma pequena pedra num lago totalmente inerte, dormente, e ver, num segundo, todo o sistema agitando-se e toda a superfície das águas sofrendo o impacto do golpe. Também podemos exemplificar o conceito geral com a figura do círculo, que considero, como perfeccionista, a imagem perfeita, já que não possui início nem fim, sendo infinito, mas, veja bem, se da circunferência for retirado 0,001% do total, ele deixa de ser infinito para tornar-se finito, com um ponto inicial e outro final. Isso quer dizer que ele está infinitamente menor agora do que antes, na plenitude, era.
Isso me parece prova experimentada e observada de que o infinitamente bom, como era o homem original, ou Lúcifer antes de caír, pode, de alguma forma, reduzir-se ao ponto de se tornar finito e, portanto, imperfeito - uma mísera redução é suficiente para que todo o ser mergulhe num mar de lodo, não havendo formação de outra matéria, mas o súbito despencar da plenitude da criatura de uma realidade para a avessa.
Com essa questão de perfeição e imperfeição passamos a entender porque estamos tão distantes de Deus: somos infinitamente piores do que Ele, que é infinitamente perfeito, logo, Ele nos repele e nós O repelimos naturalmente, não podendo, cada um com sua respectiva natureza, habitar o mesmo espaço - 1 Timóteo 6:16; Colossenses 1:21. A diferença entre nós e Ele é tão grande que, se O vermos, estando nós na situação de depravação, certamente morreremos - Êxodo 33:20. Também com base nisso entendemos que nada, NADA, absolutamente NADA do que fizemos com base em nossa infinita imperfeição surtirá algum efeito no aproximar de Deus, já que é impossível conseguirmos atravessar, por nossas próprias e infinitamente imperfeitas forças, o mar de infinita imperfeição que nos separa dO Criador. Nenhum homem, por mais bondoso que seja, deixará de ser infinitamente imperfeito por conta própria e nisso todos os humanos naturalmente se equivalem, o bom menino é tão infinitamente corrompido quanto uma prostituta, sua realidade espiritual não é em nada diferente, se partirmos do ponto de que ambos estão infinitamente distantes dO Perfeito Deus. Espiritualmente o homem, caído, é igual aos demônios: totalmente, infinitamente, distante e avesso ao Pai e, exatamente por isso, se continuar nessa situação, padecerá da mesma condenação infernal reservada para os tais anjos caídos. É aqui que entra a necessidade da Graça divina, já que todo o esforço humano, imperfeito, é incapaz de levá-lo um milímetro mais perto do infinitamente distante Criador. Na Graça é Deus, O Perfeito, que vai até o homem e oferece-lhe uma solução, uma maneira de ser achado perfeito diante dEle, oferecendo a autoridade e santidade do sangue e do nome de Seu santíssimo Filho, para lavar-nos de nossas impurezas e representar-nos diante do Seu tribunal - Gálatas 2:16.
É na morte sacrifical de Cristo que temos outra necessidade dO Perfeito. Como O Perfeito é infinitamente melhor do que o imperfeito, apenas com outra perfeição é que pode-se resolver o problema, atravessar o infinito mar de imperfeição - somente O Perfeito pode cobrir o imperfeito, somente O Perfeito pode chegar-se ao Perfeito! Com a Queda, Deus procurou uma solução provisória para o infinitamente vasto problema humano, solução essa que era mais didática e profética do que efetiva. Deus é plenamente, perfeitamente, justo e, sabendo que, sem Ele, O Perfeito, que cria e mantém a Vida - ao contrário do imperfeito, do caos -, somente há morte -Romanos 3:23-, haveria de matar o homem pela sua infinitamente insuportável corrupção, pelo seu adentrar em trevas palpáveis de tão densas, totalmente opostas a radiante Luz onde O Pai habita -1 João 2:8. Mas Deus, além de justo -Salmos 7:9-, é amor -1 João 4:16- portanto, assim que o homem caiu, logo tratou de iniciar o processo para a vinda dO Messias e, nesse meio tempo, principiando com Abel, pôs em andamento o sistema sacrificial que se encorpou no Êxodo hebraico, no qual o pecador, após cometer iniquidade, deveria oferecer o sangue de um macho imaculado, perfeito, sendo o sangue a representação da vida e seu derramar, da morte - o pecado cobrava seu salário mortal sendo expiado, propiciado na carne de animais, Levítico 17:11, 22:19-20.
A justiça de Deus saciaria-se plenamente com a aniquilação completa da humanidade, que não seria liberta do pecado, da imperfeição, mas tornar-se-ia menos que pó, mas o amor dO Pai, também pleno, O fez trabalhar de outra forma, equilibrando justiça e amor numa medida perfeita, assim como Ele o é: ao invés de aniquilar completamente o homem, Deus apoiou-se na única alternativa, que era a morte de um homem perfeito, imaculado, cuja perfeição pudesse fazer a humanidade regressar novamente à sua situação original. O problema é que esse tal "homem perfeito" é impossível dentro de uma humanidade imperfeita, de filhos imperfeitos vindos de pais imperfeitos, cujo pecado, cuja a infinita depravação da alma, tornou-se parte da sua natureza, da sua herança. Esse homem perfeito, igual à Deus, a, como humano, derramar seu sangue perfeito em nome da humanidade, deveria ter origem no único lugar perfeito de que temos ciência: o Céu dos Céus -Salmos 33:13 e 14, 113:5-, onde Deus se assenta em Seu trono e, ao mesmo tempo, ter parte com a humanidade, nascer da humanidade, para, sendo pleno humano, porém perfeito, numa situação igual à de Adão quando fora criado -parte vinda do pó e parte vinda diretamente de Deus-, se encontrar apto para reiniciar a humanidade, reinserir a perfeição no homem, libertando-o do pecado, da imperfeição. O Espírito de Deus, então, gerou no ventre de uma mulher exemplar, certamente grande serva dO Pai, o prometido Messias que, tendo Deus como genitor, não herdou a maldição de Adão - Jesus foi filho de Deus, não de Adão, por isso sua "genética" espiritual era perfeita e imaculada. O homem comum seria um sacrifício imperfeito para aniquilar o pecado, mas o Homem do Céu não, já que nasceu sem pecado e nunca experimentou da Queda, ao contrário de Adão.
Na postagem "O Príncipe dos Exércitos" eu falo algo acerca do sacrifício perfeito de Cristo que repetirei, noutras palavras, aqui. Jesus, sem ter permitido penetrar em sua vida nenhum dardo inflamado do Maligno, era perfeitamente, infinitamente bom, perfeito como o era Adão antes da Queda. Nesse momento O Filho estava representando a plenitude da humanidade, por isso foi perfeito segundo a perfeição permitida às criaturas, que são menores do que O Criador, abrindo mão do pleno poder, que, como gerado de Deus, possuía no Céu - Filipenses 2:7. Esvaziando-se de si mesmo, Jesus tornou-se o "segundo Adão", perfeito em espírito e em moral. Como O Perfeito em carne humana, teve infinita matéria perfeita para despejar na cruz, quando o Seu sangue foi derramado, e, portanto, o Seu sacrifício, partindo do ponto de que Ele era - e é- infinitamente puro, pôde cobrir, sem reduzir-se em nada, toda a podridão da humanidade, já que o perfeito é interminável e o imperfeito é finito. É por isso que o sacrifício de Cristo foi derradeiro, sendo infinitamente bom e, portanto, suficiente para cobrir todos os pecados desse mundo em todos os tempos -João 1:29. Adão principiou a humanidade ímpia, Cristo, o "segundo Adão", inaugurou a humanidade justa, começando-a como o seu primeiro representante e oferecendo o Seu sacrifício como pagamento por todos quantos o aceitarem - Romanos 10:9. Jesus foi o ponto culminante daquilo que começou no princípio do Êxodo, quando o sangue de um cordeiro perfeito salvou os hebreus da morte e libertou-os da escravidão egípcia, sendo essa a primeira Páscoa -Êxodo 12:3-12, 42-, pois O Filho, também na Páscoa, ofereceu-Se como cordeiro imaculado para o sacrifício cujo sangue libertaria o Seu povo, que, dessa vez, cumprindo a Aliança Abraâmica -Gênesis 12:1-3-, trata-se de toda a humanidade -João 3:16. Cristo foi como o cordeiro que substituiu Isaque no altar do sacrifício -Gênesis 22:8 e 13. Lucas 22:19-20 deixa claro que a Nova Aliança foi selada pelo sangue de Jesus e Hebreus 7:25-28 explica a necessidade do sacrifício de Cristo de modo semelhante ao que você aqui leu. Atos 4:12 conclui muito bem a questão acerca da inescapável necessidade dO Filho para a salvação, sendo Ele o único Perfeito apto para, vindo ao mundo, construir, com base em Sua perfeição, uma ponte até O Perfeito, que é Deus.
Durante o momento do sacrifício dO Filho em carne humana, Ele tornou-se um cordeiro maculado, pois, assim como o cordeiro de sacrifício deixa de ser perfeito quando recebe o golpe de faca do sacerdote, O Filho deixou de sê-lo quando encheu-se do pecado, das imperfeições humanas, mas, no momento em que isso aconteceu, a purificação do mundo já havia sido consumada - Isaías 53:4-11; 2 Coríntios 5:21. Quando O Filho tornou-se abominação, tornou-se pecado, então O Pai já não mais podia estar perto dEle -Mateus 27:46. Instantes antes da morte, Cristo disse: "Está consumado", -João 19:30- pois, morrendo, o sacrifício perfeito, profetizado por milênios, finalmente havia sido concluído. Na seqüência, Cristo desceu e sepultou todos os pecados humanos que haviam caído sobre Ele no Hades -1 Pedro 3:19; Atos 2:31. Porém, de todos, o evento mais importante foi a Sua ressurreição, em corpo e em espírito, quando saiu do sepulcro no terceiro dia em glória -Lucas 24:6-7. Aconteceu com Cristo exatamente o que deve acontecer conosco, ou melhor, o que passou a acontecer desde de então: Ele morreu como pecado, com o nosso pecado, e, ressuscitando por intermédio do Espírito -Romanos 8:11-, revigorou-Se novamente em perfeição. É exatamente esse o traço fundamental da Nova Aliança no sangue de Cristo, pois você crucifica a tua iniquidade e teu "velho homem", nascido da carne humana e herdeiro da morte eterna, juntamente com Jesus e, morrendo como Ele morreu, não fisicamente, pois Ele o fez por nós, mas espiritualmente, utilizando-se da porta que Ele nos abriu, renasce pelo Espírito Santo e torna-se uma nova criatura, -João 3:6-7-, mas, dessa vez, gerada por Deus. Você "morre" como pecado e nasce novamente como filho de Deus, agora de "genética" espiritual coerente com Ele. Vide Romanos 6:5-11:
"Porque, se fomos plantados juntamente com ele na semelhança da sua morte, também o seremos na da sua ressurreição; sabendo isto, que o nosso homem velho foi com ele crucificado, para que o corpo do pecado seja desfeito, para que não sirvamos mais ao pecado. Porque aquele que está morto está justificado do pecado.
Ora, se já morremos com Cristo, cremos que também com ele viveremos; sabendo que, tendo sido Cristo ressuscitado dentre os mortos, já não morre; a morte não mais tem domínio sobre ele. Pois, quanto a ter morrido, de uma vez morreu para o pecado; mas, quanto a viver, vive para Deus. Assim também vós considerai-vos como mortos para o pecado, mas vivos para Deus em Cristo Jesus nosso Senhor."
A ressurreição de Cristo também tem o valor descrito acima: Ele voltou de uma situação de morte para a vida, ou seja, Ele venceu a morte, aniquilou o seu poder, destronou-a nesse mundo -João 16:33. Sobre a questão do "novo nascimento" e quebra do domínio do pecado, da imperfeição, sobre nós, pode-se levantar a seguinte questão: "então, quando cristãos, nos tornamos perfeitos?" Pareceria insano dizer que sou um cara perfeito porque nasci em Cristo e, de fato, é, pois não sou perfeito e isso é evidente, já que volta e meia entristeço o meu Senhor. Existe, porém, uma coisa que aconteceu com Cristo, mas que não aconteceu conosco: Seu corpo, juntamente com o Seu espírito, venceu a morte. Para nós isso só pode acontecer com o espírito, pois apenas o espírito do velho homem morre para ser renascido no Espírito Santo e tornar-se a Sua habitação, nenhum ser humano experimentou a morte do corpo e um novo nascimento físico, dotado de uma nova "biologia", apenas Cristo o experimentou. Esse é o grande diferencial, pois, embora nosso espírito, renascido e santificado pelo Espírito Santo, possa ser encontrado perfeito perante Deus, nossa carne não mudou em nada, pelo contrário, continua sendo como antes era, minada de desejos bestiais, de anseios por prazer, almejando, constantemente, a nossa morte eterna. Aconteceu com Jesus algo mais, já que Ele ressuscitou também em carne, essa que, após vencer a morte e distanciar-se dos anseios carnais, é perfeita e imaculada. Romanos 7:14-25 deixa bem clara essa realidade: enquanto os membros de nosso corpo carnal respeitam apenas uma lei, a do pecado, o nosso espírito, renascido com O Espírito Santo, continua perfeito nEle.
Embora essa possa parecer uma realidade cômoda, levando, quem sabe, alguns a pensarem que, dessa forma, o pecado pode ser praticado para saciar a carne sem medo, pois o espírito continuará puro, a Bíblia, juntamente com a lógica, nos mostram outra verdade e é por isso que existem dezenas de passagens bíblicas exortando para sufocarmos o máximo possível a nossa carne -Colossenses 3:5-15-, afim de evitarmos que o pecado, a imperfeição, atue novamente em nós da maneira como atuava nos dias da ignorância e penetre novamente em nosso espírito -Mateus 6:22-23, 18:9-, obrigando a retirada do Espírito Santo e, por fim, culminando na perda daquilo que fora adquirido com o novo nascimento em Cristo, uma vez que esse "novo nascimento" não veio acompanhado de perseverança -1 Pedro 2:11- e permitiu-se aniquilar pelo retorno do "velho homem" -Hebreus 6:4-6, 10:26-27; 2 Pedro 1:5-10 e 2:13-15, 20-22. Não podemos esquecer que Deus é um ser racional e relacional, por isso Ele sempre valorizará grandemente as nossas iniciativas de agradá-Lo, buscando estar com Ele. Quem vive em pecado voluntário está dizendo, voluntariamente, que despreza Deus e que prefere servir à sua carne, isso é o mesmo que negar o Espírito Santo e, como o cristianismo se baseia na opção individual, esse desejo será cumprido e, então, nosso corpo e espírito será lançado para sua própria sorte e destruição - Marcos 3:29; Romanos 1:23-24. Aqui entra a ideia expressa no Êxodo, quando Moisés vai ter várias vezes com o faraó: até a Sexta Praga o faraó endurece o seu coração por vontade própria, mas, depois dela, Deus é quem passa a endurecê-lo, dizendo algo como: "você não quer me ouvir? Que seja feita a tua plena vontade". Isso tudo é muito simples: devemos buscar a perfeição de Cristo, a santidade do Seu caráter, isso por intermédio do Espírito Santo, simplesmente porque Deus é perfeito e santo, querer e fazer o oposto é o mesmo que rejeitar Deus - 1 Pedro 1:16.
Outra questão que nos faz perfeitos diante de Deus, mesmo não o sendo, está no privilégio de nos tornarmos seguidores de Cristo. O Filho nos comprou com o Seu sangue -1 Coríntios 6:20-, por isso somos dEle, e a vida dEle se desenvolve através de nós -2 Coríntios 3:2-3-, logo é Ele quem responde em nosso lugar -1 João 2:1-, é Ele quem nos representa diante de Deus -Romanos 8:34-, é Ele quem é O Perfeito que agrada a Deus e somente aceitando receber a Sua marca, a marca do Seu sangue sobre nós, deixando-O reinar em nossas vidas, é que seremos agradáveis ao Pai, pois a imagem de Cristo em nós cobrirá a nossa imperfeição. O perfeito nome de Cristo -Filipenses 2:9-, oferecido a nós, torna-nos, diante dO Criador, perfeitos -1 Coríntios 6:11; Colossenses 3:17. Todavia, a perfeição plena somente nos sobrevirá, de fato, no dia em que formos arrebatados com Cristo, tendo nossos corpos carnais ressuscitados e renascidos na nova "biologia" inserida por Jesus no dia em que Ele ressurgiu, daí sim seremos novamente infinitamente puros física e espiritualmente, tendo a nossa carne herdada de Adão já derrubada em definitivo e substituída pela carne herdada de Cristo, esta que não mais clamará pelo Mal, do qual ela não terá conhecimento, já que nenhuma raiz de maldade haverá nela - 1 Tessalonicenses 4:17 -, então, finalmente, poderemos estar junto com Deus de forma plena e pela eternidade!
Para finalizar meu raciocínio sobre perfeição, vou aplicá-lo de forma breve noutro conceito nebuloso do cristianismo: a Trindade. Muitos não entendem como Deus Pai, Deus Filho e Deus Espírito Santo -Mateus 28:19- podem ser três pessoas e, ao mesmo tempo, um só Deus. Ora, com base no que já foi pensado, é muito simples entender esse conceito: Pai, Filho e Espírito Santo são iguais na essência, pois O Pai, eterno, é perfeito porque assim o é; O Espírito Santo é, pelo que se sabe, coeterno com O Pai, sendo o próprio Espírito de Deus -Gênesis 1:2-, logo, é igual ao Deus Pai; e O Filho, que parece ter sido gerado dO Pai, é 100% igual à Ele em natureza, pois herdou dEle tudo o que Ele é -João 14:6-11. As Três Pessoas da Trindade são perfeitas em toda a plenitude das coisas, dos atributos, nenhuma possui menor medida do que a outra, apenas há uma subordinação hierárquica, jamais de valor ou poder, entre elas, sendo O Pai o supremo Deus, O Filho gerado para a glória de Deus -João 14:13- e O Espírito Santo a mover-se para a glória dO Pai e o anúncio dO Filho -João 14:16-18. Sendo as três pessoas perfeitas em toda a plenitude, infinitamente boas, então o pensamento de qualquer uma delas é exatamente o mesmo pensamento das outras duas, a vontade de uma delas é igual à vontade das outras, pois concordam em tudo, já que a perfeição não é multiforme, mas somente pode se apresentar de um modo, o "Modo Perfeito". Trata-se, basicamente, de um reino comandado por três reis, tais trabalhando sempre em parceria e concordância e dando a resposta não individualmente, mas na pessoa que os três, unidos, constituem - no caso em questão, os três reis são perfeitos e, por isso, nunca divergem de opinião ou vontade, representado na pessoa dos três um só Deus.
"O Perfeito", esse, de fato, é um conceito fundamental e exclusivo do cristianismo, necessário para se entender a razão de as coisas serem como são, necessário para se conceber importantíssimos fundamentos bíblicos, necessário para se compreender o tamanho de nossa depravação e a inescapável necessidade do auxílio, ou melhor, da obra de Deus para a nossa salvação. Sem mais muito o que dizer, espero que você mesmo reflita e amplie esse artigo, lembrando-se de Colossenses 1:26-27:
"O mistério que esteve oculto desde todos os séculos, e em todas as gerações, e que agora foi manifesto aos seus santos; aos quais Deus quis fazer conhecer quais são as riquezas da glória deste mistério entre os gentios, que é Cristo em vós, esperança da glória; a quem anunciamos, admoestando a todo o homem, e ensinando a todo o homem em toda a sabedoria; para que apresentemos todo o homem perfeito em Jesus Cristo; e para isto também trabalho, combatendo segundo a sua eficácia, que opera em mim poderosamente."
Natanael Pedro Castoldi, 2011
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obrigado pelo trabalho
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