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A Igreja e o Conhecimento: a Antiguidade Preservada

De todas as críticas que são desferidas contra a fé cristã, talvez a mais comum esteja na área do conhecimento: "a Igreja apenas atrasou o avanço científico da humanidade", é o que muitos bradam. Será que isso é verdade? Existe valor em tal afirmação? O breve estudo que segue pretende encerrar essa discussão - tire as suas próprias conclusões.

Sabemos que, quando Roma caiu perante sucessivos ataques de diversas tribos bárbaras, de maioria pouco desenvolvida em termos de filosofia e conhecimento em geral, além de sua ferocidade vingativa e gananciosa perante a Cidade Eterna, o conhecimento Clássico foi enterrado. Os museus, as bibliotecas, as escolas de Roma queimaram, desmoronaram, isso perante uma cidade que, de mais de um milhão de habitantes, terminou com menos de vinte mil. Com muitos de seus eruditos mortos ou fugidos para terras distantes, o analfabetismo, que antes já era alto, imperou e quase a totalidade dos conhecimentos romanos obtidos nos estudos latinos, ou aproveitados dos gregos e egípcios, se perderam. Nesse sentido, as “trevas” medievais não foram, necessariamente, resultado do domínio da Igreja, mas da própria queda de Roma, substituída pelos bárbaros, e, posteriormente, o crescimento muçulmano: conforme o islamismo se expandiu, as mais antigas e eruditas cidades do Mundo Cristão, como Antioquia, Alexandria, Jerusalém ou Cartago, foram dominadas – e seus conhecimentos preservados passaram a influenciar mais os árabes do que os europeus. Por fim, a própria cisão entre Império Romano Ocidental e Oriental facilitou o esquecimento da cultura clássica da parte dos ocidentais, preservada mais no Oriente, em Constantinopla.
Do livro Cristianismo Através dos Séculos, Earle E. Cairns, pg 104, nos diz que o período da Idade das Trevas de seu por advento das invasões bárbaras no Império Romano Ocidental, nos anos entre 365 e 1066 d.C., de modo que a Igreja, mediante o declínio do Império, viu-se no dever se conservar a cultura heleno-hebraica, tarefa que exerceu com excelência nos mosteiros, onde os manuscritos antigos eram cuidadosamente conservados e copiados. Noutro ponto, entre as páginas 104 e 105, presenciamos a queda interna e externa de Roma, de modo que Constantino resolveu que a melhor opção para salvar a cultura clássica era investir na Igreja Cristã – “A Igreja poderia servir como um novo centro de unidade e salvar a cultura clássica e o Império.” A cidade de Constantinopla, reorganizada por Constantino em 330 d.C. - antes era conhecida como Bizâncio -, serviu como um refúgio distante para o arquivamento desse conhecimento grego preservado nos mosteiros cristãos.
              No século VII d.C. Carlos Magno, rei dos francos, fundou a primeiras escolas ocidentais da Idade Média, com o objetivo de divulgar a cultura greco-romana, cujos resquícios haviam sido preservados e enclausurados nos mosteiros. Mas foi no século XI que uma das maiores revoluções se sucedeu: a fundação da primeira universidade, no caso para o estudo do direito, da medicina e da teologia, em Salerno, Itália, com base nas escolas episcopais – seus estudos baseavam-se, sobretudo, em trabalhos de médicos gregos e árabes e seus alunos aprendiam a dissecar corpos, no caso de porcos. As universidades, organizadas pela Igreja, contavam com o auxílio de professores essencialmente franciscanos (embasados essencialmente nas ideias de Agostinho) e dominicanos (mais dedicados à ciência e ao pensamento aristotélico) – esse é o berço da escolástica, ou seja: associação da teologia cristã com o aristotelismo e platonismo. Com base nisso, podemos perceber que a Igreja, em sua expansão numa Europa dominada por bárbaros, carregava consigo a cultura e o conhecimento clássico greco-romano, influenciando intelectualmente as regiões atingidas.
            De todas as universidades, a mais influente ficava em Bolonha, norte da Itália. Inicialmente era especializada em Direito Civil e Canônico. Paris também tinha uma universidade influente, supervisionada pela Catedral de Notre Dame, instruía em Teologia, Direito, Medicina e Artes – grandes eruditos como Anselmo de Bec, Pedro Abelardo, Pedro Lombardo, Alberto Magno, Duns Scot e Tomás de Aquino ali lecionaram e estudaram. Outra universidade famosa foi a de Salamanca (fundada em 1243 d.C.). Nesse período Oxford já possuía uma universidade famosa, capaz de competir com Paris na área de Teologia. Praga também teve a sua universidade, fundada em 1348, assim como a Cracóvia, 16 anos depois. Os centros de estudo, nesse período, já eram de cunho internacional: alunos vinham de todas as partes da Europa para estudar nas universidades mais poderosas. Com o tempo, a universidade tornou-se sinônimo de civilização cristã – e vale lembrar que a Reforma Protestante brotou, inclusive, do meio universitário.
               Anselmo (1033-1109 d.C.), arcebispo de Cantuária no final do século XI, tem como marco o seu argumento ontológico, em que busca provar a existência de Deus. Também formulou teses importantes sobre a morte de Cristo na cruz.
               O italiano Tomás de Aquino (nascido em 1227 d.C.), frade da ordem dominicana, foi responsável pela introdução das obras de Aristóteles na Igreja. Sua obra mais importante foi a Suma Teológica, em que revê a teologia cristã sob os princípios aristotélicos, reforçando que cabe à razão classificar o mundo para entendê-lo.
         Da ordem franciscana temos o padre Roger Bacon (nascido em 1214 d.C., na Inglaterra), reconhecido por Doctor Mirabilis como o precursor do espírito científico no pensamento moderno. “Estudioso de óptica, a principal importância de Bacon para a filosofia está em sua defesa da matemática para a fundamentação da ciência natural”, afirma o professor da PUC/SP.
         Fonte geral: Os Cristãos, Tim Dowley, pgs 50 e 72; Coleção Grandes Guerras, Aventuras na História, Guerras Medievais, 8ª Edição, Novembro de 2005, Edit. Abril, pg 52; Uma Breve História do Cristianismo, Geoffrey Blainey, pgs 121-122.
          As bases cristãs do Renascimento: os muçulmanos sitiaram Constantinopla três vezes entre 670 e 718 d.C., de modo que um número grande de eruditos orientais fugiram da maior cidade cristã do mundo para Roma, onde apresentaram aos ocidentais seu conhecimento de teologia grega. O fluxo constante de eruditos orientais para o Ocidente, intenso no século XV, antes de Constantinopla cair em 1453 d.C., semeou o Ocidente com uma série de manuscritos do pensamento grego que haviam sido preservados.
        A influência cristã para o Iluminismo: o movimento pietista, que surgiu como uma reforma religiosa dentro do luteranismo alemão no século XII, dando mais importância ao indivíduo e sua busca individual por Deus, ajudou a preparar o homem ocidental para o pensamento secular do Iluminismo que, ironicamente, mais prejudicou a Igreja do que ajudou.
           Fonte: Os Cristãos, Tim Dowley, pgs 50, 103, 129-132.
        Para os que afirmam que a Igreja pregava que a Terra é achatada, e não arredondada, existe um famoso mapa-múndi de 1290 d.C., na catedral de Hereford, Inglaterra, que apresenta o globo terrestre de forma surpreendentemente redonda. Isso extraí da Revista BBC História, Idade Média, Edição 4, pg 11.
          A mesma revista, BBC História, 4ª Edição, pg 11, também levanta alguns posicionamentos científicos do mundo medieval que, ao contrário do que é pregado por alguns atualmente, não procurava explicar tudo com base na fé, havendo interesse científico, embora, geralmente se associasse a observação ao caráter religioso. Em termos biológicos, os estudiosos medievais criaram livros onde catalogavam as espécies e raças conhecidas, tidos hoje como bestiários, que misturavam descrições ricamente detalhadas sobre a fisionomia e o comportamento das criaturas, com algumas concepções filosóficas e teológicas – não raramente se procurava extrair do comportamento bestial lições para a vida com Deus. Segundo o estudo da BBC, “esses são importantes antecessores dos estudos científicos nos campos da Zoologia e Ciências Naturais”. Essa percepção racional, mas temperada de religião, percebe-se num dizer de Oliver de Paderbon, na Crônica da Cruzada, de 1220 d.C.: “pouco depois de chegarmos, houve um eclipse da lua. Isso acontece devido a causas naturais na época da lua cheia. Mas, como o Senhor diz que ‘deve haver sinais no sol e na lua’, interpretamos esse eclipse como desfavorável ao inimigo”.
             Ao contrário do que muitos alegam, na Idade Média houve desenvolvimento, não somente científico e artístico, mas em engenharia. Dois exemplos disso são a invenção do relógio e da prensa de tipografia. O primeiro invento foi tido em 850 d.C. por Pacífico, arcebispo de Verona –um clérigo. O relógio mecânico de Pacífico consistia numa série de engrenagens movidas por pesos. Em 1410, o arquiteto Fillipo Brunelleschi construiu relógios movidos por uma mola espiral e, com base neles, em 1510, o serralheiro alemão Peter Henlein, criou os primeiros relógios portáteis. O segundo invento, mais famoso, mas igualmente importante, é fruto do trabalho de Johannes Gutenberg, que criou uma prensa de metais móveis, que veio a revolucionar a tipografia, em 1438, na cidade de Estrasburgo, França. Mesmo tendo algo semelhante na China do século XI, o invento de Gutenberg era mais sofisticado, suportando mais tempo de uso e com maior capacidade de retenção de tinta – além de criar essa prensa, ele também criou uma tinta especial, com base em óleo. O primeiro livro impresso foi a Bíblia Sagrada – e uma revolução intelectual se alastrou pela Europa, pois inúmeros livros puderam ser impressos e os mesmos ficaram bem mais baratos. Fonte: Coleção Grandes Guerras, Aventuras na História, Edição 8, Guerras Medievais, pg 53.
          Natanael Pedro Castoldi

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