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O Certo e o Errado, a Desobediência e a Sexualidade Humana

Vivemos em um ambiente de liberdade de expressão e, portanto, considero legítimo esclarecer alguns pontos que para mim, Natanael Pedro Castoldi, são relevantes para uma melhor compreensão do que a Bíblia fala sobre a sexualidade humana e o que é Certo e Errado. Farei uso de um capítulo de um extenso trabalho sobre a simplicidade e coerência da fé cristã que tenho escrito - espero que se leia o texto inteiro e que se critique de mente-aberta e com um contra-argumento convincente. É importante que todos entendam, críticos e cristãos, alguns dos motivos que levam a Bíblia a criticar certos comportamentos sexuais, através de um padrão de moralidade que serve para as demais questões. O texto é longo, pois é impossível tratar de assuntos tão delicados sem ser cuidadoso - espero paciência e compreensão. Leia e tire as suas próprias conclusões.

Deus é o criador da Vida e a vida depende da ação intelectual nos seus fundamentos para existir – portanto, o Deus criador da Vida é maior do que ela, sendo o Deus Vivo e, por conclusão, cooperador absoluto da Vida. Aquilo que Deus pede, tanto no sentido de nos disciplinar, quanto no sentido de nos levar a preservar o mundo derredor, quanto no sentido de estreitar nosso relacionamento com Ele, aponta para a vida. Ora, se Deus é o Deus Vivo, afastar-se dEle é o mesmo que morrer e, portanto, obedecê-Lo, seja qual for Sua ordem, é viver – lembrando que Ele pode nos pedir coisas não tão lógicas assim, apenas para testar nossa fé e amor por Ele e moldar nosso caráter. Com base nesse raciocínio, o Pecado significa afastar-se da Vida e das ordenanças que cooperam com a preservação da mesma – nesse sentido, preservar a minha vida – 1 Coríntios 6:10 -, preservar a vida do próximo – Lucas 3:11 - e preservar o ambiente em que habitamos – Gênesis 2:15, Provérbios 12:10 - é agradável ao Deus Vivo e, portanto, nos aproxima dEle, da mesma forma que  a destruição do eu físico, moral e espiritual, do próximo e do ambiente comum caracteriza pecado, de modo que destrói a vida, que o Criador tanto ama. Parece que a definição mais básica e óbvia de Certo e Errado reside nisso. Mas isso não é tudo.

No ambiente de livre-arbítrio o homem tende a dar mais ênfase a determinadas coisas do que outras, conforme as suas preferências, algo que, promovendo o desequilíbrio, criando a desordem, tende a produzir destruição. Todos os excessos cobram preços altos – exceto o excesso de amor. “Aquele que vive pela espada, por ela morrerá”, Mateus 27:52. O ser humano, carnal, tem uma tendência natural de se afastar de Deus e de se enveredar em excessos da carne, tanto na área gastronômica, o que envolve o consumo exacerbado de álcool, quanto na área sexual. Sabemos que o vício em comida traz sérias complicações de saúde, sabemos que o consumo descontrolado de álcool e outras drogas aniquila os neurônios, arrebenta alguns órgãos e humilha o indivíduo e sabemos de toda a destruição psicológica e física, em termos de doenças, que excessos sexuais acarretam – isso tudo é muito evidente. Deus, perfeito, planejou um cenário controlado, com tudo no seu devido lugar, mas o homem, sem o Criador e fazendo o que pensa ser lícito – Juízes 17:6 -, deixando-se dominar pela própria natureza mortífera – Gênesis 4:7 -, tende ao suicídio – é aqui que entra o clamor cristão pela disciplina, pela privação, pelo autocontrole – Colossenses 3:5.

A verdade é que os primeiros capítulos de Gênesis já nos dão amplo parâmetro sobre contra o que devemos lutar em nós: Adão e Eva pecaram pelo orgulho, pois desejaram ser iguais a Deus e Caim matou Abel pela inveja, querendo possuir aquilo que seu irmão tinha ou, pelo menos, tirá-lo do jogo, podendo, assim, continuar catando umas plantinhas por aí para oferecer a Deus, sem ter que se envergonhar diante do maior esforço do pastor da família. Em Adão e Eva vemos o interesse de tirar o Criador do caminho, para o engrandecimento do EU, isso regendo-se pelo caminho mais apetitoso, mais fisicamente agradável – Gênesis 3:6. Em Caim vemos uma outra forma de orgulho, “ninguém pode me superar”, isso aliado ao interesse pessoal no comodismo e no preservar do melhor para si mesmo, daquilo que melhor satisfaz a “carne”. A verdade é que quando a Bíblia nos incentiva a lutar contra o Pecado, ela está nos estimulando a enfrentar a nossa herança adâmica, a procurar pela aniquilação da Maldição do Éden, o destronar da minha vontade carnal, dos meus anseios de extremo ganho pessoal, de domínio sobre a minha própria vida, de crescimento destruindo os próximos, de busca pelo prazer, pelo comodismo, pelo que é melhor pra mim, pelo apetecer dos desejos desequilibrados de meu corpo imperfeito, de minha mente viciada, de meu espírito corrompido, de meu interior vazio, que ardentemente busca por preenchimento e distração – nós não queremos refletir sobre nossa angustiante natureza terminal. O fato é que todos os pecados são variações do orgulho, o senso de autossuficiência, a luta insana por satisfação da carne – e é isso que temos que dominar, controlar, subjugar.

Podemos tomar o Éden de antes da Queda como primeiro parâmetro de análise do que devemos ser, pois aí havia perfeição – Gênesis 1:31. A relação do homem com a natureza era de cooperação: o ser intelectual, semelhante ao Criador, tinha o papel de proteger o que havia sido plantado no Jardim – Gênesis 2:15 -, enquanto tomaria da fartura para o seu sustento – Gênesis 2:16. Primeiramente Deus criou Adão e sobre a sua anatomia original há muita especulação – mas imagino que ele já era homem completo, de modo que o Pai apenas esperou Adão pedir-lhe, por solidão e necessidade, por uma mulher, alguém como ele, mas que não fosse apenas uma companhia, já que, analisando macho e fêmea entre os animais, o primeiro homem queria, necessitava reproduzir-se – Gênesis 2:20-22. Nesse sentido o padrão de Deus para a relação sexual se dá entre macho e fêmea, entre seres de gêneros diferentes e que sejam capazes de gerar descendentes – Gênesis 1:22 (não desista da leitura, o cerne do argumento está mais adiante). A verdade é que o prazer sexual nunca esteve no centro do ato, servindo este (o prazer) mais como um estímulo para o povoamento do mundo, a preservação da humanidade e da descendência, e para estreitar os laços do casal, beneficiando toda a instituição familiar, do que como o fim – Éden significa “prazer” e, portanto, o objetivo de Deus, no equilíbrio almejado, era ter o homem buscando prazer na natureza exuberante, nos tesouros da Criação, no relacionamento com Ele, na amizade com seus próximos e, também, na relação sexual, evitando, com isso, que o aspecto sexual se tornasse o centro da busca por prazer. Podemos lembrar do Mundo Ocidental que, na atualidade, entronizou o sexo como a “plenitude”, o “objetivo”, o “ápice” da experiência humana, provocando todo o tipo de distúrbio, vício e doença. 

Outro método de garantir a saúde sexual, preservando a família e a condição física, emocional e espiritual do casal, foi a instituição da monogamia. Havia limites para o sexo: somente poderia ser praticado entre um homem e uma mulher maduros e independentes, sob a bênção divina – “casamento” se trata da união heterossexual monogâmica tida, diante de Deus, por um homem e uma mulher com certo grau de maturidade e independência, sendo este o berço da relação sexual, para que o eventual nascimento de uma criança se dê em um ambiente preparado para recebê-la e, portanto, sexo fora ou antes do casamento se constitui pecado. O homem deveria escolher uma mulher e só relacionar-se sexualmente com ela durante toda a vida – e vice-e-versa. Esse nível de intimidade, de ligação emocional, física e espiritual, só poderia ser partilhado com uma única pessoa e durante a caminhada da vida toda, num contexto de amor, companheirismo e amizade. Todos sabem da destruição emocional, dos traumas, que términos de relacionamentos íntimos provocam, isso sem contar com atos de traição.

Em suma, segundo o padrão do Éden nunca devemos unir-nos a alguém com objetivos sexuais embasados no puro prazer. O prazer está na natureza, está em Deus. Só podemos nos unir sexualmente com alguém que realmente amamos, com quem desenvolvemos uma amizade profunda, que nos acompanha na caminhada com o Criador e com quem desejamos constituir uma família. Em uma situação de equilíbrio, com o homem seguro de sua identidade, com estado físico, emocional e espiritual saudável, é natural que as coisas se orientem dessa forma. 

Quando há uma união incapaz de gerar vida, descendência, o que existe no sexo é apenas o interesse pelo prazer, em despeito dos outros prazeres que o mundo que nos cerca dispõe, em despeito do prazer que o próprio Deus pode produzir em nós, de modo que o sexo toma um patamar perigoso, coloca-se no centro da existência e, portanto, passa a prejudicar o homem no sentido físico –doenças contagiosas-, psicológico –carência de sentido- e espiritual –descumprir do padrão divino-, sem esquecer do atentado ao próprio conceito de sobrevivência, que é a reprodução. Essa questão é tão importante para Deus que, ao longo do Antigo Testamento, fez questão de separar bem os gêneros, para a formação de homens e mulheres bem definidos. Assim como o homem, escolhendo uma só mulher, não poderá ter prazer sexual com nenhuma outra, mesmo havendo interesse instintivo, o homem que não quiser ter relações sexuais com mulheres, por exemplo, simplesmente deverá se abster de sexo e procurar prazer em outras fontes. Uma vez que esse padrão foi estabelecido e ordenado, transgredi-lo, por si só, é pecado. Gênesis 2:18 e 22-25.

Vejamos mais algumas implicações da prática do sexo somente pelo prazer e do prazer sexual como fonte máxima da alegria e satisfação: quando o sexo pelo prazer está no centro, a infidelidade conjugal cresce, de modo que o indivíduo sedento se permite dominar pelas oportunidades de relações extraconjugais. Também há um aumento no número de divórcios, pelo interesse em experimentar “novas sensações”, ou a diminuição do número de casamentos, para ter a liberdade de ter relações sexuais com qualquer um. A traição do cônjuge também pode ocorrer quando, pela idade, o parceiro se torna menos atraente ou de alguma forma se vê impossibilitado psicológica e/ou fisicamente, isso tudo sem contar com os casos em que a rotina e a falta de “emoções” impulsionam o marido ou a mulher a procurar algo “diferente”. Quando o indivíduo cresce sendo doutrinado a dar prioridade ao prazer do sexo, inicia a sua vida sexual cedo demais – sendo vulnerável pela imaturidade, o que pode facilitar a disseminação de doenças e a gravidez -, futuramente pode dar espaço para a pedofilia, incesto e outros abusos, o que inclui o estupro e, nalguns casos mais dramáticos, praticar abominações como a zoofilia, entre outras. O aborto, infanticídio, também se torna opção, uma vez que o sexo foi planejado apenas para dar prazer - sabemos dos distúrbios que surgem em mulheres que abortam. Há uma série de traumas que podem se abater sobre os filhos e o casal mediante traições ou divórcios, há uma série de traumas que podem se abater nas crianças quando vítimas de pedofilia, há uma série de doenças e complicações que podem se disseminar quando o ato sexual é praticado sem limites. Alguns podem dizer que isso “nada tem com as relações entre pessoas do mesmo sexo”, mas tem, pois aqui também se alimenta a exclusiva busca pelo prazer no ato que comentamos – e é contra essa e outras práticas contrárias ao instinto de sobrevivência que Deus se manifesta, como proteção à vida, à moral, à integridade física, psicológica e espiritual dos seres humanos, além, é claro, como forma de proteger o Seu Projeto Original – Romanos 1:21-28.
Mas e se algum pecado for genético? O Pecado, como condição humana, de certo modo é genético, transmitido de geração em geração, mas isso não nos impossibilita de lutar contra a nossa natureza herdada. O ato de pecar, que é comer o Fruto Proibido diária e voluntariamente, também é resultado de nossa decisão – podemos dizer “não”! Gênesis 4:7. Diz-se, por exemplo, que alcoolismo é, em parte, herança genética, porém isso não significa que alguém com tal propensão necessariamente tenha que se tornar um beberrão. De qualquer forma, um dos motivos que levaram Deus a promover o Dilúvio, que varreu a humanidade, foi a depravação genética – demônios e mulheres exaltaram o sexo e produziram anomalias genéticas que, mesmo sem culpa de terem nascido assim, eram distorções do Plano Original do Criador e, por consequência, foram varridas do mapa – Gênesis 6:1-4. Sabemos que anomalias físicas já não são problemas hoje, depois de Cristo, pois no Arrebatamento todos ressurgiremos em corpos sãos e glorificados, mas se a propensão ao erro moral, mesmo que genética, for alimentada voluntariamente, restará a rejeição da parte do Criador, que foi rejeitado primeiro – lembrando que Deus excluirá não só os exaltadores do sexo, mas também os ladrões, os mentirosos, os fofoqueiros... 1 Coríntios 6:9-11.

Mas, voltado ao tópico do homossexualismo, o fato de alguém sentir desejo sexual por um indivíduo do mesmo sexo, por si só caracteriza pecado? É aqui que os opositores da moralidade bíblica nos termos de homossexualismo mais se precipitam: eles alegam que, se o homossexualismo for genético, embora não haja evidência, os homossexuais são condenados injustamente, pois lhes seria natural o desejo por alguém do mesmo gênero. A questão não é essa. O desejo, por si só, não caracteriza pecado – isso nos termos do sentir descontrolado, enveredado em sonhos ou fustigado involuntariamente sob qualquer estímulo. Diante de determinadas situações, involuntariamente desejo coisas ruins a certos indivíduos, isso simplesmente brota em minha mente carnal, coisa que, sim, é fruto da corrupção, mas como é uma atitude inconsciente, da qual me dou por conta quando minha mente já fomentou maldades, o ato de pecar não se constituiu – o real pecado é o alimentar voluntário desses pensamentos vis e, logicamente, a prática daquilo que estou sentido. Nesse sentido, o indivíduo pode estar salvo em Cristo, pela conversão e declaração da fé no Messias, mesmo sentindo impulsos sexuais antinaturais, Atos 15:11 – o detalhe é o não alimentar em pensamento tais desejos e muito menos pô-los em prática, promovendo uma autodisciplina corretiva com o auxílio do Espírito Santo, uma vez que é impossível que o incrédulo se transforme realmente antes de entregar-se a Cristo, sendo a transformação resultante da ação divina em sua vida, de sua compreensão das Escrituras e seu desejo racional, contra suas emoções e vontades carnais, de tornar-se ideal para o Criador, a quem ama e por quem é amado. Luta semelhante contra os poderes involuntários do corpo caído vemos no Apóstolo Paulo, em Romanos 7:15-25:

"Porque o que faço não o aprovo; pois o que quero isso não faço, mas o que aborreço isso faço. E, se faço o que não quero, consinto com a lei, que é boa. De maneira que agora já não sou eu que faço isto, mas o pecado que habita em mim. Porque eu sei que em mim, isto é, na minha carne, não habita bem algum; e com efeito o querer está em mim, mas não consigo realizar o bem. Porque não faço o bem que quero, mas o mal que não quero esse faço. 
Ora, se eu faço o que não quero, já o não faço eu, mas o pecado que habita em mim. Acho então esta lei em mim, que, quando quero fazer o bem, o mal está comigo. Porque, segundo o homem interior, tenho prazer na lei de Deus; mas vejo nos meus membros outra lei, que batalha contra a lei do meu entendimento, e me prende debaixo da lei do pecado que está nos meus membros. Miserável homem que eu sou! Quem me livrará do corpo desta morte? Dou graças a Deus por Jesus Cristo nosso Senhor. Assim que eu mesmo com o entendimento sirvo à lei de Deus, mas com a carne à lei do pecado." 

Possibilidade: o indivíduo que possui desejos homossexuais e pretende seguir conforme as Escrituras poderá, portanto, adotar o legítimo celibato, ou seja: evitar qualquer tipo de relação sexual. A Bíblia coloca o celibato como uma opção interessante para o exercício do serviço a Deus - 1 Coríntios 7:1.

Com base no que estudamos até então podemos entender que a Igreja não deve tentar impor preceitos cristãos na sociedade, pois só através de Cristo e do convencimento do Espírito Santo determinados conceitos serão aceitos e entendidos e poderão ser devidamente praticados. O que o cristão deve fazer é orientar o mundo não-cristão sobre os perigos de determinados comportamentos, sobre como atitudes questionáveis podem comprometer a saúde física, moral, psicológica e espiritual do indivíduo e da sociedade, também alertando sobre o fato de Deus desagradar-se com tais situações – fazendo isso mesmo que o indivíduo nem acredite no Pai, pois na hora em que vier o Dia do Juízo eles não poderão acusar os cristãos de omissão. No mais, o amor precisa ser o centro de toda a conduta cristã, o amor deve ser o motivo pela exortação ao incrédulo, o querer o seu bem, a sua transformação, o querer proteger a sociedade e preservar o máximo possível, por amor, a honra do Altíssimo Criador. Não somos maiores do que ninguém, diante de Deus só somos “alguma coisa”, pois, estranhamente, Ele nos ama. Somente isso.
Eis outro fator revolucionário no cristianismo: uma fé racional! Sim. O brotar involuntário de pensamentos vis não caracteriza pecado, o que caracteriza é o alimentar desses pensamentos e a sua prática. A fé cristã não se delimita por um cercadinho de leis e regras irracionais, determinadas por caprichos divinos e garantidas por um “deus carrasco” – não é apenas um seguir irracional de um cronograma de culto, de uma série de rituais com forma, hora e tempo determinados, não! Assim como o sentir involuntário não se faz pecado, mas apenas um grito da “carne” sedenta, o comportamento de obediência em aparência e forma, mas sem a disposição do coração e o entendimento da situação, caracteriza-se em transgressão. O cristianismo, nesse sentido, pouco pode ser considerado como “religião”, pois não possui nenhum ritual, nenhuma forma de culto, nenhum lugar, vestimenta, mantra, nada realmente determinado como alicerce material sobre o qual o Deus Eterno se assentará durante o teatro – o que o faz diferente de todas as religiões. Cristianismo é relacionamento com Deus, com a Pessoa que é Jesus, e até mesmo os dois únicos “sacramentos” ordenados por Cristo, Batismo – Marcos 1:8 - e Ceia do Senhor – 1 Coríntios 11:23-26 -, não se tratam de concretizações de realidades espirituais, não se tratam de formas de o homem chegar ao Criador – Efésios 2:8 -, mas, apenas, de demonstrações externas de uma realidade que já reside no coração do fiel, no caso do Batismo e da Ceia, e de uma forma de lembrar do que Cristo fez por nós, no caso da Ceia – são demonstrações externas do que é interno, logo, se o cristão se negar a fazê-lo podemos duvidar da veracidade de sua conversão na Nova Criação – Marcos 10:33.

- Mantras não agradam a Deus: E, orando, não useis de vãs repetições, como os gentios, que pensam que por muito falarem serão ouvidos. Mateus 6:7
- Não existe local determinado para o culto a Deus: Disse-lhe Jesus: Mulher, crê-me que a hora vem, em que nem neste monte nem em Jerusalém adorareis o Pai. (...) Mas a hora vem, e agora é, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade; porque o Pai procura a tais que assim o adorem. João 4:21-23 | Porque, onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, aí estou eu no meio deles. Mateus 18:20
- Não há objeto algum que, por si só, nos aproxime de Deus: Sendo nós, pois, geração de Deus, não havemos de cuidar que a divindade seja semelhante ao ouro, ou à prata, ou à pedra esculpida por artifício e imaginação dos homens. Atos 17:29
- O cristão, como indivíduo, é o Templo de Deus: Ou não sabeis que o vosso corpo é o templo do Espírito Santo, que habita em vós, proveniente de Deus, e que não sois de vós mesmos? 1 Coríntios 6:19
- Não há ninguém, além de Deus em Cristo, que faça intermédio entre o cristão e o Criador: Porque há um só Deus, e um só Mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo homem. 1 Timóteo 2:5
- Deus nos aceita e isso não depende de nossa origem: Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei. Mateus 11:28 | Nisto não há judeu nem grego; não há servo nem livre; não há macho nem fêmea; porque todos vós sois um em Cristo Jesus.  Gálatas 3:28
- O reino de Deus não é aparência, é coração: E, interrogado pelos fariseus sobre quando havia de vir o reino de Deus, respondeu-lhes, e disse: O reino de Deus não vem com aparência exterior. Lucas 17:20
- Rituais irracionais não agradam a Deus: Que farei, pois? Orarei com o espírito, mas também orarei com o entendimento; cantarei com o espírito, mas também cantarei com o entendimento. De outra maneira, se tu bendisseres com o espírito, como dirá o que ocupa o lugar de indouto, o Amém, sobre a tua ação de graças, visto que não sabe o que dizes? 1 Coríntios 14:15-16 | E, correndo Filipe, ouviu que lia o profeta Isaías, e disse: Entendes tu o que lês? Atos 8:30
- Deus não é privilégio dos maiores intelectuais: Naquele tempo, respondendo Jesus, disse: Graças te dou, ó Pai, Senhor do céu e da terra, que ocultaste estas coisas aos sábios e entendidos, e as revelaste aos pequeninos. Mateus 11:25 | Se, pois, estais mortos com Cristo quanto aos rudimentos do mundo, por que vos carregam ainda de ordenanças, como se vivêsseis no mundo, tais como: Não toques, não proves, não manuseies? As quais coisas todas perecem pelo uso, segundo os preceitos e doutrinas dos homens; as quais têm, na verdade, alguma aparência de sabedoria, em devoção voluntária, humildade, e em disciplina do corpo, mas não são de valor algum senão para a satisfação da carne. Colossenses 2:20-23
- O melhor sacrifício para Deus é o próprio cristão, que reduz o seu “eu”: Rogo-vos, pois, irmãos, pela compaixão de Deus, que apresenteis os vossos corpos em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional. Romanos 12:1 | É necessário que ele cresça e que eu diminua. João 3:30
- O muito fazer, estando em pecado, não agrada a Deus: Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus. Muitos me dirão naquele dia: Senhor, Senhor, não profetizamos nós em teu nome? E em teu nome não expulsamos demônios? E em teu nome não fizemos muitas maravilhas? E então lhes direi abertamente: Nunca vos conheci; apartai-vos de mim, vós que praticais a iniquidade. Mateus 7:21-23
Resumindo: o cristianismo é pura e simplesmente o relacionamento do cristão com Deus, isso através de Cristo – mas um relacionamento de verdade, movido pela liberdade de forma, pela liberdade de expressão, pelo conhecimento, pela razão, pela dedicação do “eu”, pelo amor. É dessa forma que o cristão mantém a intimidade com o Eterno, vivendo parcialmente o plano de intimidade do Projeto Original do Éden e uma prévia daquilo que voltará a se desenvolver quando o Mal for aniquilado em definitivo. Certo, mas quais o meios pelos quais mantenho essa livre amizade com Deus? Vejamos:

- Tenho a liberdade de conversar com Deus: Orai sem cessar. 1 Tessalonicenses 5:17. Ora, qual seria a forma de se comunicar com um Ser relacional, porém habitante doutro patamar, senão através da expressão em pensamento ou palavra audível em forma de oração? Com o Espírito Santo em nosso coração e Cristo nos intermediando perante o Pai, certamente nossas palavras chegarão até Ele – e isso é essencial para aprofundar o relacionamento com o Criador, alimentar a vida espiritual, sentí-Lo e conhecê-Lo melhor.
- Deus se relevou pela Palavra: E que desde a tua meninice sabes as sagradas Escrituras, que podem fazer-te sábio para a salvação, pela fé que há em Cristo Jesus. 2 Timóteo 3:15. Como Deus é um Ser inacessível ao homem comum, não há instância humana que possa estudá-Lo para além daquilo que Ele mesmo revela sobre Si mesmo – e tal revelação está contida na Bíblia. Deus é Aquele que inspirou a confecção das Sagradas Escrituras e o Espírito Santo em nós produz o ambiente de compreensão necessário para aprofundarmos nosso conhecimento de Deus através da leitura.
- Comunhão com outros cristãos: Porque, assim como o corpo é um, e tem muitos membros, e todos os membros, sendo muitos, são um só corpo, assim é Cristo também. 1 Coríntios 12:12 | Ora, vós sois o corpo de Cristo, e seus membros em particular. 1 Coríntios 12:27 | Jesus, porém, conhecendo os seus pensamentos, disse-lhes: Todo o reino dividido contra si mesmo é devastado; e toda a cidade, ou casa, dividida contra si mesma não subsistirá. Mateus 12:25 | Para que os seus corações sejam consolados, e estejam unidos em amor, e enriquecidos da plenitude da inteligência, para conhecimento do mistério de Deus e Pai, e de Cristo, em quem estão escondidos todos os tesouros da sabedoria e da ciência. Colossenses 2:2-3. Igreja significa “assembléia”, ou seja, “reunião dos crentes”. A Igreja é o Corpo de Cristo, ou seja, Cristo se desenvolve atualmente no mundo através da “união dos cristãos”, ligados física – Atos 2:44-46 - e emocionalmente – Romanos 15:5 - pelo contato, ligados racionalmente por Jesus - 1 Coríntios 1:10 - e ligados espiritualmente pelo Espírito Santo – João 14:26, de modo que não há Cristo fora da Igreja e, portanto, não há Cristo em supostos cristãos que vivem distantes da Assembléia dos Crentes. É na Igreja que o Espírito Santo se desenvolve – Gálatas 5:22-25 - e os dons se aperfeiçoam – 1 Coríntios 12:3-10. A Igreja também tem um privilégio especial diante do Filho, como se lê em Mateus 16:18-19. No mais, é mais do que necessário que o cristão tenha com quem se aconselhar, em quem buscar apoio e recursos e com quem partilhar a amizade e uma mesma mentalidade.

A questão sobre certo e errado vai ainda mais além. Deus estabeleceu, sim, um padrão inegociável de Certo e Errado embasado naquilo que coopera com a vida ou a destrói – se eu me enveredo em vícios, estou destruindo-me e colocando algo acima do Deus Vivo em meu coração, de modo que peco; se eu cometo adultério com outra pessoa, levando-a à impureza e confusão física, psicológica e espiritual, peco pela destruição da minha vida e da vida do próximo. É absoluta a determinação de que impurezas sexuais – sexo como centro da vida, o que inclui a esfera dos pensamentos; suicídio gradativo -, vícios – o que inclui sexo e idolatria; suicídio gradativo -, idolatrias – tirar Deus do centro; suicídio gradativo -, mentiras, roubos e assassinatos – homicídio imediato – e outras questões nitidamente vis, se caracterizam pecado, pois ferem a essência: domínio do “eu” em prol da minha vida e da vida do próximo e do temor do Deus Vivo. Há, porém, questões tangenciais referentes à aparência que são mais relativas - e é aqui que o pecado é ou não é, conforme a consciência do cristão.

Cristianismo é caráter, como já vimos, onde a disposição de nosso coração diante daquilo que é lícito, sela nossas atitudes como aceitáveis ou não. Com base nesse raciocínio, com base no fato de Deus desejar nutrir um relacionamento racionalmente compreensível conosco, há coisas que o cristão faz, mas por fazer contrariado peca – se eu entendo que algo a ser feito é errado e mesmo assim faço, mesmo que a questão em si não necessariamente caracterize transgressão, eu estou pecando, pois atento contra a minha consciência, ou seja: “entendo ser errado e faço mesmo assim”. Podemos exemplificar a questão com o ouvir de música secular, ou não-cristã: eu entendo que, se a música não traz mensagens anticristãs e não enalteça pecados, posso ouví-la, de modo que se eu fizer dessa forma não pecarei, pois pratico aquilo que, segundo meu entendimento, é veraz, porém, se eu porventura compreendesse que a música secular é vil e ainda assim ouvir sons desse tipo, estarei pecando, já que vou contra aquilo que, segundo meu entendimento, é veraz. Deus não se importa tanto com as formas, mas como os homens se importam, Ele releva aquilo que praticarmos segundo as nossas compreensões. Vale lembrar que usar essa verdade para relativizar a questão do pecado, indo contra a consciência, por si só já caracteriza transgressão. Alguns textos bíblicos cabem bem aqui:

- Podemos usufruir de muitas coisas, cuidando para não escandalizar os outros: Comei de tudo quanto se vende no açougue, sem perguntar nada, por causa da consciência. Porque a terra é do Senhor e toda a sua plenitude. E, se algum dos infiéis vos convidar, e quiserdes ir, comei de tudo o que se puser diante de vós, sem nada perguntar, por causa da consciência. Mas, se alguém vos disser: Isto foi sacrificado aos ídolos, não comais, por causa daquele que vos advertiu e por causa da consciência; porque a terra é do Senhor, e toda a sua plenitude. 1 Coríntios 10:25-28
- Questões de dieta não precisam nos limitar: E viu o céu aberto, e que descia um vaso, como se fosse um grande lençol atado pelas quatro pontas, e vindo para a terra. No qual havia de todos os animais quadrúpedes e répteis da terra, e aves do céu. E foi-lhe dirigida uma voz: Levanta-te, Pedro, mata e come. Mas Pedro disse: De modo nenhum, Senhor, porque nunca comi coisa alguma comum e imunda. E segunda vez lhe disse a voz: Não faças tu comum ao que Deus purificou.  Atos 10:11-15 - Para o que entende ser errado, é errado: Eu sei, e estou certo no Senhor Jesus, que nenhuma coisa é de si mesma imunda, a não ser para aquele que a tem por imunda; para esse é imunda. Romanos 14:14
- As questões de “aparência” não são muito importantes: Porque um crê que de tudo se pode comer, e outro, que é fraco, come legumes. O que come não despreze o que não come; e o que não come, não julgue o que come; porque Deus o recebeu por seu. Romanos 14:2-3 | Um faz diferença entre dia e dia, mas outro julga iguais todos os dias. Cada um esteja inteiramente seguro em sua própria mente. Aquele que faz caso do dia, para o Senhor o faz e o que não faz caso do dia para o Senhor o não faz. O que come, para o Senhor come, porque dá graças a Deus; e o que não come, para o Senhor não come, e dá graças a Deus. Porque nenhum de nós vive para si, e nenhum morre para si. Porque, se vivemos, para o Senhor vivemos; se morremos, para o Senhor morremos. De sorte que, ou vivamos ou morramos, somos do Senhor. Romanos 14:5-8 | Porque o reino de Deus não é comida nem bebida, mas justiça, e paz, e alegria no Espírito Santo. Romanos 14:17
- Limites: Todas as coisas me são lícitas, mas nem todas as coisas convêm; todas as coisas me são lícitas, mas nem todas as coisas edificam. 1 Coríntios 10:23 | Todas as coisas me são lícitas, mas nem todas as coisas convêm. Todas as coisas me são lícitas, mas eu não me deixarei dominar por nenhuma. 1 Coríntios 6:12 | Prometendo-lhes liberdade, sendo eles mesmos servos da corrupção. Porque de quem alguém é vencido, do tal faz-se também servo.  2 Pedro 2:19 | E qualquer que escandalizar um destes pequeninos que creem em mim, melhor lhe fora que lhe pusessem ao pescoço uma mó de atafona, e que fosse lançado no mar. Marcos 9:42 | Quem não é comigo é contra mim; e quem comigo não ajunta, espalha. Mateus 12:30. Um detalhe importantíssimo da fé cristã: há coisas que não ferem a minha consciência individual, porém podem escandalizar ou fazer cair aquele que pensa diferente ou é mais imaturo – nesse caso, peco quando promovo escândalos desnecessários ou a queda dos mais fracos em troca de um comportamento questionável no lugar e na hora errada, em troca de um luxo pessoal que é menos importante que a consciência e a salvação dos próximos.
- A mentalidade ideal: Reconhece-o em todos os teus caminhos, e ele endireitará as tuas veredas. Não sejas sábio a teus próprios olhos; teme ao SENHOR e aparta-te do mal. Provérbios 3:6-7 | Honra ao SENHOR com os teus bens, e com a primeira parte de todos os teus ganhos. Provérbios 3:9 | Não sejais vagarosos no cuidado; sede fervorosos no espírito, servindo ao Senhor. Romanos 12:11 | Não te deixes vencer do mal, mas vence o mal com o bem. Romanos 12:21 | Pensai nas coisas que são de cima, e não nas que são da terra. Colossenses 3:2 | Quanto ao mais, irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é honesto, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se há alguma virtude, e se há algum louvor, nisso pensai. Filipenses 4:8 | E tudo quanto fizerdes, fazei-o de todo o coração, como ao Senhor, e não aos homens.  Colossenses 3:23 | Portanto, quer comais quer bebais, ou façais outra qualquer coisa, fazei tudo para glória de Deus. 1 Coríntios 10:31. Quando eu tenho em mente a cooperação com as coisas do Reino de Deus, facilmente me comportarei de modo planejado e regrado para o bem da Igreja, da sociedade e de mim mesmo.

Qual é o risco de não obedecer?
Já vimos as questões sobre Livre-Arbítrio, mas e o cristão, o que lhe acontece caso volte a viver em pecado? Há algum risco ou, uma vez em Cristo, qualquer coisa ele pode fazer?! Sobre isso é importante levantarmos alguns pontos.

1 - A obediência é a demonstração de uma realidade interior: como já comentamos, a prática de obras externas revela a realidade do coração. Se o cristão é, de fato, cristão, as suas obras demonstrarão tal verdade – Mateus 3:8 e 7:20.
2 – O amor, que brota de Deus no cristão, o impulsiona: quando o cristão é verdade e ama a Deus e ao próximo ardentemente, irá praticar boas obras não por obrigação, mas por amor, com prazer - Tiago 1:27.
3 – A obediência demonstra o interesse que o cristão nutre por Cristo – se o interesse for demasiado pouco, temos a evidência de sua falta de amor pelo Altíssimo, João 14:21.
4 – O cristão faz-se relevante ao mundo pela pregação e pelas obras: atingir os que não conhecem a Cristo não é fácil somente falando – uma vida reta, íntegra e construtiva é um chamariz para os perdidos e valida a palavra dita – Romanos 15:18; 1 João 3:18.
5 – O sim para Cristo é um sim integral, de mente e de atitude: quando nos entregamos a Cristo o temos como Salvador, mas também como Senhor, a quem devemos obediência – Mateus 5:37.
6 – Ou o cristão contribui em obediência, ou não está em Cristo: no Reino de Deus só podemos nos encontrar em Cristo, a Videira, quando cooperamos com a Sua vontade – João 14:21 e 15:2 e 14.
7 – A obediência garante a permanência: a Salvação é pela fé, Cristo nos é Salvador através do crer e entregar, sem obras, porém, quando Cristo passa a ser Senhor, a obediência ao que Ele ordena é fator determinante para a perseverança no Seu Reino – Hebreus 6:4-6, 10:26-27 e 39; João 6:56; 2 Pedro 2:20-22; 1 Timóteo 1:19; Romanos 11:22-23. Ainda assim, não podemos achar que nossa obediência é grande coisa, pois Deus tem o direito de nos destruir desde a Queda e só nos aceita por amor – Lucas 17:10.
8 – O afastamento do Criador, quando o indivíduo nega o Espírito Santo e repudia o sacrifício de Cristo, crucificando-O novamente ao voltar para a realidade do Primeiro Adão, se dá através de uma vida regada à pecados, não com o simples ato de cair nalgumas tentações de tempos em tempos, nesse segundo caso, temos em Jesus o perdão pela transgressão – 1 João 2:1.

Conclusão:
1 - Existe, por lógica, uma padrão moral estabelecido e que coopera com a Vida, o Ideal.
2 - Deus estabeleceu com rigidez princípios de vida capazes de aproximar e preservar o Ideal.
3 - Quebrar esses princípios é desobedecer a Deus.
4 - Deus é o Deus Vivo e desobedecê-Lo, portanto, é ir contra o Ideal.
5 - Desobedecer a Deus é afastar-se dEle e afastar-se dEle é aproximar-se da Morte.

Natanael Pedro Castoldi

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