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O Testemunho Ocular do Evangelho de João

Ler e escrever sobre apologética cristã é, verdadeiramente, gratificante. Enquanto a superfície do debate (leigo) religioso, filosófico e científico estremece com um turbilhão de acusações, pressuposições, ofensas e todo o tipo de alegação furada contra o cristianismo, prossigo tranquilo, encontrando as respostas de que preciso e solucionando os problemas a mim sugeridos. O fato é que, na tranquilidade, na paciência do pesquisador (é claro que com algum desprendimento financeiro para adquirir o material necessário), ainda não me deparei com nenhuma "incoerência da fé cristã" que não encontre a sua resposta naquilo que já foi pensado e publicado pela vastíssima multidão de intelectuais cristãos que trabalham na defesa da fé há dois milênios. A sensação que dá é a de que todo a guerra de ideias e ataques morais que se desenrola continuamente no mundo acadêmico e, principalmente, nos antros da internet, com relação ao cristianismo, parte do duvidoso para acabar em lugar nenhum - nada passa de uma grosseira perda de tempo, incoerente e vazia do início ao fim, totalmente baseada em distorções e mentiras.

De fato, toda a energia gasta nesse conflito superficial, movido pela vaidade, seria suficiente e melhor empregada num aprofundamento em pesquisa, na seleção honesta do material e na verificação dos argumentos e da resposta da oposição, isso através de uma calma, centrada e isenta análise dos fatos - aí sairíamos desse limbo criativo, finalmente abandonaríamos as acusações e respostas que são desferidas há milênios, e finalmente avançaríamos para níveis mais profundos de debate. Escrevo isso porque foi exatamente assim que me senti ao ler o livro "Não Tenho Fé Suficiente Para Ser Ateu", Norman Geisler e Frank Turek, Vida, 2012: "estou aqui, tranquilo diante de um bocado de respostas coerentes para as mais diversas alegações anticristãs, enquanto milhares de pessoas continuam desferindo os mesmos argumentos infundados e se digladiando em nome deles." Diversas partes do livro me fizeram abrir um sorriso involuntário, como resposta a uma reação de surpresa do tipo: "é tudo tão simples assim?! As respostas para a maioria dos problemas bíblicos estão mais acessíveis e são mais óbvias do que eu imaginava!" Uma dessas partes foi aquela que demonstrou, através do próprio texto de João, a quantidade de traços de um testemunho ocular presente nesse Evangelho, que seguidamente é considerado bastante tardio e fruto de um razoável desenvolvimento teológico - o material indica 59 evidências, dispostas entre as páginas 269 e 275. Não vou listar todas.

1 - A utilização dos jarros de água feitos de pedra, Jo 2:6, foi amplamente confirmada pela arqueologia.
2 - É pouco provável que o relato da transformação da água em vinho, o primeiro milagre de Jesus relatado, seja uma invenção, uma vez que a Igreja Primitiva tinha uma forte tendência ao ascetismo. Jo 2:8.
3 - A arqueologia confirmou o lugar correto do poço de Jacó. 4:6.
4 - Josefo (História da guerra judaica 2.232) confirma a existência de severa rivalidade entre os judeus e samaritanos do tempo de Cristo. 4:9.
5 - O termo "desce" descreve com precisão a topografia da Galiléia ocidental, já que existe uma queda considerável de Caná para Cafarnaum. 4:46, 49 e 51.
6 - O termo "subiu" é compatível com o aclive para Jerusalém. 5:1.
7 - A arqueologia confirmou a existência, a localização e a descrição de cinco entradas do tanque de Betesda (5:2). Escavações realizadas entre 1914 e 1938, mostraram que o relato de João sobre o tanque é perfeito - tendo sido destruído em 70 d.C., é improvável que qualquer registro que não fosse ocular apresentasse tal nível de detalhes. Quando João diz, sobre o Tanque, que ele "está" ou que ele "existe", coloca-se numa posição de testemunha de antes da sua destruição.
8 - O fato de as multidões desejarem fazer de Jesus um rei, reflete muito bem o fervor nacionalista da Israel do Século I. 6:15.
9 - Tempestades repentinas e severas são comuns no mar da Galiléia (6:18).
10 - É improvável que o autor tenha inventado o trecho no qual Cristo ordena que sua carne fosse comida e o seu sangue bebido (6:53). Apesar de ter um significado teológico claro, tal passagem causou grande desconforto.
11 - É igualmente improvável que a rejeição massiva de discípulos de Cristo em Jo 6:66 seja uma invenção.
12 - Também é improvável que a acusação de Jesus estar cheio de demônios seja uma invenção (7:20).
13 - O uso do termo "samaritano" como ofensa para Cristo demonstra o conhecimento do autor sobre a rivalidade entre judeus e samaritanos (8:48).
14 - É pouco provável que o desejo dos judeus "que haviam crido nele" de apedrejá-lo seja uma passagem fraudulenta (8:31, 59).
15 - A arqueologia confirma a existência e a localização do Tanque de Siloé (9:7).
16 - O fato de o homem curado chamar Jesus de "profeta", e não uma posição mais elevada, sugere que o incidente é uma história sem retoques (9:17).
17 - O Pórtico de Salomão, única área do Templo protegida do vento frio de inverno, que vinha do leste, para onde Jesus se encaminhou durante uma festa no inverno, é mencionado diversas vezes por Josefo (10:22-23).
18 - Três quilômetros (15 estádios), realmente é a distância entre Betânia e Jerusalém (11:18).
19 - Considerando a animosidade posterior entre judeus e cristãos, o fato de judeus terem confortado Marta e Maria dificilmente seria inventado (11:19).
20 - Os panos usados para sepultar Lázaro eram comuns em sepultamentos judaicos do Primeiro Século (11:44).
21 - A descrição da composição do Sinédrio no início do Primeiro Século é precisa (11:47).
23 - Josefo confirma que Caifás era o sumo sacerdote daquele ano (11:49).
24 - A limpeza cerimonial era comum na preparação da Páscoa (11:55).
25 - É improvável que o ato da Maria em secar os pé de Jesus com os cabelos seja uma invenção, uma vez que isso poderia facilmente ter sido visto como uma provocação sexual (12:3).
26 - A agitação de ramos de palmeira era um costume judaico comum para celebrar vitórias militares e recepcionar os governantes (12:13).
27 - É improvável que a frase "o Pai é maior do que eu" seja uma invenção, caso o autor de uma ficção desejasse produzir a divindade de Cristo (14:28).
28 - O uso da metáfora do nascimento de uma criança (16:21) é totalmente judaico - foi encontrado nos Manuscritos do Mar Morto (1QH 11:9-10).
29 - A postura padrão da oração judaica era "olhar para o céu" (17:1).
30 - É improvável que uma história inventada para sustentar a divindade de Jesus conteria uma passagem que afirma que as palavras de Cristo "vieram do Pai" (17:7-8).
31 - Nenhuma referência específica a uma passagem das Escrituras já cumprida é aludida sobre a traição de Judas - um escritor ficcional faria questão de identificar os textos do AT aos quais Jesus estava se referindo (17:12).
32 - A identificação do sogro de Caifás, Anás, sumo sacerdote entre os anos 6 e 15 d.C., está correta (18:13).
33 - A afirmação de que João conhecia o sumo sacerdote (18:15) carrega credibilidade histórica, uma vez que seria insensato da parte de um autor mentiroso expor-se dessa forma - ele poderia ser facilmente desacreditado pelas autoridades judaicas.
34 - A identificação de um parente de Malco é um detalhe que João jamais teria inventado - ele não possui nenhuma importância teológica e só poderia servir para minar a credibilidade do evangelista (18:26).
35 - Uma superfície similar ao Pavimento de Pedra foi identificada próxima da fortaleza Antônia (19:13) com marcas que podem indicar que os soldados entretinham-se ali com jogos - como no caso de tirar sortes sobre as roupas de Jesus, 19:24.
36 - A exclamação judaica "Não temos rei, senão César" (19:15) dificilmente teria sido inventada, considerando o ódio judaico pelos romanos, especialmente se João tivesse sido escrito depois do ano 70 d.C.
37 - A crucificação de Jesus (19:17-30) é corroborada por fontes não-cristãs como Josefo, Tácito, Luciano e o Talmude judaico.
38 - As vítimas de crucificação costumeiramente carregavam a própria travessa da cruz (19:17).
39 - Josefo confirma que a crucificação era uma técnica de execução que os romanos empregavam ("História da guerra judaica", 1:97; 2:305; 7:203). Um tornozelo de um homem crucificado, perfurado por um prego, foi encontrado em Jerusalém em 1968.
40 - Depois de a lança ter perfurado o lado de Jesus, jorrou aquilo que parecia ser sangue e água (19:34). Atualmente sabemos que uma pessoa crucificada pode ter uma concentração de fluídos aquosos na bolsa que envolver o coração, o pericárdio - é lógico que João não compreendia tal condição médica e não poderia ter registrado esse fenômeno se não o tivesse presenciado pessoalmente.
41 - É altamente improvável que Jose de Arimatéia (19:38), o membro do Sinédrio que ajudou a sepultar Jesus, tenha sido inventado.
42 - Josefo confirma que especiarias eram utilizadas em sepultamentos reais (19:39) - isso mostra que Nicodemos não esperava pela ressurreição de Jesus e também mostra que João não inseriu no texto conceitos cristãos posteriores.
43 - Maria Madalena, uma mulher que fora possuída por demônios (Lc 8:2), não seria inventada como a primeira testemunha do sepulcro vazio - tanto por ser mulher, quanto por sua condição anterior (20:1).
44 - O fato de Maria Madalena confundir Jesus com o jardineiro não parece ser fruto de uma invenção (20:15).
45 - O total de 153 peixes (21:11) é um dado teologicamente irrelevante, além de indicar o testemunho ocular.

"Em termos gerias, a evidência interna indica que o autor [do Evangelho de João] foi testemunha ocular dos eventos que descreve. Sobre isso, é interessante citar o veredito de Dorothy Sayers, que focalizou o assunto na perspectiva do artista criativo: 'Convém ter-se em mente que, dos quatro evangelhos, é João o único a apresentar-se como um relato direto de uma testemunha ocular. E para quem quer que esteja acostumado com o tratamento construtivo de documentos, a evidência interna confirma esse pressuposto.' (...) o falecido professor de história oriental antiga, na Universidade de Chicago, A. T. Olmstead, acredita que a história da ressurreição de Lázaro, que aparece no capítulo 11, exibe 'toda a minúcia circunstancial da testemunha ocular convicta', enquanto a narrativa do sepulcro vazio no capítulo 20 é 'narrada incontestavelmente por uma testemunha ocular - plena de vida e destituída de qualquer detalhe a que possa o cética usar para fazer uma objeção justificável'."
Fonte: Merece Confiança o Novo Testamento?, F. F. Bruce, Vida Nova, 2010, pg 64.

"E depois, João, o discípulo do Senhor, aquele que tinha recostado a cabeça ao peito dele, também publicou o seu Evangelho, quando morava em Éfeso, na Ásia", Papias, por volta de 125 d.C., citado por Irineu de Lyon. Fonte: Em Defesa de Cristo, Lee Strobel, entrevista com Craig Blomberg, Ph.D., Vida, 2011, pg 30.

Natanael Pedro Castoldi

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